30 ANOS DEPOIS…
… o q ficou?
… o q ficou?
TOP 10 BANDAS/ARTISTAS COM MAIS COLETÂNEAS Q DISCOS LANÇADOS:
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WhatsAppin‘: curti https://www.goldminemag.com/music-history/top-20-smartest-band-personnel-decisions-ranked
Nostalgia? Spotify faz isso? Alguém se importa?
Longo, mas foda https://www.loudersound.com/features/frank-zappa-1960s-feature
por Leo Musumeci*
Ir a um show do Mötley Crüe e Def Leppard com abertura do Edu Falaschi não é exatamente o programa que colegas me imaginariam fazendo.
E não que eu seja tr00. Quem já conversou comigo sobre música, mesmo que seja uma única vez, atesta isso. Simplesmente, nunca ouvi e não é a minha.
Mas estava com minha esposa e isso, por si, é motivo mais que suficiente pra qualquer rolê.
Entramos 19:40 no estádio.
Felizmente, deu tempo de perder o Falaschi.
E já ouvíamos a banda nas imediações enquanto buscávamos o portão de entrada. Mötley Crüe já estava no palco. Aparentemente começaram pontualmente, às 19:30. Fica a dica pro Axl.
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Aliás, adendo: o Allianz Parque é excelente para shows! Falo isso como são-paulino e arquiteto (portanto, grande fã do Morumbi de Vilanova Artigas).
Infraestrutura e organização muito boas. Preços altos, mas não constrangedores ($38 um cheeseburger vegetariano e $14 uma lata de cerveja). Muita gente trabalhando.
Cadeiras com altura razoável entre elas, que permitem com alguma sorte que você assista sentado mesmo com alguém em pé à frente. Infra nova e bem cuidada. E, do lado de fora, tb tudo certo. Ruas interditadas corretamente, sem exagero, sinalização inclusive no app do Google Maps avisando os desvios e, mesmo na rua do estádio, o som não é alto – isso porque, lá dentro, me arrependi de não ter levado o fone de ouvido. Como alguém que trabalha com impactos urbanos, um ponto importantíssimo.
Sobre a estrutura de palco, achei grande demais.
Não sei se sou eu que estou desacostumado a show em estádio, mas ficou desproporcional. O Def Leppard ainda “encurtou” o palco colocando um palco adicional para bateria, que reduziu a profundidade e deu uma amenizada na altura – embora a estrutura em si do palco ainda fosse muito alta. Mötley Crüe, em “Girls, girls, girls” colocou duas estátuas gigantes de mulheres pra tentar ocupar, mas já era fim de show.
Isso é uma coisa que bandas escoladas já deveriam sacar: um show desses precisa de um palco com cenografia, diferentes alturas, tipo Iron Maiden, Judas Priest e etc.
Mas a estrutura de iluminação foi a melhor que já vi. Lasers a rodo e muito bom.
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Quanto ao público: casa bem vazia.
Não vendeu o suficiente nem fazendo promoção de 2 por 1.
Para ser justo: o setor mais cheio era a pista premium. Seguido da pista. As cadeiras tinham setores fechados para concentrar o público em locais específicos e os camarotes estavam bem vazios. Podem até tentar colocar na conta do dia (terça-feira), mas a verdade é que a turnê cancelou shows em outras cidades por falta de público. De toda forma, por um lado, uma porção de fãs fanática. Num nível hard, com o perdão do trocadilho. Por outro, uma galera mais velha, até com filhos, que sabia os sons, curtia, mais light. E muito mais gente com camisa do Def Leppard.
Sobre os shows: Mötley Crüe foi bem ruim (ponderem que já não gosto).
Som péssimo no começo, que foi “arrumado” depois da quinta música e “só” ficou ruim. Muito alto, desbalanceado e bem inadequado para o vocal de Vince Neil.
Musicalmente, nada de mais. Nunca foi. Com o Vince Neil, particularmente ruim. Sempre foi. O guitarrista, por motivos de saúde, não veio. Trouxeram um ex-guitarrista do Marylin Manson (e Joe Satriani e Steve Vai). Não é mau músico. Longe disso. Embora nem precisasse de grandes virtudes. Mas eu apostaria em alguém mais jovem, que segurasse um pouco mais a onda do show dos sessentões, assim como Sacha Gerstner no Helloween.
Aliás, pra uma banda que construiu carreira apostando no estereótipo de sex symbol, poderiam ter se cuidado muito mais. O melhorzinho ali é Tommy Lee, que parece pai dos caras do Blink-182. Mas está muito melhor que Nikki Sixx, que parece avô dos caras do Restart. Que, por sua vez, ainda está muito melhor que Vince Neil, a quem vou poupar os comentários.
