VALE 6 CONTO
“Psalms Of Extinction”, Pain, 2007, Roadrunner
Capinha esquisita essa: sujeito meio Rammstein, algo Kraftwerk, meio imitando porcamente o Mike Patton gomalinado e metido a decadente dos últimos tempos. Cores em vermelho e preto denotando tb influência daquele paspalho do Barbie Manson… Ia vendo o cd na loja e encafifando: Pain ñ é aquele projeto paralelo tecno/industrial do Peter Tagtgrën, do Hypocrisy?
Ia forçando percepção pra começar a admitir q o cara da foto era o Tagtgrën, sem convicção. Deixa eu ver os nomes dos sons: “Save Your Prayers”, “Clouds Of Ecstasy”, “Walking On Glass”… nada muito claro. Pain tb pode ser disco/projeto de dijêi fuleiro – o Igor Caganera ñ lançou o tal Mixhell? “Computer God”… cover do Sabbath? Tomara q ñ. O mesmo sujeito na contra-capa, fazendo biquinho e parecendo o Johnny Depp.
Só me convenci nas letrinhas miúdas, q citam “Credit: 2007 Abyss Productions” e lançamento nacional Roadrunner. 6 conto em oferta, é esse Pain mesmo. Peguei.
E antes de pôr pra rolar, fui às letras: maioria muito, mas muito derivativas de Nine Inch Nails [S.U.P. reprisado em mar/10]: aquela marra forçada, de gente q se fodeu ou foi trapaceado, e sai xingando, jurando vingança, essas coisas; “Bitch” exala misoginia forçada. Outras, bem vagas, sem dizer a q vieram. As 3 realmente interessantes achei “Clouds Of Ecstasy”, falando em mundo de celebridades, ilusões holywoodianas (ditas por um sueco?!), “Bottle’s Nest”, sobre alcoolismo em 1ª pessoa (autobiográfica?) e as recaídas características, e ainda “Zombie Slam”, vampirista, destoante de todo o resto.
No mais, participações creditadas de Mikkey Dee (tocando bateria em “Zombie Slam”), Peter Iwers (do In Flames, tocando baixo em “Save Your Prayers” e “Nailed to the Ground”) e Alexi Pirr-laiho (do Children Of Boredom) solando na “Just Think Again”. “Play Dead”, cover de Björk. Hmm…
Daí foi botar o disco de nome ruim pra rolar. E o q se pode afirmar é ñ ser um álbum homogêneo: ñ, quase ñ há coisa q lembre o Hypocrisy por aqui (o refrão da 1ª faixa, “Save Your Prayers”, e só). Tampouco registros vocais rasgados consagrados do Tagtgrën: quem pegar “Psalms Of Extinction” com essa expectativa, se ferrará. Todavia, a versatilidade vocal – com dobras, harmonizações, sobreposições, saturações – exibida ao longo das 12 faixas é, pra mim, PONTO ALTO do trabalho (ficando-me até dúvida sobre haver vocalistas convidados ou ñ. Embora seja fato haver algo, ñ creditado: o vocal feminino, interessante, em “Just Think Again”), além do trampo de teclados, ora bem timbrados (início de “Just Think…” parece cello), ora oferecendo contrapontos melódicos às guitarras ásperas.
O q Tagtgrën parece querer com o Pain é acontecer como algo pop pesado, afinal fosse pra ter mais um projeto true, tvz dedicasse (mais) tempo aos tantos outros q já têm. Por isso, nada estranho versões européias conterem cover de Depeche Mode como bônus, nem os tantos sons com refrões grudentos/repetitivos… Algo q certamente afastará gente mais radical, q desejará passar ao largo de lembrar terem ouvido POE. De influências variadas: compressões guitarrísticas lembrando Ministry [S.U.P. dez/09](mas ñ só: há palhetadas duras e secas aqui e ali), ambiências vocais inspiradas (e ñ chupinhadas) de NIN e de industrial eletrônico, cadências à Rammstein (embora inexista um som exatamente lento), bateria eletrônica… Por um outro lado mais repulsivo, sons como “Nailed to the Ground”, “Does It Really Matter?” e “Walking On Glass”, fossem de banda estadunidense, teriam sido hits dignos (modo de dizer) de new metal (!), ou do Lacuna Coil americanizado recente.
