A era do download e do mp3 acabou com a brincadeira das faixas escondidas, q a “era cd”, bem ou mal, trouxe.
Aquilo de, desavisadamente deixarmos um cd rolando e percebermos haver mais coisas (faixas, vinhetas, alguma tranqueira) rolando após algum silêncio posterior ao fim do “último” som. Exemplo: alguém por aqui ñ se assustou com o final (“pós-final”?) de “Chaos A.D.”, do Sepultura, repleto de risadas mezzo fantasmagóricas, mezzo emaconhadas, após “Polícia”?
Brincadeira esta q penso nos últimos tempos nem andar mais tão legal, pois ao invés de como no início as faixas escondidas revelarem apenas faixas escondidas bônus ou faixas lançadas apenas oficialmente nas versões de outros países, passou a haver predominância de versões demo desnecessárias, vinhetinhas fajutamente satânicas (confiram em “4”, do Danzig, ou em “Heretic”, do Morbid Angel, as pérolas) ou idéias q considero SIMPLESMENTE IDIOTAS, como a 13ª faixa de “My Brother the Cow”, do Mudhoney, q tão apenas consiste das 12 faixas oficiais do álbum passadas ao contrário e sem separação entre as mesmas.
Artifício claramente surgido do excesso de tempo na nova mídia de então.
Anos atrás, quando existiam locadoras de cd, peguei este “Songs In the Key Of X”, meio trilha de “Arquivo X”, pra ver qual era. Sons, alguns obscuros, de Nick Cave & the Bad Seeds, Danzig, R.E.M., Screamin’ Jay Hawkings e Sheryl Crow, entre outros artistas/bandas, ali compareciam. Bem legal.
Mas me intrigava a seguinte mensagem no topo do encarte: “NICK CAVE AND THE DIRTY THREE would like you to know that ‘0’ is also a number”. Q porra era isso?
Vim a descobrir, acidentalmente, na hora de gravar em fita o cd: simplesmente havia música escondida PARA TRÁS do 1º som. “Zero é tb um número”. Quase 11 minutos extras, incluído um remix xexelento do tema da série, mais um outro som de Nick Cave & the Bad Seeds ñ creditado, do qual jamais encontrei nome ou informação em qualquer lugar.
O q a mim desmente com força a idéia de q na internet se ENCONTRA TUDO. Mesmo?
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Muitos anos depois, me iniciei no Rammstein.
Graças a “Reise Reise”, pra mim o melhor deles. E q tb contém FAIXA PRETÉRITA escondida. Trata-se duma suposta gravação de quase 3 minutos da caixa preta do avião q caiu na cidade de Rammstein, em evento mórbido barra trágico q deu nome ã banda.
Sei lá onde encontrei – e conferi em meu cd – a informação: era alguma matéria, sei lá onde, citando faixas pretéritas bônus em cd’s, citando “Reise Reise”, o “Songs In the Key Of X” e um dum tal The Mighty Mighty Bosstones, q tvz seja até o q a minha esposa tem por aqui.
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Honestamente, ignoro haver o fenômeno nalgum outro cd. Imagino dever ter: maluquice como essa ñ pode ter passado assim batida. A quem tiver o “Reise Reise” em cd (o meu é nacional e tem), recomendo a viagem, um tanto natimorta como foi o próprio cd enquanto mídia hegemônica, mas tudo bem.
No Windows Media Player ñ rola fazer. A faixa ñ é detectada. Tem q ser em cd player, à moda antiga.
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[post originalmente cometido no falecido Exílio Rock, em 23 de Dezembro de 2010]
Aquela lista sazonal, q sai a cada 6 meses, pra espécimes em extinção como eu e alguns amigos por aqui, q ainda despendem dinheiro em cd’s e gostam de compartilhar a extravagância anacrônica.
Quem quiser incluir dvd’s, à vontade, embora o espírito da pauta seja apenas cd’s. E eu só citarei cd’s, todos adquiridos já neste mês e em novembro último.
Só ñ vale citar cd’s BAIXADOS. Apenas comprados. Ainda q em tempos de antanho (certo, FC?)
