FAITH NO MORE

Ah, é sobre o Maquinária Festival, q deveria ser o título do post. Mas fui pra ver o FNM

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CONSIDERAÇÕES PERIFÉRICAS BREVES: ao contrário de muita gente q tenho lido, achei legal o lugar. Longe? Um pouco, sim, mas com alguma antecedência e planejamento (como estamos acostumados a chegar na última hora nas coisas!…) chega-se bem. Levei pouco menos de meia hora (de carro) e 17km pra chegar, e consegui situar o lugar graças ao som (alto) da Nação Zumbi, audível da Francisco Morato paralela.

Sabe o papinho furado q rola dos Monsters Of Rock saudosos, ou do Live’n Louder broxados (o 2º, broxante), de q eram festivais tipo Wacken e etc.? Porra nenhuma. A tal Chácara do Jóquei mostrou-se ambiente propício a isso: é um descampado tremendo, entradas e saídas variadas, bares e lojas (em nº suficiente pra ñ gerarem filas) disponíveis, banheiros idem, palcos (os 2) bem situados e tal. Quem ñ gostasse, sentasse na terra ou grama, ñ em tapume de madeira meia-boca.

O quesito PONTUALIDADE foi sensacional: 1º show começou às 15h, Faith No More terminou às 23h30min, em ponto, a tempo das pessoas saírem pra pegarem o busão. Nota 10, isso!

Entanto, tem o lado da GRANA tb. Paguei R$ 200 pra pista (e ñ era a tal pista premium, a 450, situada mais à frente do palco e separada da “minha” pista por cerca e seguranças), e nos bares a água (garrafinha) custava 3 contos, refri 5, cerveja 6 e dogão ou mini-pizza tb 6 contos. Camisetas “oficiais” de FNM custavam 40 ou 50 conto (30, a mais barata, pra mulher: baby look). Mas penso ser algo a se calcular quando se compra o ingresso: ou festival na Europa por acaso é barato??

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Posto isso, às bandas:

* nunca tinha presenciado ao vivo (ao vivo mesmo, ñ de ver ao vivo em tv) a Nação Zumbi. E gostei. E muita gente ali presente tb. No q divago pra outro ACERTO do festival: ñ ser evento q se propõe a ser de metal: é de rock, em geral. Ñ se via headbangers típicos por ali – e acho q foi bom por isso – no sentido de q um público mais amplo e receptivo deu as caras ali sábado.

E cheguei à conclusão de q, tal qual o Ratos De Porão, Nação Zumbi é banda pra se ver ao vivo mesmo. Tenho pouquinha coisa dos caras, mas reconheci “Blunt Of Judah”, “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada” (bastante entoada pela galera, ainda mais pelos indies metidos a ripongas ali presentes) e a chata “Maracatu Atômico”, tocada de maneira diferente, mais pesada. O final, salvo engano, foi com “Quando A Maré Encher” (cover do tal Eddie, da 4ª divisão do tal “movimento” mangue-bit), q me encanta pela harmonização presente: como é q, com UMA guitarra, sai um som tão harmônico dali?

O baterista é meio desengonçado, mas toca pacas. Os percussionistas dão um peso, q o baixo só faz acompanhar (e ñ o contrário). O guitarrista “se acha” um pouco, mas ñ atrapalha. Ñ foram hostilizados, tocaram dignamente, e é isso ae.

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* veio o Sepultura. E foi chôcho. Tocaram COM O NOME, tipo jogador de futebol repatriado jogando sem preparo físico. Alguma culpa tvz fosse do SOL: o palco ñ tinha cobertura e, eles enquanto 2ª atração, tocaram ainda de dia (e tava quente pra caralho)… Mas por outro lado, vi banda q ñ se esforçou em se comunicar com a gente, tocando som atrás de som e ficando um tempão entre música e outra conversando entre si. Será q ñ tinham set list preparado?…

O som estava pior q o da Nação Zumbi, q eram em 7 no palco. Ouvia-se bem os bumbos, depois um pouco melhor a bateria, e daí baixo, guitarra e vocal tudo baixo. Vocal, ñ tem jeito: o Derrick Verde ñ “canta” porra nenhuma, e os efeitos usados pra distorcer a voz do negão pouquíssimo ajudam. Há 12, 13 anos na banda, e falando mal português, pode? Vocalista sem carisma da porra!

