“Abandoned Places”, Henk van Rensbergen, 2013, 160 pp., Lannoo
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O autor é belga e piloto de Boeing 787, o q lhe permitiu aprimorar um hobby fotográfico de longa data: buscar lugares abandonados (ñ é o mesmo q “desertos”) pelo mundo e fotografá-los, inicialmente para um site próprio chamado ‘industrial art’, posteriormente para fazer carreira desse tipo de registro, o q inclui seguidores, imitadores e até um estilo consolidado.
Desconheço realmente se Rensbergen foi o primeiro a fazê-lo: seus relatos pessoais, em prefácio, epílogo e casos envolvendo algumas locações e percalços são exatamente pessoais, sem pretensões de isenção ou coisa assim. E tanto faz, na verdade.
O livro em questão é uma coletânea de outros ‘abandoned places’ lançados pela mesma editora, e em versões ‘1’, ‘2’, ‘3’ e ‘melhores momentos’. E oferecem um tema q é de meu interesse, tvz mórbido, o q a capa entrega de imediato. Aliás, a foto em questão parece algo ártico, mas é no litoral da Flórida.
Ñ q eu tenha nascido com fascínio por fotos de lugares abandonados, ou tenha adquirido gosto em algum momento da minha vida por isso especificamente (nem imaginava se tratar dum segmento em fotografia), mas tenho apreço por distopias, filmes de cenários futuristas esvaziados/apocalípticos, coisas assim.
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E o q o livro entrega é tudo isso: viagens pelo mundo (mais pelo mundo civilizado; p.ex., nada de África) retratando construções outrora úteis, imponentes ou significativas totalmente abandonadas, tantas vezes sem uma razão específica. Apenas abandonadas, tornadas obsoletas, esquecidas quase q por completo.
E ñ por serem ruínas ou destroços: shopping center em Nova Jérsei, monumento comunista inóspito na Bulgária, motel, bar retrô setentista – com mecanismo ainda funcionando quando das fotos – e parque de diversões no Japão (fotos noturnas, coisa de filme de terror b), castelo europeu do século XVIII, fábricas imponentes, teatros, hospitais, bancos, igrejas, q tantas vezes sugerem uma reforma para voltarem a ter utilidade, função. Fantasmagorias urbanas. Construções às vezes intactas, apenas deixadas pra lá.
Sem o tal do ser humano. Fotos ñ óbvias: ruínas sugeririam destruição e impactam menos; abandono sugere descaso, desdém. Causam dúvidas, geram espanto. Parecem aquela nota desafinada no meio dum solo, ou aquela banda q propõe algo diferente q demora a assimilarmos. Por isso chocam. Por isso curti.
O título do post, acima, alude a como o autor denomina esse seu trabalho, dentro duma certa ética: entrar nos lugares sem invadir, apenas tirando as fotos e deixando pegadas pra trás. Mais um dos tantos livros q trouxe de Londres e q valeram muito a pena. E q recomendo.
CATA PIOLHO CCLXII – fotógrafo conhecido é o holandês Anton Corbijn, de colaborações com Depeche Mode, U2, Metallica fases “Load/Reload/S & M”, entre outros. Colaborações muitas vezes instantânea e imediatamente reconhecidas.
A dúvida abaixo, citando duas capas específicas, seria: estilo ou auto-plágio envolvido?
“Stoosh”, Skunk Anansie, 1996, One Little Indian/Virgin
sons: YES, IT’S FUCKING POLITICAL / ALL I WANT / SHE’S MY HEROINE / INFIDELITY (ONLY YOU) / HEDONISM (JUST BECAUSE YOU FEEL GOOD) / TWISTED (EVERYDAY HURTS) / WE LOVE YOUR APATHY / BRAZEN (WEEP) / PICKIN ON ME / MILK IS MY SUGAR / GLORIOUS POP SONG
A trilha sonora de “Strange Days” (lançado cá em 1995 como “Estranhos Prazeres”), filme distópico sobre a virada do milênio (ainda q virada de 1999 pra 2000…) é uma q comprei pela oferta e pela versão de “Strange Days” (The Doors) com o “Prong featuring Ray Manzarek”. O q me arrebatou nela foram “Selling Jesus” e “Feed”, com o Skunk Anansie. Melhores (pra mim) e mais pesados (de fato) sons do disco.
