Release enfático/entusiasmado – e num inglês meio precário? – em “Infernal Eternal” (2000):
“MARDUK – the name which over the years has made itself well known to be synonymous with high performance and utter brutality.
Through numerous releases and constant touring the band has through blood and sweat been victorious on the batterfield, always with a die hard attitude strictly determined not to compromisse in any ‘mainstream’ direction to destroy the unique sound the band treated over the years displaying dark satanic blasphemy and bloodfreezing fury on such a dedicated level that the likes among mortals is a hard find.
This release is dedicated to all you demons out there that have been with us the first ten years.
Me deram de presente uma assinatura do tal Spotify. “Tem tudo com somente 2 cliques!” – me disseram, entusiasmados. Aceitei, testei, realmente é uma mão na roda (se você não se importa em ouvir música via celular) e me acompanhou numa recente viagem à Bahia. Me fez refletir também em como as coisas mudaram desde que comecei a ouvir música a sério, como fã de “rock pauleira”.
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Havia muito pouco disponível em 1985. Desse pouco, menos ainda chegava na minha pequena cidade. E desse pouquinho, tínhamos acesso a menos ainda. LPs eram caros, conhecia raríssimos fãs desse tipo de música e qualquer coisa que chegava aos meus ouvidos era ouro. Mesmo se fosse porcaria.
Ficava namorando as capas de discos na loja, deslumbrado com a arte. Ozzy, Dio, Maiden, Whitesnake, AC/DC, Kiss. Era fascinante, era perigoso, era… quase proibido. Não era bem visto pela sociedade majoritariamente católica conservadora da época. Nossas mães odiavam, o que aumentava ainda mais a vontade de ter e ouvir. Mas eu nem toca-discos tinha, somente um 2×1 portátil onde ouvia as duas rádios FMs locais e gravava fitas toscas sempre que rolava alguma música legal na programação. Invariavelmente, perdia o começo de todas. E foi nele que passei muito tempo ouvindo as fitas que gravava de amigos. De LPs ou outras fitas, que eram reproduzidas dezenas de vezes, e mal se ouvia o que estava tocando.
“Esse é o Dio“, “Sério? Tem certeza que não é o Ozzy?”
Alguém tinha alguma fita com “Piece Of Mind”, outro ganhou o LP “Powerage” de aniversário – “pode me emprestar pra eu gravar na casa do tio de um amigo?”. Já outro tinha “um rockão, cara, você vai pirar!”. Era Ted Nugent. Gravava tudo que colocava as mãos. Se alguém dizia que tinha um amigo no bairro tal que comprou o “Kiss da capa azul”, você perguntava o nome e que ônibus pegar até lá. Saía de casa num sábado antes do almoço, pegava 2 ônibus pro tal bairro, subia um morro, passava a caixa d’água municipal e ia perguntando: “você conhece um tal Vitor que mora por aqui?”… até achar o cara.
Batia a porta, se apresentava e explicava. “Sim, tenho um disco do Kiss, mas não empresto nem gravo porque meu cabeçote tá fudido”. Voltava pra casa de mãos vazias. Quantas vezes passei por algo parecido…
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E havia o tal Metallica, de quem ouvíamos falar o tempo todo, mas ninguém tinha ouvido, muito menos tinha algo físico. Todo novo amigo metaleiro que fazia já perguntava: “já ouviu Metallica?”. A resposta era sempre negativa. Tinha gente que pensava que era banda brasileira, por causa do nome com grafia e fonética meio latina. Demorou um tempão até conseguir ouvir algo deles. Um amigo de um amigo de um amigo veio dos States e trouxe uma coletânea caseira em fita, sem capinha, sem nomes de bandas ou músicas. “Ele falou que tem duas músicas do Metallica aqui!”. Ouvimos com atenção e aparentemente as identificamos, pela descrição que líamos na revista Metal.
“Porra, som massa! Metallica é foda!”
Aconteceu que as duas músicas que ouvimos por meses achando que era Metallica, na verdade era English Dogs. “Fight Fire With Fire” e “Ride the Lightning” passaram batidas aos nossos inexperientes ouvidos metálicos.
O começo foi assim, depois foi aos poucos mudando. Mais discos foram lançados no mercado brasileiro, mais fãs foram aparecendo, o metal ficou popular por aqui. Era difícil mas era legal. Bons tempos aqueles, em que eu tinha 8 ou 10 álbuns gravados em fitas cassete e ouvia a mesma coisa, over and over, até literalmente gastar (ou arrebentar) as fitas.