Aliás outro: a prova de que sabem que não estão bem é que toda vez que aparece nos telões, são colocados efeitos especiais de alta saturação pra dar uma força estética. E que, no telão, aparecem mais as duas dançarinas (e backing vocals, embora o som não me permitisse atestar se estavam cantando mesmo) que a própria banda. Sim. Só duas.
No mais, palco baixo, que deixa a banda meio perdida. Interação ok. E sonho realizado de quem estava ali pra ver os caras independente do que entregassem. A quem, como eu, não tem simpatia, foi jogo duríssimo.
Quanto ao Def Leppard, já tinha visto no mesmo Allianz, com o Aerosmith em 2017 (na oportunidade, eram banda de abertura e o estádio estava muito mais cheio).
Assistir depois do Mötley Crüe é um alívio, porque os caras são profissionais.
Goste você ou não do som, os caras entregam: boa execução, som equilibrado, repertório de clássicos ao CD novo, músicos em forma (que o diga Phil Collen!), palco bem montado, um trabalho de visual no telão muito bom… E Rick Allen como atração à parte – inclusive, no solo de bateria que, em geral, acho chatíssimo, mas que fica legal pela história do cara.
Show bom é assim: sem reparos.
Para voltar à arquitetura, um grande arquiteto brasileiro chamado Eduardo de Almeida disse: “o melhor detalhe é aquele que não se vê.”
*está me devendo um eletroencefalograma ahahah
Eu juro q li Miley Cyrus ali em vermelho ahahah
(e ñ consigo desver: toda hora q olho,vejo)
E é aquilo: quantas voltas o Mütley Cü já fez? Se a Convenção de Genebra limita um total, já estão no crime inanfiançável, hediondo.
E o guitarrista morto-vivo (q ñ morre) já avisou q ñ vem. Botaram o ex-Rob Zombie numerológico (John 5) no lugar. Tem apelo?
E o Def Leppra, da última q vi (na tv), tava tanto backing track q acho q o vocal nem sabe ligar o microfone mais. Afinação baixa tornando os sons irreconhecíveis.
Mas vai quem quer. E quem toma usa busão de graça, paga meia?
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Pra vir em março, sério risco de alguém morrer antes, hum?
Exigências de palco e camarim, imagino as seguintes:
Hoje a história é sobre donos de bar sem noção.
Iron Underground (tr00 o suficiente?), em Guarulhos. Dono se auto-intitulava “Lobo” (e acho q, fora Bruno, nos era o 2º nome de dono de bar mais freqüente) e tinha uma namorada, meio sócia meio tiete (ñ lembro o nome dela), bastante patricinha.
Patricinha roqueira.
Cabe um acréscimo: pessoalmente Guarulhos nunca me desceu. Com o No Class (três vezes) e com outra banda anterior (Lethal), nunca foi bom pra mim. Shows ruins e mal organizados, lugares precários, gente caloteira (num certo Território Custom, em 2012, tomamos o ÚNICO calote na história da banda), outras bandas picaretas. Enfim.
Pra piorar, acho ruim de chegar. É perto daqui da capital, mas totalmente fora de mão. Monte de ruas estranhas, sem pontos de referência razoáveis. Enfim, parte II.
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Ñ lembro como soubemos, nem como fomos convidados.
Provavelmente devido ao Napster, o Metallica Cover com quem andávamos tocando muito (e prodigiosos em arrumar lugar ruim) e depois viraríamos joint-venture (juntamos ambas as bandas na mesma formação e fizemos meio q uns 10 shows com a gente abrindo pra gente mesmo). (E depois, a gente mesmo fechando).
O lugar era novo, foi em 18 de Agosto de 2006, e era basicamente um porão todo recém-pintado (de branco), numa casa térrea numa avenida ali meio principal. Vizinho a uma IURD. Promissor.
No Class primeiro, Napster fechando (Metallica sempre teve mais apelo). Pro casal dono e mais uns 3 presentes. Q curtiram de verdade, a despeito do climão constrangedor, quebrado pela promessa do Lobo de “numa próxima vez” ser melhor e pelo “momento Mötley Crüe“ acontecido.
O tal Lobo simplesmente pirou com as duas bandas e, pegajosamente já se achando melhor amigo da gente, fez questão de pôr uma cadeira no meio da pista (vazia, depois dos shows) pra q cada um de nós 7 sentasse nela e ele nos desse vodca na boca.
Girls girls girls. Vergonha alheia demais. Imagina na Copa.
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Fui o único a ñ participar. Fiquei atrás da bateria mesmo, justificando q a estava desmontando (acho q tinha levado a minha, mas ñ lembro) e q iria dirigir na volta, um fato. Mas até o Cássio e o Edinho, normalmente comedidos e sensatos, participaram da pataquada.