Chega 2000 e o Chefe Tony Iommi lança “Iommi”, com Skin (vocalista) participando de “Meat”, meu som preferido na bagaça. Liguei antena e, encontrando este “Stoosh” num sebo anos mais tarde, fui sem medo.
O Skunk Anansie me enganou. Como enganaria qualquer um q trilhasse mesmo caminho ao meu: “Stoosh” tem sons pesados e ótimos momentos, mas passa ao largo do PESO e da categoria dos sons avulsos acima listados.
Inflência sabbáthica ñ deixaram de apresentar; no entanto, mais q algum heavy metal alternativo noventista, o material entrega um rock alternativo mais pesado. Sendo ingleses, ficaram fora do balaio britpop, e globalmente ñ se encaixaram no pós-grunge. Numa comparação tvz imprópria, ficariam mais próximos dum Therapy? mais sofisticado q de um stoner metal mais apropriado. Sem soar pejorativo: na verdade a banda tem uma pegada própria, como pude sacar ao tb adquirir o álbum seguinte, “Post Orgasmic Chill” (1999).
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Outra aproximação vã me ocorre: é como fossem uma “PJ Harveymetal“, muitíssimo bem produzidos e assessorados, inclusive em usos de órgão Hammond (em “Glorious Pop Song”), cordas (cortesia de Martin McCarrick então no… Therapy?), ruídos, loops e programações sutis. Nesse sentido, lamento ñ terem sido banda estadunidense, ou teriam vingado, devido ao peso considerável, à raiva embutida (mas ñ embotada) e à personagem Skin, uma negona alta, dita feminista e careca.
(Chupa, Alanis Morrisette!) (Se bem q negona alta, feminista e careca, na Terra de Marlboro e de Obamis, tvz jamais estourasse)
Além disso, depreende-se da banda ter tido – acabaram em 1999, voltaram nos 10’s – uma paleta mais ampla q duma banda de metal, ou de metal alternativo: vide “Infidelity (Only You)”, praticamente um single pop q ñ repercutiu. “Hedonism (Just Because You Feel Good)” faria frente pintuda a um Hole ou ao Smashing Pumpkins; “Milk Is My Sugar”, por sua vez, ñ ficaria estranha caso regravada pelo Red Hot Chili Peppers. A capa tb entrega a veia pop, pq cometida por Anton Corbijn, de portfólio q inclui… Therapy? (conceito idêntico à de “Infernal Love”, daqueles), o Metallica“Load”/“Reload”/“S&M” e U2 desde há muito.
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Na verdade, “Stoosh” ostenta mais um som pesado e até acessível – sem ser vulgar – com traços soul bem dosados, q o “Post Orgasmic Chill” seguinte abandonaria, em prol de traços electro. Musicalmente falando, é todo mundo muito bom no time, e minha objeção vai pra cozinha, sobretudo o baterista Richardson, um tanto “reto” pro meu gosto. O guitarrista Ace (mais afeito a texturas e timbres q a solos) e Skin é q comparecem mais. E tudo bem.
Meus sons preferidos são os mais pesados: a trinca inicial, “Twisted (Everyday Hurts)” e “Milk Is My Sugar”. O disco seguinte tvz possa agradar mais aos amigos aqui, pq é até mais pesado – embora tb mais prolixo; resenhei “Stoosh” por tê-lo ouvido mais. Disco anterior e os três lançados na volta solenemente ignoro, mas li elogios em relação aos últimos por terem mantido pegada e a relevância. E a quem for atrás da (esta) sugestão deste (eu) q vos bosta bloga e ñ curtir o álbum ou a banda, recomendo ainda assim baixar as citadas “Selling Jesus”, “Feed” e “Meat”.