Ñ são músicas genéricas, nem gratuitas: a despeito das influências citadas (e várias outras q ñ sei identificar), o q predomina são as GUITARRAS apitando e a musicalidade de Tagtgrën, na intenção – louvável – de tentar algo diferente: tanto projeto paralelo redundante por aí, este se mostra exceção à regra. Com minhas minhas favoritas sendo as mais pesadas e de teclados mais interessantes: “Zombie Slam” (q conta com o Mikkey Dee do Motörhead, grooveado, e ñ o firulado do King Diamond), a melancólica faixa-título, “Just Think Again” (belo solo do Pir-laiho), fora “Bitch” (de riff sinuoso pra matar de inveja os Chrome Division da vida) e “Play Dead”, q consegue a proeza de soar épica e claustrofóbica a um só tempo.
Tb ñ é aquele disco fundamental ou memorável, embora passe longe de ser tranqueira. Se a pessoa trabalha com produção (q é excepcional) ou tem mente aberta suficiente, vale passar na loja da Paulista onde o comprei e desembolsar 6 contos nele.
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CATA PIOLHO CLXXX – Jogo dos 7 Erros (capístico):
FC
23 de abril de 2010 @ 13:39
O Pain é sensacional, aliás, hj em dia ouço mais a banda do que o próprio Hipocrisy. Txuca, se puder, ouça também o “Dancing with the dead”, acho o melhor da banda. No “Psalms” achei que deu uma caída.
abs.
Marco Txuca
23 de abril de 2010 @ 16:46
Esse aí é mais antigo, certo? É um de capa meio azulada?… Deve ter saído nacional tb.
Mas vai na mesma onda, ou é mais áspero?
O recente do projeto é o q tem a mina do Nightmixo participando, correto?
Quanto a dar mais vontade de ouvir q o Hypocrisy, até acredito, pq acho a banda “titular” bastante irregular, saca?
bonna, generval v.
23 de abril de 2010 @ 19:04
vou conferir isso aí…
quanto a capa do Anthrax, sempre vi um requentamento da idéia no primeiro disco do Audioslave de 2002. até a comparação entre o objeto e o humano é conservada.
relembre essa capinha vagabunda:
http://cdn.pitchfork.com/media/356-audioslave.jpg
Marco Txuca
24 de abril de 2010 @ 01:32
É, entendo teu ponto, mesmo ñ concordando: faltava o carinha estar com a bunda de fora.
Mas aí a banda BUNDA de som BUNDA abundou na parada, sem qualquer outra indicação desnecessária! ahah
bonna, generval v.
25 de abril de 2010 @ 20:23
tô ouvindo o som. interessante. nada inovador, mas interessante.
mas procurando foto da banda me uma certa vergonha alheia:
http://userserve-ak.last.fm/serve/_/42520519/Pain+x_7d80242e.jpg
Marco Txuca
26 de abril de 2010 @ 00:23
Ugh! Vergonha alheia, sim. Concordo.
Mas acho q há fotos bem piores. A ponto de dar pra rankear, alguém topa a brincadeira?
Lembranças imediatas q me vêm: a foto do “Black Sabbath” no encarte do “Seventh Star”; as fotos Anthrax poodle de início de carreira; fotos do Crapsody empunhando espadas; capas e mais capas do Manowpausa, e aí vai…
bonna, generval v.
27 de abril de 2010 @ 21:24
um ranking de fotos escrotas de bandas seria bem divertido!
Marco Txuca
28 de abril de 2010 @ 01:59
Alguma idéia mais então?