THRASH COM H CLASSICS
(dedicado ao doggmático)
E publicado originalmente em 16 de Abril de 2004.
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“Stain”, Living Coloür, 1993, Epic/Sony
sons: GO AWAY/ IGNORANCE IS BLISS/ LEAVE IT ALONE / BI / MIND YOUR OWN BUSINESS / AUSLÄNDER / NEVER SATISFIED / NOTHINGNESS / POSTMAN / WTFF / THIS LITTLE PIG / HEMP / WALL
formação: Corey Glover (vocais), Vernon Reid (guitarras), Doug Wimbish (baixo), Will Calhoun (bateria)
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Os caras estão aí (eu e a Carol iremos!), e é a deixa pra falar do melhor disco do Living Coloür. Disparado. (Nem ouvi esse novo aí, mas dane-se). Pq é pesado, carregado e SOMBRIO, como nenhum dos outros.
[“sombrio” aqui, ñ está sendo utilizado no sentido q ultimamente vem tendo, das bandas q fundem metal a eletrônico, ou a gótico, ou aquelas metidas a industrial, gótico ou eletrônico].
“Mancha” (stain) só se foi no clima da banda quando do lançamento do cd, q diziam estar deteriorado, desgastado. Ou o hit do Garotos Podres (ae, Guilherme!). Pq “Stain” é um ARREGAÇO só.
Quando eles surgiram, eram meio atração de circo: ‘uau, banda de negão tocando rock’ (racismo enrustido travestido de marketing tosco – negro nunca tinha tocado rock?) (Jimi Hendrix o quê?), usando calças colantes, e lançando o “Vivid” com bênçãos de Mick Jagger (grande bosta), q tocou gaita e produziu umas 3 faixas ali. Com um sonzinho q ñ ia nem pro hard nem pro funk’o metal, e cheio de slaps (argh!), mesmo com faixas como “Cult Of Personality” ou tendo o riff speed metal de “Funny Vibe”.
No “Time’s Up” seguinte, a coisa melhorou. Som melhor, músicas melhores, provocação aos branquelos (“Elvis Is Dead”, com participação de Little Bichard), mais peso: “Time’s Up”, “Type”, “Love Rears Its Ugly Head” (uma rara balada decente), “New Jack Theme”, e tal.
Lançaram ainda um ep chamado “Biscuits”, catadão de lados-b e coisa ao vivo legalzinho tb, mas o “Stain” pra mim foi o APRIMORAMENTO deles. Dividi-lo-ei em 4 categorias, uma vez q pra mim só há 2 sons ruins:
Sons ruins (“Hemp”/”Wall”): a 1ª é uma vinhetinha experimental, com alguém discursando, tvz pró-maconha. Era a única letra no encarte, e eu ñ lembro bem, por isso o chute; “Wall” é a única q tvz coubesse no “Vivid”: funk com slaps, mesmo q discretos (eu ñ suporto!), comum demais, e q por ser a última faixa ficou até melhor: dando pra parar na “This Little Pig”.
Sons experimentais – têm seu valor (“Bi”/”WTFF”): “Bi” foi equivocadamente lançada como single, devido à polêmica apologia à bissexualidade (“everyone wants you when you’re bi”), mas como som é interessante. Grooves retos, partes meio eletrônicas, e o baixo levando a música cheio de efeitos e harmônicos. Aliás, o baixista-monstro Doug Wimbish é o destaque do disco: nunca ouvi uma timbragem de baixo tão sólida, tão pesada (em “Ausländer” parece uma turbina de avião!), tão perfeita; tanto q, pelo que notei, nenhuma guitarra foi dobrada em hora de solo ao longo do disco: o baixo segura a onda com folga. E tb carrega a música em “Nothingness”.
“WTFF” é a outra vinhetinha, mas mais legal. Curtinha, sons ambientes, textura industrialóide de guitarra, uma fala solta no meio, e umas passagens meio rap (batida eletrônica e tudo). Até boba, mas ñ destoante no cd.
