THRASH COM H CLASSICS

Coluna q se pretende mensal, de reprises de S.U.P. lá do “outro” blog. Com o lamento de ñ ter conseguido salvar os comentários da época. Façamo-los novamente!

Publicado originalmente em 4 de Junho de 2004:

“Jesus Killing Machine”, Voodoocult, 1994, Motor Musik/PolyGram

sons: KILLER PATROL / METALLIZED KIDS / JESUS KILLING MACHINE / BORN BAD AND SLICED! / ALBERT IS A HEADBANGER / HELLATIO / DEATH DON’T DANCE WITH ME / ART GROUPIE / BLOOD SURFER CITY / VOODOOCULT / BITCHERY BAY

formação: Phillip Boa (vocals, lyrics), Dave Lombardo (drums), Chuck Schuldiner (guitar), Dave ‘Taif’ Ball (bass), Gabby Abularach (guitar), Waldemar Sorychta (guitar), Mille Petrozza (guitar)

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Sabe o q é foda? Tem 10 anos q esse disco foi lançado, e ninguém lanço versão nacional AINDA!…

Pq a cena metal – ou o mercado heavy metal – como outros mercados ou cenas, e principalmente a partir dos anos 90, vem se caracterizando por diversas “ondas”: a leva de metal melódico, depois a onda de clones do Chatovarius (q já era duma “originalidade” entre aspas), a leva de gothic bands, com vocais masculinos e femininos alternados (vanguarda tornada vã-guarda), a onda de discos tributo, e, ultimamente, essa de óperas-rock – cheias de vocalistas os mais díspares (“Aina”, “Star One”, “Missa Mercuria”, “Avantasia”…) – ou de participação de ilustres em discos de bandas menores, ou desconhecidas, pra alavancar vendas e reconhecimento.

(Tem um certo Thalion, do Rio – alguém já tinha ouvido falar? – q tá pra lançar disco aí, com participação do Michael Kiske, de gente do Shabi e do Franga, e tal… Provavelmente banda de filhinhos de papai, q desencanou de trocar de carro, ou de pagar manicure pro cachorro por um tempo, pra investir na banda do ‘filhão’). Até reclamava disso por aqui há uns 2 meses (acho), quando falava de Franga ou Shabi disputando pra ver quem é q junta mais gente convidada nos discos ou nos shows ‘pirotécnicos’. De repente, banda boa agora é a banda q tem mais amigos, é isso?

Como comentou o Inácio por aqui certa vez, “enquanto estiver vendendo, continua”. Sim. De repente, virei tiozinho mesmo, pq sou do tempo (ih!…), em q projetos paralelos ou inusitados eram exceção, e ñ onda. Como foi o Voodoocult. Engraçado – insisto – q com essa moda atual, ninguém parece ter lembrado de lançá-lo. Venderia pra cacete!

Quem viu a formação ali acima, ñ se enganou: Dave Lombardo, Chuck Schuldiner e Mille Petrozza numa mesma banda. Ou, melhor dizendo, num mesmo disco. Pq informações a respeito foram poucas na época – a despeito dum certo auê, só li a respeito na Rock Brigade, suficiente pra me instigar, e eu acabar achando o cd (quando já tinha desencanado da busca) num balcão de ofertas na Galeria – mas deduz-se do encarte (tb pouco informativo) q as gravações foram separadas: o Mille gravou na Alemanha (e aparentemente só o som q co-escreveu, “Blood Surfer City”), o Chuck, dos EUA (gravou apenas solos em “Born Bad And Sliced!” e em “Voodoocult”), e o núcleo do projeto (Phillip, Lombardo, Sorychta, Ball e Abularach) parece ter gravado num mesmo estúdio. Na ilha de Malta.

Do pouco q saiu sobre história da banda/projeto, sei o seguinte: o tal Phillip Boa seria um vocalista alemão de pop rock, q resolveu fazer um disco de heavy metal e, pra isso, juntou/pagou o time citado acima (e o tal Sorychta já havia feito história numa banda chamada Despair, q nunca ouvi, mas q era descrita como uma cruza do Helloween com o Slayer! – alguém tem ou conhece?). Na “boa” (argh!), ficou bão.

