SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H

ministry1.

“Houses Of the Molé”, Ministry, 2004, Sanctuary Records/Century Media

sons: NO W * / WAITING * / WORTHLESS / WRONG * / WARP CITY * / WTV * / WORLD / WKYJ / WORM + faixas bônus

formação: Alien Jourgensen (vox, guitars, slide guitar, bass, harmonica, de-programming), Mike Scaccia (lead guitars, guitars, bass), John Monte (bass), Mark Baker (drums on “Worthless”, “Wrong” and “Wrap City”, percussion).

Membro creditado sem estar na foto do encarte: Max Brody (programming, drums on “WKYJ”, sax on “Worm”); backing vocals: Angie Jay, Odin Myers, Carl Wayne, John Monte, Mark Baker, Mike Scaccia, Max Brody; participações outras: Kol Marshall (B3 on “WKYJ” and “Worm”), Turner Vanblarcum (dj on “WKYJ”)

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Assumo ñ me achar o sujeito mais indicado pra falar em Ministry, por conta de conhecê-los só o básico: “Stigmata” (do “The Land Of Rape And Honey” q o Sidola me deu o Lp anos atrás), “Thieves” (pelo clipe e versão S.O.D.) e, integralmente, o consagrado “Psalm 69”.

Ñ os acompanhei nos álbuns seguintes, “Filth Pig” e “Dark Side Of the Spoon” – a ñ ser a versão chata (vi o clipe) de “Lay Lady Lay”, de Bob Dylan – embora soubesse q o som nesses tinha voltado aos moldes anticomerciais anteriores a “Psalm 69”, de músicas monolíticas, monótonas e extensas (às vezes cansativas), de timbragens mais pro eletrônico (embora contivessem guitarras pesadas), ainda mais nas programações baterísticas “duras”, “retas”. Q o diga o anêmico anterior, “Animositisomina” (q comprei no mesmo dia deste), parido apenas 1 ano antes.

“Houses Of the Molé” basicamente foi uma retomada de Al Jourgensen (doravante chefão do Ministry, ante saídas e falecimentos de colaboradores anteriores) aos moldes metal da coisa – ao som do “Psalm 69” – de guitarras abrasivas, às vezes gravadas de monte (e por isso soando muitíssimo “na cara”), baixo sujo e grave, fora baterias alternando entre as programadas e as executadas. E, felizmente, soando todas ostensivas, opressivas, intimidatórias. “Altas”.

A quem lembrar de “N.W.O.” e de “Just One Fix”, hits antigos, e de “Scarecrow” (todas do “Psalm 69”), baterias naquele naipe. O quesito vocais tb soa diferente, mais metal, pq menos distorcidos no sentido “abafados” do termo: mais guturais e reverberantes. O Ministry é bom assim pra mim.

E o álbum teve maior repercussão q os a ele anteriores provavelmente por conta dessa retomada sonora, assim como tb pelo prosseguimento na idéia de parodiar álbuns setentistas em títulos (neste, a paródia é do Led Zeppelin, como ocorrido já com Pink Floyd e ocorreria ainda no seguinte “Rio Grande Blood”, em relação ao ZZ Top), mas, mais ainda, por se tratar de um disco de músicas praticamente todas iniciadas com ‘W’, além de álbum declaradamente anti-George W. Bush.

(sendo os envolvidos todos – pedras e vidraça – texanos, deveriam saber do q falaram)

Ainda q se tenha q ponderar a maioria das letras sendo bem primárias (impressão de terem escritas de primeira, sem sofisticação) – e assim punks, no sentido punk original – e q “Wrap City” e “WKYJ” ñ tratam exatamente do W. Bush. Como tb ñ “WTV” e “Worm”, a ñ ser q tratem de modo indireto do clima paranóico gerado pela gestão W. “World” brada por mudança, por revolução. Enquanto “Wrong” é a letra mais afiada, cirúrgica, como tb mais sofisticada e direta ao filho da puta genocida.

Q tal esta estrofe como exemplo? “What makes you think that we could ever believe/A major liar with a minor in greed/You make a profit off the people in need/Hypocracy”.