“Peixe Homem”, Madame Saatan
“It’s Alive”, Ramones [aposentando fita]
“Cérebro Magnético”/“Montreaux Jazz Ao Vivo”, Hermeto Pascoal (cd 2 em 1)
Inicio a resenha admitindo, sim, q até 5 meses atrás, quando adquiri “Nihil” e um outro álbum do KMFDM, “Näive/Hell to Go” (uma versão autorizada/editada do “Näive” original), num balcão de ofertas, tudo o q eu conhecia – e até curtia – desses alemães era o clipe de “A Drug Against War”, de razoável divulgação em tempos de Mtv musical/Fúria Metal, naquele funesto embalo de Ministry e Nine Inch Nails sendo descobertos.
A pauta se pretende curta, por isso recomendo a leitura da história detalhada da banda no All Music, onde constam as inúmeras mudanças de formação, de q permaneceram somente os integrantes originais Sascha Konietzko e En Esch. Tanto quanto a copiosa discografia de já uns 20 álbuns, quase todos laconicamente intitulados – “UAIOE”, “Money”, “Angst”, “Xtort”, “Symbols”, “Adios”, “Attak”, “Blitz”, “WTF?” (o mais recente) etc. – de capas muitíssimo afinadas esteticamente (ñ sei descrever estilo gráfico, mas aquele tipo de capa q se vê formatção ou traços e se diz “ah, capa de KMFDM…”) e as atividades de Konietzko em remixes de formações EBM, góticas e industriais mundo afora.
Pois bem: consta “Nihil” ser o 7º álbum da banda, e um dos mais acessíveis. Procede e ñ a informação. Na verdade, tudo aqui é um híbrido de Ministry, NIN, EMB, Killing Joke, farpas industriais e alguma eletronice pop.
Quando inicia “Ultra”, parecendo música eletrônica de fato, logo entra uma levada de caixa baterística (orgânica) q remete ao Ministry; no refrão, dá-lhe NIN era “The Downward Spiral”. “Juke-Joint Jezebel”, a mais pop de todas, tem início ostensivamente EBM (batida grave na cara!), até contar com cantora disco – uma certa Jennifer Ginsberg – ajudando no refrão.
Quando “Beast” soa inicialmente mais acessível, meio dub, vem uma voz feminina e montes de guitarras; “Terror”, estranhamente pesada – a mais metal, fora “Trust” – parece Killing Joke, mas menos q muito som do Prong. “Disobedience” remete ao NIN safra “Pretty Hate Machine”, daí entram uns vocais mais graves (meio góticos) e um naipe de metais nada díspar. “Revolution” soa certamente pop, graça ao refrão feminino, mas é tb pesada e com um tecladinho meio brega, tvz intencional.
Guitarras pesadas, vocais femininos mesclado a outros graves/sussurrados, batidas ostensivas, baixos seqüenciados, teclados solando, climas atmosféricos (mas ñ por tanto tempo), letras (em inglês) torturadas e de subjetividade atormentada (outra conexão óbvia com o NIN): se os sons daqui são ACESSÍVEIS – tvz sejam estejam mais pra polidos, burilados – fiquei curioso em conhecer os outros álbuns. Ou lamento ñ serem banda dos EUA: excrescências como o Barbie Manson tvz fossem abortadas antes mesmo de nascerem. O melhor tvz seja sair ouvindo som após som, e assim constatar a MISTUREBA sonora muitíssimo bem ajeitada. Ou os sons mais pesados, meus preferidos, asteriscados acima.
Curiosidades do álbum ainda: “Trust” ñ é versão de Megadeth, nem “Search & Destroy”, de Stooges (embora eu ache ver com o Annihilator do “Waking the Fury”), tampouco “Ultra” é cover de Depeche Mode. Embora a referência tb sirva: fãs da horda de Gore e Grahan dos tempos anteriores a “Songs Of Faith And Devotion” poderão se lambuzar com “Nihil”. Músico estranhamente participante: Bill Rieflin, ex-baterista de PIL e Ministry, e recentemente participante do recém-dissolvido R.E.M. (!!!), toca bateria em “Ultra”, “Flesh” e “Disobedience”.
E por fim: KMFDM significa “Kein Mitleid Für Die Mehrheit“, q em inglês significa “No Pity For the Majority“, q em português poderia significar “Prefiro Ñ Ir ao Show da Pitty“, mas nem é isso. Sendo algo como “Sem Perdão Para a Maioria” – algum tipo de humor tipicamente germânico??
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CATA PIOLHO CXCIX – jogo de 7 erros capísticos.
Influência assumida e descarada, só ñ precisavam ser tanto assim…