(Ah, e q Probot o quê!…)

O som? Thrash, porra! Ainda q em afinação mais baixa, mas repleto de bases, e alguns riffs, e tendo tb a melhor característica q se podia esperar do projeto (ao menos pra mim): a maioria dos sons parece ter sido composta A PARTIR do Lombardo. Q na época estava recém saído/demitido do Slayer, e ainda ñ tinha iniciado o Grip Inc. – aliás, iniciado a partir deste “Jesus Killing Machine”: “Born Bad And Sliced!”, 1ª parceria de Sorychta e Lombardo, poderia ser até considerado o 1º som da futura nova banda. Pra dar noção da performance do cara, basta dizer q é um meio termo entre o próprio Grip Inc. e as atrocidades por ele cometidas no “The Gathering”, do Testament.

Foda!

“Killer Patrol” tb lembra um pouco o Grip; “Metallized Kids”, “Albert Is A Headbanger”, “Jesus Killing Machine” e “Hellatio” são mais cadenciadas q rápidas (as duas primeiras até meio marciais), num cd q se deixa ouvir numa boa. Tudo muito homogêneo, nada destoa negativamente. Nem asterisquei nada acima, como de costume, mas minhas preferidas são as mais rápidas e as q têm mais trampo de 2 bumbos: “Art Groupie”, “Blood Surfer City” (q poderia ter entrado nalgum Kreator), “Born Bad…” (baseada toda em grooves, únicos, de tambores com 2 bumbos) e “Bitchery Bay”, q ainda tem uma puta letra.

Sobre as letras: o tal Boa, responsável por elas, apresenta um estilo único, mesclando surrealismo, trocadilhos (mais até q o Gary Holt no último do Exodus) (embora alguns sejam ininteligíveis), ficção científica, citações literárias (Anthony Burguess, Camus, Sartre etc.) e puro mau gosto. Curto pra caralho. Exemplos: 1) refrão de “Killer Patrol” – “killer patrol/in our hatemobiles/with killer-petrol/in our hatemobiles!”; 2) “Jesus Killing Machine”, fala duma volta de Cristo, com um exército e armamentos (“giant-slot machinery”), pra exterminar a escória da humanidade; 3) “Bitchery Bay” fala duma praia habitada por putas, meio como um paraíso (“here where the bitches grow on trees”). Nos vocais, ñ compromete, até pq provavelmente sabia q ñ era a peça principal. Na maior parte, valendo-se de efeito, soa distorcido, incômodo (na boa) e até meio industrialóide, com o q ñ foge do clima do cd.

Mais obscuro ainda foi o fato de haver sido lançado, 1 ano mais tarde, um 2º disco do projeto, desta vez auto-intitulado, e sem Lombardo, Chuck, Sorychta e Mille (e com o baterista do mesmo Despair, Markus Freiwald, no lugar do hómi), q nem é tão fudido assim (nem poderia), e tem participações guitarrísticas discretas (nem poderia ser diferente) do Jim Martin, ex-Faith No More. Mais industrialzão, hardcore, eletrônico, sujão, e menos técnico q “Jesus Killing Machine”, contou tb com um tecladista (Moses Pellberg), e ainda sim se faz digno de alguma curiosidade devido a sons tais como “Welcome to A New Season Of Deathwish”, “King Of Beautiful Cockroach”, “Exorcized By a Kiss” e “Cliffhanger On a Bloody Sunday”, conservando o estilo estranho de temas/letras do Boa. Mas só por isso. O estrago cometido em “Jesus Killing Machine” ñ foi replicado.

Com tanto projeto sensacional, vanguardista ou “inspirado” de metal melódi-CU por aí, é até compreensível o Voodoocult ainda ser solenemente ignorado. Compreensível, mas fudidamente injusto.