Falando em carisma, Andreas Beijador perdeu muitas chances de se comunicar. Parecia só na dele, fazendo o seu, e olhe lá. FAZ FALTA 2ª GUITARRA PRA BANDA, ñ teve jeito. Aí, a surpresa final: nos 2 últimos sons – um, recente, tvz do “Durde 21” ou do “Te-Lex”, o outro, final, “Roots Bloody Roots” – Beijador empunha aquela Giannini da capa do “Nation” grafitada e – oh! – saí um PUTA som de guitarra.

Deveria ter tocado com ela o show inteiro. E deveria ter sido menos paspalho em tocar com meião meio rosa do São Paulo Futebol Clube: tem bambi q ñ se enxerga…

Sons antigos foi o q segurou, e com um ÚNICO PONTO POSITIVO, pra mim: pararam com a mania idiota de fazerem medleys. Tocaram “Dead Embryonic Cells” (bem, e com Derrick errando letra), “Inner Self” (a melhor das antigas, com o Dollabella comendo o Igor com farinha nos bumbos), “Troops Of Doom” e “Territory” satisfatoriamente. Mas “Arise” e “Refuse/Resist” ñ achei tão legais. Tvz pelo som ruim.

Se tinha gente ali disposta a ficar fã, ñ conseguiu. Fã das antigas, parecia ñ haver ninguém (tvz o Toninho Iron estivesse por ali, e olhe lá), e o q vi foi gente fã, mas pelo pula-pula, pela fase recente, meio alheia ao estilo antigo. Boa sorte no 3º Maquinária pra eles.

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* os Deftontos, pra mim, foram o ANTICLÍMAX total. E a prova de q eu precisava de perceber existir, sim, Pro Tools pra banda ao vivo. Por q o digo?

O som dos caras estava BORRADO todo o tempo. Ñ era inaudível – ouvia-se até as ghost notes do baterista e o baixo bem timbrado do negão ali – nem baixo, nem desequilibrado. Mas borrado, e parecendo vir a nós por um radinho de pilha.

A molecada ali presente adorou, berrava junto, posavam de manos, emocionavam-se com os berros EMOS (new metal uma pinóia!), sem se tocar do truque mais PICARETA do dia. O tal Chino Moreno berrava uma ou duas vezes e se dobrava (imitando mal Mike Patton), pra os efeitos de delay repetirem os mesmos gritos. Provavelmente acionados pelo dj, de q ñ vi grande utilidade no palco, a ñ ser q fosse pra acionar e desacionar os efeitos salvadores.

Falando sério: se o cara berrasse DE VERDADE tudo o q reverberou pra nós ali, era pro Patton pegar o banquinho e sair de mansinho. Ñ foi, ñ fez, ñ pegou. Show chato da porra, em q me pareceu baterista e baixista tocarem mais do q mostraram, com integrantes mal se olhando durante os sons (pareciam tocar num piloto automático, como devem vir fazendo toda a turnê), de sons quase todos em andamentos IDÊNTICOS, sem variações q ñ refrão com berreiro e pseudo-riffs iniciais emulando barulhos de rap, e um guitarrista q ñ toca tudo isso pra trocar de guitarra a cada 2 sons; pelo q lá vimos, o mano usou umas 5 diferentes. Pra fazer as mesmas coisas e nenhum solo?

Enfim. Foi pouco mais de uma hora e meia de show, parecendo 4 ou 5. No fim, nas últimas duas ou 3 músicas, até achei uns sons melhorzinhos, fugindo do esquema redundante de todas as outras. Teriam deixado o q era bão pro final, ou fui subliminarmente sugestionado a gostar de algo na marra?

