Será o punk rock o (sub)estilo roqueiro com mais documentários?
Impressão q deu, fuçando há pouco no YouTube. Documentários brasileiros (um sobre o Cólera, q me interessou e verei depois), italianos, do leste europeu. E os consagrados, voltados às bandas consagradas do eixo EUA-Reino Unido.
Pq estava procurando “Punk”, e só achei esse trailer barra teaser acima. Q anda passando na minha Netflix arcaica e anti-hipster, o canal Bis. Às 20:30 toda sexta-feira, com reprises.
Bancado por Iggy Pop (“produtor executivo”), parece q rola em 3 partes, mas como tem passado em episódios durando meia hora, tvz tenha mais.
Bastante ágil, didático e com depoimentos (atuais e pretéritos) de personagens da época, o q foge ao didatismo, aos clichês – ñ fica só nos clichês – e aos personagens de sempre. Punks USA, punks UK. Tem mulherada das Slits, ex-integrante do Big Audio Dynamite (Dan Slots), Jane Country (ex-Wayne Country), Wayne Kramer (MC5), Terry Chimes (representando The Clash), gente do New York Dolls…
Aliados aos personagens já manjados (e sobreviventes) John Lydon (quase ñ cabendo na tela), Marky Ramone, Debbie Harry e Chris Stein, Legs McNeil e etc. Com detalhes históricos pouco comentados (prefiro ñ dar spoilers) e complementares a livros e documentários anteriores. Como, por exemplo, “O Lixo e a Fúria”.
O amigo märZ me havia recomendado uma vez, e endosso. Pra quem é mais cibernético, deve ter em outros canais barra meios de obtenção.
Parafraseando John Lydon: foi “bem mais do q o tiozão q fazia trilhas daqueles faroestes bregas”. Embora as trilhas de faroeste ainda sejam minhas preferidas ahah
Diz a Wikipedia q fez mais de 400 trilhas sonoras, sem listá-las todas. 91 anos e estava ainda lúcido e ativo, segundo o q li no UOL. Ñ morreu de covid 19.
Gênio.
Gigante.
Há quem venere John Williams e Hans Zimmer, mas Ennio Morricone estava acima. Algo ñ mensurável por Oscar: ganhou ridículos 2.
Um “pelo conjunto da obra”, em 2007, quando já estava ficando feio ñ darem um prêmio pro sujeito. E pq tvz já pensassem q estivesse morrendo. Válido tanto quanto o gol do Brasil (por um outro Oscar, pequeno e oxítono) no 7 x 1.
Ainda tiveram – “academia”, business cinematográfico – tempo de reparar, dando um Oscar pra valer em 2016 por filme do Tarantino.
Podia ser pior.
Tivesse nascido nos EUA, teria uma estátua em cada cidade do oeste bravio. Teria ganhado mais Oscar q Williams e Zimmer juntos. Considerando, claro, q Oscar importa.
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A medida é pensar q provavelmente o cinema seria outro sem as trilhas dele. Tvz bem pior, de trilhas tvz mais pasteurizadas.
E a outra: Ramones e Metallica usaram sons clássicos dele em abertura de shows a vida toda.
Os kardecistas dizem q a Terra é um “plano de culpa e expiação”. Com a morte de Morricone, o covid 19 e o Bostonauro presidente, cada vez mais.
E a gente – no último caso – seguindo cada vez mais cloaca pustulenta do planeta.
Quarentena, algum tempo livre, resolvi pegar este aqui
Q comprei em 2017 em Londres. Demoro bastante pra ler em inglês, um pouco mais q o Bostossauro fazendo pronunciamento em português, então vamos lá.
Surpreendente. Sujeito articulado e agregador, com opiniões embasadas. Ñ no sentido punk “foda-se”. Inclusive fala mal dos punks cabeça-fechada desde q foi – ainda em tempos de “Sex Piss-ups” (sic) – em programa de rádio e tomou bronca de Malcolm McLaren por ter tocado Peter Hammill, Captain Beefheart e Can.
