VALE 5 CONTO

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“Unlimited”, Susperia, 1994, Tabu Recordings/Haunted Records

Demorou bem pouco na 1ª audição deste “Unlimited” então recém-comprado – 45 segundos e entrada do vocal na 1ª faixa, “Chemistry” – pra eu entender de vez pq Eric Peterson, no dvd “Live In London” recente, trajava uma camiseta do Susperia: diabos, o Susperia é praticamente o Testament norueguês.

Intercâmbio muito louco essse de bandas thrash clássicas e formações escandinavas, certamente culpa dos festivais europeus, q ñ a toa “gerou” o paralelo metido a black (do próprio Japa Peterson. Corpepaint incluso) Dragonlord, e q tb vem envolvendo o Exodus; a diferença é eu ver nos últimos influência mais do q influenciar (o“The Atrocity Exhibion – Exhibit A” pra mim, sem trocadilho, é prova). Ou existiria por ae algum similar/franquia norueguesa da horda de Holt e Hunting?

Ñ q o Susperia seja escarradamente chupim de Testament. Faltam solos garbosos (são bem poucos, por sinal), falta um trampo baterístico (sobretudo em comparação ao Testament noventista pra cá) e falta aquela produção típica. Mas em cada um dos sons de durações idênticas deste álbum, se percebe passagens muito a ver, reflexo sobretudo do vocalista Athera, praticamente um irmão do Chuck Billy perdido lá nos fiordes [Curiosidade adicional, voltando ao intercâmbio: o novo do Susperia, “Attitude”, tem participação do próprio Billy. Vai ser difícil sacar quem é quem..]; além disso, percebe-se nos 10 sons de“Unlimited” outras influências e referências q ora destoam, ora complementam a influência thrash-mor.

Harmonizações guitarrísticas modernas como as de “Chemistry” e “Years Of Infinity” dificilmente se veria num trampo dos estadunidenses, como tb passagens de guitarras e vocais limpos dobrados (influência de In Flames, no meu entender, como em “Mind Apart”. Ou de Machine Head, em “Years Of Infinity”, q no fim Athera tb dá uma de Bobby Blitz, do Overkill), levemente americanizados, e até mesmo som q me lembrou bandas finlandesas tipo Amorphis (“Home Sweet Hell”, o mais acessível – e ñ no bom sentido – do álbum), fora “Devil May Care” e seus backing vocals femininos presentes – entre sexy e demoníacos – revelam razoável diversificação e, até tvz, pretensão comercial.

Porém, o motivo de eu resenhar “Unlimited” nesta pauta bloguística é justamente pelo q o trabalho tem de demérito: a produção claramente digital, em q se percebe o som meio borrado, chapado, uniforme. Sem audição atenta, corre-se o risco de parecer tudo um mesmo som, haja visto as timbragens todas muito parecidas, ñ sendo tanto demérito de composições maçantes, existentes uma ou outra, sem predominar. Nada mal gravado, pelo contrário: sem vibração. Na bateria então, é aquele som de bumbo uniforme, pratos q soam demasiado estridentes (provavelmente tratados na mesa de som) e um som de caixa quase opaco, no qual conforme a equalização do aparelho de som fica até perdido em meio aos bumbos. De modo q gastar mais q 5 contos nisto – a ñ ser q se aprecie as produções digitais hodiernas – é prejú. Ou remorso de ñ ter gastado o montante num x-burguer.

Falta falar, como informação de praxe, da formação dos caras: Athera (vocais), Elvorn e Cyrus (guitarras; o 1º, creditado como guitarrista-base apenas), Memnock (baixo) e Tjodalv (baterista), 3 deles da turma do Dimmu Borgir – guitarristas e baterista tendo já tendo tocado por ali, Cyrus e Memnock com passagens no Old Man’s Child e o vocal tb titular no paralelo Chrome Division – ao q me cabe invejar: quem dera morar na Noruega pra ter bandas titulares e paralelas à vontade, todas gravando álbum, a maioria excursionando…

Falta espezinhar ainda o trampo baterístico: para além da timbragem maçante (essas gravações digitais são a falência total da técnica baterística, sobretudo se o baterista adere e nela se encosta de vez), Tjodalv quase sempre toma os caminhos mais fáceis nos sons por aqui. Nenhum som tem aquela levada thrash característica – “Off the Grid” e “Beast By Design” PEDEM ela! – nem variações de condução (é tudo levado no chimbau), tampouco viradas em quantidade razoável; e se alguns sons têm breves passagens blast, o q se lamenta é tudo ser muito breve, com levadas repletas de bumbos em semicolcheias conspirando em favor da monotonia. Ñ é um baterista ruim, mas sujeito q poderia melhorar os arranjos com certeza. Torná-los mais instigantes até, já q fazer jus ao nome do álbum, ñ rolou. Tvz com o Gene Hoglan ou Paul Bostaph (um ex, o outro atual titular no…Testament) rolasse ahah

Para concluir, duas coisas ainda: citar os sons legais e lançar provocação. No meu entender, 4 sons são realmente bons aqui: “Off the Grid” e “Beast By Design”, pelo q têm de pedaços e “potencial” thrash, e “The Coming Past” e “Untouched”, q em quase suas totalidades lembram Testament safra “The Gathering” (exageros à parte. A 1ª com passagem veloz de bumbos a contento, embora breve, enquanto a 2ª contendo o melhor riff, tercinado, do álbum). Claro q isso é bastante subjetivo – lançar por aqui as melhores, ou as q ME convencem mais – pois vários outros trechos de quase todos os sons (exceção pra mim a “Home Sweet Hell” e seu refrão de contratempos quase poperô) têm passagens e riffs interessantes, mas q ñ chegam a ser uma música toda legal.

Uma variável a ser considerada: é o único trampo dos noruegueses q conheço; vai q em álbuns seguintes formataram melhor proposta, adquiriram cara mais própria etc. O q resenho aqui é obra de banda q achei pouco original e q, se soa simpática nas primeiras audições, ñ vejo como se chegar na 5ª com o mesmo interesse. A provocação: ouçam “Unlimited” e depois o “The Formation Of Damnation”. Guardadas as devidas proporções, soa coisa de CRIATURA INSPIRANDO CRIADORES. Ou nem??

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CATA PIOLHO CLXXVII – Jogo dos 7 Erros:

"Zombie Attack", 1986
"Zombie Attack", 1986

e
"Fabulous Disaster", 1989
"Fabulous Disaster", 1989