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Sons bons pra caralho (“Leave It Alone”/”Never Satisfied”/”Postman”/”Go Away”/”This Little Pig”): todos eles naquela cadência mid-tempo coloquial aos caras, e caprichados nos riffs e harmônicos guitarrísticos, como em “Leave It Alone” (um Led Zeppelin de macho), e em “Never Satisfied” – com um PUTA refrão, e q poderia ter saído em single, q ñ os queimaria. “Postman” tem uma intro de bateria genial, pq absurdamente simples – o q ñ é “pegada”? – e o refrão mais gritado e ‘dramático’ do disco. O trampo da cozinha – como em todo o disco – é SOBERBO. Integração total.
“Go Away” abre o disco chutando a porta e dando marretada ao mesmo tempo; sua virada inicial (pesada e com harmônicos de baixo) era utilizada como abertura dum ex-programa na mtv, ‘Flashblack’. É pesada, obsessiva (repetitiva) e, como em “Bi”, “Mind Your Own Business” e “Auländer”, tem um peso de guitarra MASTODÔNTICO, único, irreconhecível e até bastante tosco em se tratando de Vernon Reid. “This Little Pig” é quase um thrash, a mais rápida, com o Calhoun sentando a mão, alternando partes rápidas e lentas. Começa com microfonias e dissonâncias, entra num groove com guitarra solando, e daí vai ladeira abaixo.
Sons absurdos, de tão loucos (“Mind Your Own Business”/”Ausländer”/”Nothingness”/”Ignorance Is Bliss”): alterna partes (bem) lentas e rápidas tb “Mind Your Own Business”, a mais LOUCA de todas. Quando lenta, é arrastada tipo Black Sabbath, quando fica rápida, quebra do nada, sem virada. Parece impossível de se reproduzir – tomara q a toquem no show. Parece até bateria eletrônica… “Ausländer”, além do som de turbina, é barulhenta pra porra, curta, grossa e rápida, embora grooveada (só ouvindo pra entender, ñ dá pra explicar) e tem uns barulhos repetitivos de fundo, de coisa quebrando, hipnóticos. Pra ouvir e sair dando porrada. Solo de guitarra aloprado (sem preocupação com técnica, escala: zoeira), termina seca.
Sons de grilos introduzem (e repetem-se pelo refrão de) “Nothingness”, uma obra-prima new age metal de autoria do Calhoun (assumo a pagapauzice). Vozes etéreas, sons sintetizados – mas legais – de guitarra, ainda assim também viscerais. Tb ñ se explica (eu não consigo!), melhor ouvir. (Foi single do disco, tocava no rádio, e teve clipe etéreo na mtv). É “balada”, mas ñ é ao mesmo tempo – baladas costumam ser flácidas, e pouco densas, e nem têm o baixo comandando. Ñ é MESMO o caso aqui.
Fora isso, a outra melhor música (fora “Mind Your…”) acho “Ignorance Is Bliss”. Pesada e elegante – é jazz e é pesada na mesma medida – tem a levada toda no chimbau, como em quase todo o disco, aliás (só “Postman” e “This Little Pig” têm momentos conduzidos no ride), q é o q diferencia o som. Calhoun faz umas firulinhas típicas de prato em jazz no chimbau, e fica do cacete.
Aliás, um parêntese Will Calhoun: baterista FUDIDO, quase ñ faz virada (dá pra contar umas 10 ou 11 em todo o disco, por alto), e q toca grooves q nem são difíceis de se tirar, mas q ao mesmo tempo soam impossíveis! O som característico da caixa, por cima de tudo e saturada de reverb, além de grave pra cacete, o distingue de todos os outros bateristas. Aberturas de chimbau parecem escorar (ao invés de escapar) das batidas. Nem usa pedal duplo, ou 2 bumbos, mas nem precisa – ñ faz a menor falta! “PEGADA” deve ser o nome do meio dele.