Galera do Napster se jogou de cabeça e ficaram por lá até passar a brisa e poderem voltar de carro pra São Paulo. Fiquei sabendo por eles depois q a paty tinha feito um barraco com o Lobo, por algum motivo tonto, e ameaçado tirar a roupa ali na frente de todo mundo.
Pode ser (fuçando o Orkut do casal, eram realmente muito playboys; a guria tinha fotos fazendo snowboard na Nova Zelândia), mas pode ser q a galera tenha ficado muito bêbada.
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De qualquer modo, zero lição aprendida com a roubada.
Acreditando piamente “na próxima vez” melhor, voltamos – No Class e Napster – ao local no mês seguinte, em 2 de Setembro. E desta vez, realmente pra ninguém. Só Lobo e namorada. Fazendo caras e bocas e encenando ligar dos celulares pra chamar “mais público”. Aham.
Do q eu lembro ainda, ñ ganhamos cachê. Em nenhuma vez.
Do q eu soube, o “bar” ñ durou mais um mês.
versus
Joel McIver, prolífico escritor/biógrafo roqueiro, assina o release em “Greate$t Hit$” (2003):
“It’s simple. There is no other banda like Mötley Crüe.
If you’ve ever grabbed a tennis racket and played a bedroom riff, or if you’ve ever wondered what it would be like to cruise down Sunset Strip just as the bars were opening, then the original soundtrack to those particular fantasies can be found here. Switch on, sit back and feel the years fall away.
After seven huge-selling albums (Too Fast For Love, Shout At the Devil, Theatre Of Pain, Girls Girls Girls, Dr. Feelgood, Mötley Crüe and Generation Swine), Mötley Crüe decided to release a greatest-hits package in 1998. A glittering row of Crüe moments, the album was a trawl through the fastest, most unpredictable career ride of all: savour the death chic of ‘Kickstart My Heart’, written by bassist Nikki Sixx after a heroin overdos left him clinically dead: the epic layers of ‘Home Sweet Home’: the down’n’dirty grind of ‘Smokin’ In the Boys Room’: and the classic old-school anthem of ‘Too Fast For Love’.
And just for the fans, Mötley added two new songs, ‘Bitter Pill’ and ‘Enslaved’. The latter is an aspect of Crüe you don’t normally see: drummer Tommy Lee’s thoughtful side (he wrote the song after a jail stretch for his hole in yet another fight with his wife, Pamela Anderson Lee).
Like I said, threre is no other band like Mötley Crüe. Just accept it“.
… o q ficou?
A história hoje é sobre técnicos de som.
Existem muitas reclamações sobre técnicos de som incompetentes, ou q ñ deixam ninguém mais mexer no próprio equipamento, mas honestamente ñ lembro de nenhum caso ou situação. Assim gritante.
Escolhi lembrar hoje do povo abnegado q às vezes pilota a mesa de som num evento. Gente q leva muito a sério o q faz, tenta fazer o seu melhor, certamente ganha lá uma graninha suada… e q 90% das bandas nem olha, agradece ou troca idéia. Antes, durante ou depois.
A história é sobre um evento ocorrido em Jundiaí, nossa primeira ida a Jundiaí (anterior ao fiasco descrito 2 meses atrás, em “Born to Lose”) e segunda ida ao interior com o No Class, em nosso 40º show.
***
Mas divago antes sobre um show q fizemos, único, em Americana, num lugar q era meio q uma casa de engenho antiga, ao lado duma fábrica de papel, q a fumaça e a iluminação ostensiva, ainda q distante, deram todo um “clima Blade Runner” àquela noite.
Só aquele visual valeu a noite e a viagem.
Foi um show de nossa “MK IV” (tivemos 5 formações no No Class) e minha única experiência alucinógena q tive tocando, sem aditivação prévia: eu senti, durante a “Overkill”, estar LEVITANDO no ar. JUNTO COM A BATERIA. (Chupa, Tommy Lee!) Em q o técnico de som foi um dos personagens mais figuras q vimos.
Era aquele tiozão tipicamente anos 70, q desde antes de tocarmos (éramos só nós naquela noite) já nos falava da “cápsula nova” q havia comprado, da expectativa q estava de fazer um bom som, essas coisas. Passamos o som, tocamos, levitei, galera curtiu bastante, e o resto da noite foi permeado pelo sujeito – chamemos de Sérgio (pq ñ lembro o nome dele) – bebaço e em júbilo, comemorando o baita som q tinha conseguido proporcionar ao evento.
Até a hora de sairmos fora, estava conversando e dividindo conosco a glória da noite. Numa boa, meio mala, mas muito sincero e comovente.
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Voltando a Jundiaí: 16 de Julho de 2005. Local: The Wave, um ex puteiro desativado, tornado bar de rock. Ñ duraria muito (parece), e naquela noite ainda ñ haviam tirado o poste de pole dance do palco com extensão. Aquele palco de puteiro de clipe do Mötley Crüe, se é q ñ deu pra visualizar.