Tem tb um linguajar próprio, cheio de trocadilhos e gírias, q fez com q a editora colocasse aviso no início do livro sobre o livro ser uma autobiografia do cara “em suas próprias palavras” (sic), o q faz com q em alguns momentos a ortografia ñ seja correta ahahah
(um dia posto isso na pauta “encartes”)
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Legal o livro tb ñ ficar só nos Pistols. Dura até a página 178 (de 538 totais), mais q o suficiente. Legal tb ñ perder muito tempo com infância e vida pregressa, embora tenha passado poucas e boas. Do tipo ter tido meningite (por contato com mijo de rato) aos 7 anos, o demandou 1 ano de internação hospitalar e gerou dano cognitivo/neurológico de ter esquecido “tudo o q sabia” até então.
Ñ conseguia falar (pensava, saíam sons inarticulados – afasia) e ñ reconhecia nem os pais. Mas os irmãos, sim. Enfim.
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Mas o motivo de eu postar isto aqui, fora pela empolgação (e ñ acabei ainda; estou na p. 276) foi querer destacar umas curiosidades:
Sid Vicious (aliás, nome de batismo John Simon) e John (Jah) Wobble, eméritos baixistas toscos, eram amigos de escola de Lydon
Chrissie Hynde (The Pretenders) era amigona já na adolescência e tentou ensiná-lo a tocar violão, o q recusou por preguiça e por “ser canhoto”
a mãe de Sid era “junkie profissional” e deu de presente ao filhão uma vez um tanto de heroína. E havia suspeitas de q punha drogas na comida do filho
quando do assassinato de Nancy Spungen, foi Mick Jagger quem interveio com advogados, o q me fez pensar numa certa confraria/maçonaria do rock (um dia faço post)
antes dos Sex Pistols nunca teve banda, jamais tinha escrito uma letra de música ou sequer cantado. Grande coisa e tudo a ver, mas caso raro de alguém q parece ter surgido abruptamente. Combustão espontânea
as roupas dos Pistols, desenhadas e costuradas por Vivienne Westwood, demandavam alfinetes pra segurar e pq eram modeladas pra mulher (camisetas baby look e calças pegando no saco) e ela era péssima estilista
ler tudo isso me tem feito pensar no quão deliberadamente Marcelo Nova se inspirou no “personagem” Rotten/Lydon pra se tornar aquele personagem/figura pública (meio “fiscal de cu”) característico
Mas o mais engraçado deixo pro fim: Lemmy tentou ensinar Sid a tocar baixo. Segue o trecho:
(p. 145)
“Off all people, it was Lemmy from Motörhead, amongst others, who tried to teach Sid to play bass. Lemmy was really funny about it; he said, ‘Sid has no aptitude at all, no sense of rhythm, and he’s tone deaf’”
O mais legal no encarte de “Kiss This” (1994) pra mim são os comentários e depoimentos de Paul Cook, Glen Matlock, Steve Jones e John Lydon sobre cada som. Como surgiram, os impasses, as influências improváveis etc.
Copio aqui desta vez o making of de “Pretty Vacant”:
“Paul: Glen reckons the original riff was influenced by Abba‘s ‘S.O.S.’. I can’t see how he worked that out. John changed the lyrics again here. It about being young and hanging around being vacant.
John: Glen was a closet Abba fan, and funny enough, so was Sid. We got rid of one Abba fan and got another one in its place. Sid ran up to the girls from Abba in the Stockholm airport to ask for their auograph. Sid was completely drunk and stuck his hand out. They screamed and ran away. They thought they were being attacked — or maybe they thought he wanted money or something.
Glen: Well before ‘Anarchy’, ths was the flag we waved……….. (to cut a long story short) I was still short of a riff; Abba‘s S.O.S. came on the jukebox and hey presto! I had it (but you’ve got to know where to look).
Steve: A great intro with lots of layered guitars and a great chorus, which I really beefed up – I liked to beef up Glen’s tunes.
John: Steve toughened it up because the original guitar line was very sissy. Glen wanted it to be very nice. My accent would have been on ‘Vacant’. Glen’s would have been on ‘Pretty’. ‘Va-cunt’ is me all over. I love to play with words and throw them into different arenas. They didn’t mind it on the radio because they didn’t know… This song is a dedication…“