CLAUSTROFOBIA
A coisa é bem fácil de resumir, e acho q consigo num parágrafo:
Uma hora e 20 minutos de pauladas, sem dó nem descanso – nem baladas – com a banda ostentando produção e som de show gringo. Repertório contendo sons de todos os álbuns, ainda uma versão de “Ace Of Spades” pra mim desnecessária, e um público cúmplice como poucas vezes vi. A banda de abertura (Aneurose), a mim desconhecida, mostrou serviço – embora ñ tanto uma cara própria – e teve um som tb impecável, dando pra ouvir tudo.
Assim.
Mas lanço a pauta pra especular o seguinte: por q é q parece q o Claustofobia ñ emplaca de vez?
Já merecem, há tempos, degraus maiores na Cadeia Alimentar do metal brasileiro. Até pq ñ fazem “metal nacional”. Com o álbum recente (“Download Hatred”), tudo parece conspirar a favor. No entanto, o show do último sábado, com ótima e antecipada divulgação, ótimos e veneráveis preços (R$ 30 antecipado, R$ 40 na porta e R$ 70 o camarote), numa casa decente e de fácil localização, numa noite agradável… ñ lotou.
Ainda q tenha enchido mais o lugar q as 30 ou 40 pessoas q se contavam na vez do Aneurose.
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A resposta mais óbvia, q eu e o amigo Leo Musumeci chegamos à conclusão, é de estar faltando um maior traquejo na agenda. Por exemplo: poucos dias atrás, a banda tocou pela Grande São Paulo (São Caetano, Embu das Artes e Guarulhos), o q certamente esvaziou o evento na Clash: muita gente deixou de ir pq já os tinha visto. Embora seja meritório q estejam com agenda carregada e com sangue nos óio de sair tocando, parece faltar um pouco de equilíbrio nesse sentido.
A outra, mais simples, e q tvz ñ agrade a entusiastas sem noção por “bandas autorais” ou “bandas nacionais”, é a de q provavelmente o Claustrofobia ñ agrada tanto a tanta gente.
Tvz por terem insistido demais no tal “metal malóka”, ou por ñ serem das “panelas consagradas”, ou ainda por ñ cortarem de vez o cordão umbilical com Andreas Beijador (q lá ñ esteve) ou ficarem no meio dum “fogo cruzado” entre as partes sepultúricas (o vocalista Marcus participou recentemente de apresentação do Cavalera Conspiracy). Ou por qualquer outra razão adjunta e adversa. Ou ainda por nada disso.
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De qualquer modo, pra voltar à apresentação, o q vi – mesmo o som ñ estando tão foda como foi na abertura pro Exodus, em 2012 – foi um show gringo feito por banda brasileira. Os cabras tinindo de entrosados e ensaiados (ainda q eu ñ tenha ido muito com o estilo do guitarrista novo) e, sobretudo, com o vocalista se mostrando uma EVOLUÇÃO de Max Cavalera.
É óbvio e por ele mesmo admitido o Max como referência e influência, o q se vê – bisonhamente – no visual do sujeito hoje em dia, incluso. Mais atarracado e desenvolto no palco, carismático e engraçado sem apelar. Figuraça. Só q tb mandando muito bem no gutural e na guitarra, com 6 cordas e ocasionais solos. Pra mim, o destaque da noite.
Seguido de perto pelo irmão baterista Caio, técnico sem perder a ternura (ops!) e com noção de grooves e de tempos bastante madura; mesmo quando ataca uns blasts, já ñ soa mais como o moleque de anos atrás tentando mostrar q sabia tocar rápido pra caralho (vai ver, resolveu deixar isso prum Max outro… o do Krisiun ahah).
A banda já tem história – “Download Hatred” é já o 6º disco – e condições melhores q de muita banda metida a profissional por aí. Vejo parte significativa do público q os acompanha tendo a mesma disposição q os fãs das antigas de Sepultura: gente com apreço sentimental, de os ver desde o início em Leme, aquela coisa meio conhecida por aqui.
E torço pra q prosperem ainda mais. E q lotem os shows (cada vez mais).