O promotor, chamado Geléia (quantos “Geléias” ñ conheci fazendo eventos?), fez tudo direitinho, inclusive no fim, acertando o cachê legal. E tal. E nos colocou como headliners, na provavelmente única vez em q sermos headliner Ñ FOI ROUBADA.
Pessoal no interior, em média, pode até estar cansado do rolê, e das trocentas bandas q rolaram antes (eram Buzz Buzzard, After Six, Flaming Moe, Shotgun Blast e nós), mas fica até o fim e só sai fora após a última nota.
Ou costumava ser assim. E assim tb foi.
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Detalhe perverso: uma das bandas anteriores, q sei q ñ os stoners Flaming Moe, era uma banda de emocore (era a moda) q entrou na escalação literalmente NO DIA, por conta do pai de dum deles ter dado um checão pro Geléia. Algo q o cara da mesa de som comentou com a gente, sem malícia.
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Esse cara da mesa, chamemos Bruno (tb ñ me recordo o nome) foi bem gente boa desde o início com a gente. Chegamos cedo, ninguém estava lá – nem o Geléia – mas ele já. E era uma ética nossa, sem bajulação, a de cumprimentar, agradecer no fim e saber o nome do técnico de som, para eventualmente até dedicar algum som ao fulano durante o show. Anunciando no microfone e tudo.
O cara era tão dedicado q, bem antes de entrarmos (na 2ª ou 3ª banda) veio me perguntar “q tipo de som eu queria no bumbo”. Se eu queria um “som de kick” ou ñ. Vixe.
Respondi q queria um “som de kick” e segue o jogo. Tocamos, foi muito foda, e durante a apresentação – tvz em “Going to Brazil” ou na “Killed By Death” – o Edinho foi ao microfone e dedicou: “ó, a próxima música a gente dedica pro Bruno”. Dito assim, apenas e tão somente.
O fim da noite, concluindo, envolveu a gente desmontar as coisas, o Geléia dar a geral no lugar, galera indo embora… e esse Bruno vir, aos prantos, nos abraçar e agradecer como nunca vimos antes. Nem nunca mais.
Agradecendo q a gente o havia agradecido no microfone, e dedicado um som a ele. Frase da noite: “ninguém nunca me dedicou uma música antes”.
Q demais.
por märZ
Um assunto que talvez já tenha sido brevemente pincelado por aqui: machismo e misoginia nas letras de rock, hard e metal em geral.
Minha reflexão que culminou na idéia de abordar o tema começou com um cd do Raul Seixas que comprei semana passada, “Abre-te Sésamo” (1980), e mais especificamente, a canção “Rock das ‘Aranha'”. Minha namorada, bem mais jovem do que eu, estava aqui em casa e coloquei o cd pra tocar; quando chegou na referida canção, ela se virou pra mim com olhar grave e mandou:
“é sério, isso?”
Todo homem já recebeu esse olhar congelante de uma namorada, parceira, esposa e sabe o que vem em seguida: tentativas patéticas de explicar o quase inexplicável, atropelando palavras e conceitos.
***
O fato é que, se eu ouvia e cantava essa música do Raul a plenos pulmões e com um sorriso na cara aos 19, hoje aos 50 fico com vergonha alheia por ele, e ainda mais das pessoas à minha volta. O mundo mudou? Eu mudei? Estou velho, careta, me transformei em um dos coroas de quem, quando jovem, adorava tripudiar e criticar?
Complementando, ontem inventei de ouvir o álbum de estréia dos Raimundos, que não escutava há uns bons 10 anos. O sentimento foi parecido ao “episódio Raul“, ainda que estivesse sozinho em casa com meus gatos. Novamente: mudou, mudei?
Me lembrei então de um artigo de revista gringa com Robert Plant, à época do lançamento da versão remasterizada tripla do ao vivo “The Song Remains the Same”, onde Plant descreve ter pedido ao produtor que retirasse certos trechos de diálogos seus com a platéia, e até mesmo partes das canções onde o teor de suas palavras tinha cunho misógino, por hoje se sentir envergonhado por tê-los dito. O produtor então explicou que seria um erro fazê-lo, pois o público do Zeppelin está bem familiarizado com eles e espera ouvi-los ao adquirir o material. Apagá-los agora seria trapaça e geraria mais controvérsia do que o contrário.
E assim ficou.
E o que não dizer de algumas (muitas?) letras de artistas com Bon Jovi, Whitesnake (as letras de Coverdale costumam ser embaraçosas), Rolling Stones, os óbvios Mötley Crüe e Poison, e tantos outros que não chegaram a atingir o mainstream?
O raciocínio que estou querendo gerar é: está tudo realmente mudando ou continua o mesmo, e nós é que adquirimos um ponto de vista diferente? Ou nada disso?