Acho, afinal, q deu pra passar q “Stain” é um disco do caralho, certo? Perguntas?
Rhatto
1 de outubro de 2010 @ 07:23
Posso estar enganado, mas esse o review mais empolgado que te vi fazer hahaahahah….
E ae no show tocaram Mind Your Own Business?
bonna, generval v.
1 de outubro de 2010 @ 09:23
ok, acho q já está na hora de reouvir.
algumas de minhas preferidas são as citadas ”Go Away”, ”Nothingness” e ”Ignorance Is Bliss”. estarão sempre frescas nos ouvidos. o resto precisa ser reouvido para uma nova opinião.
Will Calhoun é monstro mesmo! vi show “solo” dele num festival de jazz em Rio das Ostras.
Marco Txuca
1 de outubro de 2010 @ 11:26
Provavelmente vc está certo, Rhatto. Ao mesmo tempo q, diante de tanta resenha RANHETA nos últimos tempos, esta aqui acabe destoando.
Lembro ter feito resenhas empolgadas tb sobre Coroner, Blackmore’s Night e Jeff Beck: quem sabe eu as reprise algum dia. A do Faith No More (out 08) e as do Savatage e do Ministry (ano passado), acho q tb, ñ?
Ñ tocaram “Mind Your Own Business” naquele show.
E a monstruosidade do Calhoun é tanta q só ele pra me fazer ir atrás de disco do Lenine (!!!), “Falange Canibal”, onde ele tocou numas 3 ou 4 faixas…
Cássio
1 de outubro de 2010 @ 15:06
lembro q li uma resenha sobre esse disco na Bizz aí por volta de 1993 e o André Forastieri – que sempre gostou de polemizar – escreveu algo como “preto nao faz rock”. lembro tb que a afrimação gerou mais uma das polêmicas que o rapaz gosta e em outra matéria, pouco tempo depois, se não me engano, na revista Dynamite, alguem cmoentou sobre o fato, dizendo que o A F, em uma palestra para estudantes de jornalismo deu uma de “joão-sem-braço” dizendo que foi apenas “brincadeirinha”.
Marco Txuca
1 de outubro de 2010 @ 15:39
Esse Forastieri sempre foi metido a polêmico. Pelo jeito, ambos éramos fãs dele na Bizz ehehe E, já antecipando, sei lá, a era dos blogs, polemizava mesmo.
Lembro da resenha de “Clandestino” (do Ira!) em q chamava o Nasi, notório brigão (e sempre escondido da mídia) pro pau; ou aquela de show da Angélica conclamando-a a dar logo pra alguém etc.
Fundou aquela revista (ñ lembro o nome) q deu em nada, escrevia no Folhateen e foi demitido pelo Caetano Veloso e hoje ainda dá seus pitacos. Sempre patrulheiro e, das últimas q vi, dum falso moralismo asqueroso.
Parece q escreve pro site do Bispo Macedo (ñ tenho certeza). Outro dia, li algo dele espinafrando o Zé Serra q achei demais. A la velhos tempos.
Mas e o “Stain”, camarada?
Alan Pascal
1 de outubro de 2010 @ 16:43
é um disco muito bom mesmo e muitíssimo bem gravado, ótima análise do sr. M. Txuca
Alan Pascal
1 de outubro de 2010 @ 16:50
Ah, e esse Forastieri deu uma baita esculachada no Dio quando este bateu a cachuleta, pesquisem por aí e leiam. Pra mim, este Forastieri sempre foi um imbecil, desde a época da Bizz.
doggma
1 de outubro de 2010 @ 19:48
Rapaz… realmente, você curte mesmo o Stain! Mas também vejo que é aquela admiração típica de músico, que se entorpece com detalhes que passam batidos pela maioria.