O álbum como um todo é bem coeso, sem sons q destoem tanto pra melhor – no sentido de inexistirem hits – ou pra pior (como foi “Psalm 69”), embora eu ñ curta muito os demaisado obsessivos/repetitivos 2 últimos, “WKYJ” e “Worm”, nem as faixas-bônus irrelevantes sem título escondidas – supostamente uma chamada “Bloodlines”, na 14 ª, e outra só de loop de sampler, supostamente intitulada “Walrus”, na 61ª faixa (ambas precedidas por faixas de 5 segundos de silêncios) – de modo q as asteriscadas acima, como de hábito aqui no blog, são minhas preferidas, pelas razões a seguir:

“No W” é um thrashaço com bateria eletrônica: de começo algo cadenciado, mas q descamba pruma berraria de vozes saturadas (ainda mais no refrão), com teclados ajudando na barulheira – daqueles sons pra bater cabeça e/ou querer tocar bateria junto. Samples, aparentemente sobre W. Bush fazem prévia do solo guitarrístico vertiginoso. E há q se destacar o trampo do tal Scaccia, já q Jourgensen parece guitarrista bom apenas de esporro e bases: tem solos (inspirados e esporrados, a gosto do freguês. Nada bululu, felizmente), apitadas, riffs e licks pra todo lado no álbum, q fazem a diferença. Guitarrista q sabe tocar guitarra é outra coisa…

“Waiting”, mais cadenciada, vem com bumbos eletrônicos beirando a total saturação, até virar um hardcore bem empolgante, quase um Sepultura safra “Chaos A.D.”, e fosse o vocal no refrão algo mais debilóide, seria quase System Of A Down, devido à repetição. Viradas de bumbos tornam a coisa bastante metal (me remetendo ao Kreator safra “Extreme Aggression” – mas só pra citar, nada chupim), em meio aos samples, berreiro, ecos e apitadas industrial. No q vale destacar a produção tremenda, q só valoriza a barulheira.

Em “Wrong”, apesar de ñ topar muito o refrão demasiado melódico (melódico pra Ministry), o destaque são as CAMADAS DE GUITARRAS: sabe-se lá quantas foram gravadas, e a barulheira e esporro se misturam simultaneamente a harmonias surpreendentes. “Warp City” é minha preferida, principalmente pela levada baterística (humana) de virada de caixa quase o tempo todo, variando com passagens conduzidas em ride. É tb a de maior peso e compressão guitarrística: guitarras maciças, com uma aspereza e palhetadas thrash, quase death, tudo comendo solto ao mesmo tempo. Umas passagens dissonantes meio Ratos De Porão tb comparecem, em pérola pra bater cabeça.

“WTV” é praticamente um revival de “TV II” (do “Psalm 69”): samples de telejornais, do W. Bush, de filmes de terror, às voltas com um thrashão a todo momento bruscamente interrompido pelos mesmos samples, saturações (inclusive dos bumbos eletrônicos, a la Sarcófago “Hate”), gritaria e barulhos etéreos. O caso de som q, se a pessoa curte thrash e ainda ñ se convenceu até então por aqui, se convence ou vai virar crente, encontrar Jesus, essas boçalidades.

E em destacando tais faixas, ñ quero desmerecer nenhuma das outras, q têm todas os mesmos elementos na mesma octanagem: tvz sejam as menos cativantes, o q é bastante subjetivo. Mesmo as q curti menos, pq mais hipnóticas, acima citadas, têm lá seus méritos e a influência tremenda de PIL e Killing Joke (dos “piadistas” então, q se note o refrão de “World” e tb “Worthless”) decantada: ñ a toa – curiosidade – no álbum seguinte Jourgensen viria trabalhar com um ex-Killing Joke (Paul Raven) e com um outro paga-pau assumido daqueles: Tommy Victor, do Prong

Acho q todo mundo por aqui já vivenciou a experiência de VICIAR num álbum, coisa q este têm me proporcionado desde q o comprei há 8 dias. Aquilo de ouvi-lo direto, som por som, demorando muito pra enjoar e encaminha-lo à prateleira, de onde será resgatado em tempo futuro. “Houses Of the Mole” ñ é um álbum q dividiu o heavy metal em 2, tampouco o metal de inspiração industrial, nada disso; tb ñ me parece álbum q daqui 10 anos será tão lembrado em se tratando de Ministry (q já cunhara anteriormente álbuns mais consagrados), mas é um disco q, como recentemente apenas “Prophecy” (do Soulfly) e o “Death Magnetic” conseguiram me obsediar e instigar, a ponto de eu sentir NECESSIDADE de recomendá-lo pra todo mundo.

Está feito (ufa!) o registro, portanto.

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CATA PIOLHO CLXXIX – a quem toca guitarra por aqui: o riff de “I” (Black Sabbath/Heaven And Hell) ñ é chupim idêntico do de “Purple Haze” (Jimi Hendrix) em quê???