“Minha fita do ‘Metal Heart’ já era, me empresta a sua pra eu gravar de novo?”
Foi um longo caminho até os modernos “2 cliques”, mas fico feliz de ter testemunhado tudo de perto.
1º som: por nunca ter ouvido nada antes de pegar o 1º disco, “Oblivon”
1º álbum: “Crack the Skye”, comprado na Galeriado Rock usado a uns 10 reais, há uns 5 anos (quando foi q vieram ao Rock In Rio? Foi antes), de tanto falarem (aqui tb) da banda
A real é q comprei ainda o “The Hunter” (gostei mais) seguinte e nunca achei nada demais. Nunca entendi a revelação nem a renovação embutidas, ou supostas. Legal, ok, mas nada demais.
Seria o Mastodon um “Machine Head Universitário”? Ahahah
Alento em tempos de “metal isentão” no Brasil: saiu o Surra novo.
“Escorrendo Pelo Ralo”. 30 minutos, 17 músicas, plataformas digitais, entrevistas on line. Longe do lançamento físico consagrado fetichista obsoleto e q ninguém compra.
Letras bacanas. Contundentes. Tem no Metal Archieves. Ainda estou a absorver.
E o Torture Squad q sucumba no sub-chão caquético das bandas q “ainda dá”.
Phil Spector legou ao mundo a inexorável máxima: “Você sempre pode voltar, mas tem que voltar melhor. Se volta pior, ou mesmo igual ao que era antes, você está morto”.
E o ponto é exatamente esse, q tentarei descrever de modo comedido. Afinal, vivemos tempos em q os caras do Mutilator poderão alcançar esta resenha.
Ñ foi um mau show, mas foi decepcionante. Os caras querem voltar, mas precisam ajeitar melhor as arestas. Ñ vimos um show amador de banda de garagem, nada disso. Mas a mim deixaram a desejar.
Chegamos, eu e a namorada, quase 3 horas antes no Sesc. Deu pra ouvir a banda passando o som. Estava alto e foda.
Na hora do show… só o guitarrista da esquerda, vocal e baixo estavam audíveis. Bateria ñ estava, mas ñ por culpa do som: faltou rimshot. No q redundava um som embolado, mesmo quando melhorou (dando pra ouvir o guitarrista da direita) do meio pro fim.
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Da formação antiga, clássica – “Warfare Noise” e “Immortal Force” – só estavam os irmãos Neves, baixista (Ricardo) e baterista (Rodrigo). Q ñ gravaram “Into the Strange”. Os outros, exceto o vocal, tudo gente mais velha tb, mas nova na banda. E um vocalista bom, mas sem presença de palco, anticlimático.
A ponto do baixista fazer as vezes de falar, agradecer e mandar chavões (“São Paulo é a capital do metal nacional” etc.). Ainda personalizando: o guitarrista da esquerda solava sozinho, mas aquela solaiada arpejada modo Malmsteen. Em quase todos os sons. Cansava. Pra piorar: em hora em q a banda resolveu arrumar o som no palco, liberaram do cara solar.
Ficou arpegiando insuportavelmente por um tempo q pareceram 10 minutos. E ñ foram. Pq ao fim do show, rolado já o primeiro som do bis, vi q tinha passado só UMA HORA de som. Já assisti show de 3 horas q durou menos.
O público ñ hostilizou, mas tb ñ ovacionou. Houve respeito à História da banda, ao nome construído, no q aproveito para perguntar: existirá melhor público no metal q o público brasileiro?
Em suma: precisam ensaiar mais. Baixista em algumas músicas orientava o baterista e a hora certa do guitarrista solo entrar. Algumas músicas, ñ lembro quais, pareciam parar no meio, sem saber se continuavam. No bis, faltou repertório: repetiram as duas primeiras músicas!
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Uma pena. O Mutilator ñ nos enganou, nada disso. Mas pra voltar pra valer (ñ parecem estar desovando disco novo, tampouco conferi outras datas anteriores ou próximas) reitero achar q precisam ensaiar mais, aparar arestas, domar o guitarrista solo (os melhores sons foram, disparados, os q ele solou menos), formatar repertório maior e encontrarem algo a dizer.
Mesmo no papo furado entre os sons.
Tvz estivessem num dia ruim, tvz eu esteja acostumado com os (altos) níveis Krisiun e Claustrofobia de shows brasucas. Tvz seja essa a proposta mesmo, e eu ñ curti. Mas menos mal mesmo q custou só 20 contos.