Duvido que o Forasta tenha sacado 2% disso naquele review – se não me engano, chamou o disco até de “progressivo” na crítica… ou seja, tava mais perdido que cego em tiroteio.
E agora entendo como soou infundada a conexão que fiz com o Body Count. Mas que há inspiração na atitude, isso há…
Após esse review, o álbum ganhou outra dimensão pra mim. Calhoun está um monstro no disco mesmo. A interação com o Wimbish é desumana. Com o Skillings a cozinha não era tão coesa, embora muito mais discreta.
FC
1 de outubro de 2010 @ 19:49
A revista era aquela General, não? Ele continua escrevendo no R7, mas meio que já virou um “personagem”, o intuito é falar mal mesmo.
E é verdade, ele chamou o Dio de ridículo, mas depois escreveu no Twitter que era um elogio e metaleiro não consegue entender direito hahahahaha
doggma
1 de outubro de 2010 @ 19:51
A propósito… odeia slaps? Os discos do LC, do FNM e do Primus (gosta?) devem ter sido desafios interessantes pra você, haha.
Tenho nada contra slaps, tirando uns Infectious Grooves da vida…
Marco Txuca
1 de outubro de 2010 @ 21:15
Ôba, tá rendendo!
(em partes)
Forastieri se tornou aquele PIOR TIPO DE CRÍTICO: o q acredita em si próprio e acha q é algum tipo de “pensador”. Nunca passou dum chupim (às vezes até melhorado) dum certo Pepe Escobar, esse sim um entojado q se achava um “novo Paulo Francis”.
O lance lá da morte do Dio, li e achei tão abjeto q me recusei a pôr por aqui. E pra quem eu conheço q leu, recomendei ñ dar réplica.
Quem quer polêmica se fode quando NINGUÉM COMENTA.
E “metaleiro” ñ entendeu as ofensas? Bah, é da estirpe de críticos da Bizz q bebiam até se embriagar da Rolling Stone gringa. Do tipo de crítico q ainda tem uns – nas praias indie – q simplesmente ODEIAM heavy metal e rock progressivo.
Apenas por odiar. Apenas por ser um DOGMA “roqueiro”. E ñ serem “novidades” de cada semana; por ñ entenderem/ouvirem bandas q tenham mais q 3 discos.
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Quanto à “análise de músico”, doggmático, concordo: mas q bão q ñ ficou hermética, ou então vc ñ teria topado a “nova viagem” com o disco, hum?
Ñ curto slaps exagerada e estereotipadamente: Infectious Grooves? Blah! FNM e Primus dá pra encarar: são/foram bem usados e colocados. No Living Colour, sobretudo no “Vivid”, eu ainda ñ digiro.
E alguma influência bodycountiana acho q consigo detectar tb. (eram tb novaiorquinos, certo?). Fora o q parecia já haver de TRETAS entre os caras. Q são músicos FODIDOS, mas – sobretudo Calhoun e Reid – daqueles negões orgulhosos, vaidosos, q ficam se achando.
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Acho q já disse isto aqui uma época: tenho uma Batera & Percussão (ou é Modern Drummer Brasil, ñ lembro) com entrevista com o Calhoun, da época do “Collideøscope”. 4 páginas do cara falando do próprio UMBIGO, de como estava à busca do som perfeito, essas hermetices.
Do disco e da banda, ñ falou uma linha.
pablo cafe
11 de março de 2011 @ 17:07
po, nunca vi essa do cara detestar um certo recurso instrumental. geralmente o problema é onde ele é aplicado. to falando de SLAP. quem não curte slap só pode não curtir baixo. o que me diz da intro de Cygnus X-1?
Marco Txuca
14 de março de 2011 @ 03:42
Leia minha resposta anterior, Pablo. A respeito de slap.
Quanto ao Rush, se Geddy Lee lançasse um álbum solo só de slaps, apostaria convictamente q sairia um trampo do caralho. Tipo divisor de águas ahahah