Muito se tem repercutido sobre a aposentadoria de Neil Peart, mais ou menos declarada (indiretamente declarada, ainda ñ tão confirmada), e se isso envolveria o Rush parar tb.
De minha parte, espero q parem. Ñ devem mais nada a quem quer q seja. Peart, muito menos. Alex Lifeson quer parar tb, mas ñ diz. Aquela situação de ninguém querer ser o CUZÃO q acaba com tudo – desvantagens de banda em formato trio…
Se Geddy Lee quiser realmente continuar tocando – como parece querer – duvido q ñ chova gente na porta do feioso querendo tocar junto. Se tirar o Porretnoy da frente, verá uma multidão ahah
Trechos da Modern Drummer Brasil recente (abril último, edição 192), com Peart surpreendendo:
1. (após falar sobre suas dores)
Nesse ponto da turnê [turnê R40] você não tem nenhuma reserva. Então essas coisas minam sua resistência de todas as formas. E não há melhoras. Tive tendinite em um cotovelo na turnê do Test For Echo em 1996 e 1997, e fiquei sem ter isso novamente por 15 anos – e tive no outro cotovelo. Para o restante da turnê tenho de usar uma braçadeira para tocar, e também uso pela noite. As pessoas dizem: “Ah, você só precisa descansar”. Ok. Farei isso. Vamos mandar essas 10 mil pessoas para casa hoje à noite enquanto eu descanso.
2.
Nos dois álbuns recentes do Rush eu não compus as linhas de bateria- eu as toquei. Trabalhamos com o produtor Nick Raskulinecz nesses álbuns, e eu tocava as músicas algumas vezes, via se funcionava e então ele vinha e começávamos a gravar. E ele podia me reger, pois nossos arranjos poderiam ser obtusos, e demorava um certo tempo para aprendê-los.
Eu costumava dizer que levava três dias para aprender algumas de nossas músicas e criar uma linha de bateria. Eu não gosto de contar. Não gosto de escrever. Quero tocar como música. Nesta turnê estamos tocando muito mais material da década de 1970, com métricas mais bizarras. Por que fizemos isso? Porque éramos garotos. Estávamos aprendendo como fazer isso. Porque podíamos. Eu toco aquele material de uma forma totalmente diferente agora, com uma cadência muito melhor e com fluidez natural.
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3.
Às vezes dou entrevistas a não músicos e eles perguntam por que eu estudo e faço aulas. Bom, tenho o privilégio de ser um músico profissional. É minha responsabilidade devotar a mim mesmo sendo tudo o que posso ser para as pessoas que me deram essa oportunidade.
MD: Nem todos pensam dessa forma.
Eu sei, mas deveriam (risos). Eu vivo pelo exemplo. Como baterista, dê um bom exemplo. E quando outros bateristas me dizem que os inspirei a tocar bateria, digo para pedirem desculpas aos seus pais (risos). Para esta turnê, comecei a me preparar três meses antes. Tocando junto com as faixas todos os dias e trabalhando idéias de solo, cinco vezes por semana. Então, quando a banda se reunia para ensaiar, eu já estava pronto.
4.
Não temos nenhuma música que odiamos, e não tem nenhuma de que enjoamos. Todas têm um charme para nós, pois todas foram compostas com o coração, então não há nenhuma que nos relutemos em tocar. Definimos sets alternativos, e isso nos permitiu não ter que derrubar coisas, mas tocá-las a cada três ou quatro shows. Isso nos serviu bem na turnê, e foi a primeira vez em que nos atrevemos a fazer isso. Geralmente hesitamos em trabalhar mais do que precisamos (risos), e isso também é verdade nos discos. Nunca compusemos e gravamos algo que não foi lançado. Pra que isso?
(…)
MD: Então, se vocês nunca mais tocarem “Limelight” de novo, tudo bem?
Sim. Nós ainda gostamos dela. E existem muitas músicas como essa. Nós dissemos: “Vamos tocar essa, então”. Fizemos esse tipo de troca.
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5.
Uma lição que aprendi é não tentar escrever uma música inteira e entrega-la para os caras, como “eis minha obra-prima”. Apenas escrevo algumas coisas e dou a eles. Eles sentam, tocam e gravam tudo, e Geddy verifica tudo e faz um arranjo em cima disso. E quando ele gosta das frases, fico inspirado. Apenas o fato de ela ser aceita e valer a pena ser transformada em música. Se algo é rejeitado ou deixado de fora, não é algo negativo.
“Caravan”, do Clockwork Angels, é um belo exemplo. Tínhamos a frase “I can’t stop thinking big”. Geddy a transformou no refrão e perguntou se poderia ter outra frase para se unir a ela. E de alguma forma surgiu o “In a world where I feel so small, I can’t stop thinking big”. Não sei de onde veio. Foi espontâneo.
(…)
MD: O que é mais gratificante? Ver os fãs cantando suas letras ou vê-los fazendo air drums?
Cantar. Uma das chaves de nossa longevidade é que eu sei que em muitas bandas por aí existe uma grande inveja do cantor por chamar toda a atenção. Isso causa muitas rupturas e conflitos, e tudo isso é puro ego. Mas todos os que cantam junto com Geddy estão cantando minhas frases. Como posso me sentir mal com isso? Então, é bastante gratificante.
Com air drums é a mesma coisa. É um nível de engajamento. É a energia que você sente. É realmente espontâneo, é uma resposta em loop. Você tenta passar energia a eles e eles nos passam energia. É uma coisa palpável e sincera, e não é uma questão de os músicos fazerem um show, mas sim de o público estar dentro do show. Eu sempre digo: eu sou o público. Não sou um músico por natureza. A escolha pela bateria me transformou em um. Sou alguém que está falando com cada pessoa lá. Quando estou no palco, observo muito as pessoas. E o mundo também – em minhas viagens de motocicleta nos dias livres, é o show vindo até mim. Eu sou o público e tento absorver isso o mais profundamente possível que posso para poder dividir com os outros depois.