Sei lá. Se eu fosse um dos moleques (e minas) ali presentes, q tivessem pago 200 paus só (ou principalmente) pra ver esses caras, e percebendo o ESTELIONATO SONORO, teria ficado é muito puto.

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* o Jane’s Addiction, seguinte, achei o completo ANTÍDOTO à pasmaceira dos Deftontos. Sabe show profissa, dedicado, esmerado, ensaiado? Foi esse. E q só ñ foi o melhor pq o Faith No More reinou soberano (mas ñ por deméritos da horda do Perry Farrell). E pouco dado a chamarmos de caça-níqueis, haja visto a formação original ter se apresentado.

Pano de fundo caprichado – meio cortina de boate – som cristalino, luzes adequadas (foram os primeiros a tocar na noite), carisma do Farrell em sua roupa prateada brilhante e trajeitos bichísticos (é gay assumido) nada afetados, e q ainda chama a atenção toda pra si, no bom sentido.

Pq Dave Navarro ñ parecia tão afeito a aparecer tanto, como tb o baixista Eric Avery, com cara de mau-humorado e de postura de palco absolutamente AUTISTA: andava em círculos no seu nicho de palco, raramente vindo pôr um pé no pedestal da bateria, e de costas pra nós, sem deixar de exalar competência. O buraco q se sente de uma guitarra faltante no Sepultura, inexiste no Jane’s Addiction.

Até por conta do Stephen Perkins, baterista MONSTRO. Bateria de 2 bumbos e 3 (ou 4?) tons, tremendamente bem afinada e incoporada de percussões e com som perfeito. Pegada idem. Tem momentos nos sons q são bem percussivos, e se ouvia a CLASSE do sujeito, q ñ bate só por bater: tem intenção cada groove, cada virada preenchendo tudo. Ñ tem muito a ver isso q posto, mas o próximo q me vier falar de Mike Terrana, vou falar com a boca cheia (de cuspe): “foda-se, eu vi o Stephen Perkins!!!!”

Jane’s Addiction foi a banda q tvz tenha mostrado à molecada de gosto raquítico ali presente q se pode fazer músicas interessantes (algumas, verdade, um tanto longas. Mas sem punhetagens), com passagens, com dinâmica e com solos de guitarra, oras bolas!

E me fez me auto-indignar: caralho, como é q ñ tenho PORRA NENHUMA de discos deles? Providenciarei o quanto antes.  Outra boa surpresa: ñ achei q tivessem assim tantos fãs. “Been Caught Stealing” foi entoada inteira, e a parte intermediária (de voz esquisita) em “Stop!” tb.

“Mountain Song” (q o Judas Priest chupinhou em “Revolution”) causou comoção. E “Ain’t No Right” (q groove, porra!) me fez lembrar q eu conhecia mais q 4 sons deles. Ah, teve tb duas moçoilas pelo palco, estilizadas tais quais a capa do “Nothing’s Shocking”, semi-nuas, pra instigar os machões presentes, assim como número final com percussionistas e mulatas, mas q ñ ficou aquela coisa “Sérgio Mendes” ou forçado, soando, sim, como homenagem e/ou integração, como Farrell bem explicou, entre “festas de Los Angeles” e “festas brasileiras”. Show pra se recordar daqui 1 ano com orgulho.

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Melhores detalhes, sugiro a resenha lateral ao teco de link youtúbico abaixo.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=64vOioDu3fI[/youtube]

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O Faith No More ter feito o melhor show foi – sem trocadilho – chover no molhado. Até pq, se ñ tivesse sido mesmo bom, ainda assim teria sido bom. Mesmo q pela expectativa causada.

E reforçada pela porra de chuva de 10 minutos q caiu NA HORA em q começariam o show. Via-se roadies desesperados cobrindo os equipos e rodando o palco q nem barata tonta. Ficou uma dúvida sobre se cancelariam a bagaça. Felizmente ñ.

Mike Patton entrando de guarda-chuva quebrou o gelo, e dali foi ladeira abaixo.

E aqui, faço o link ao post “Culhão” de ontem. Pq temia chegar lá um tanto indiferente aos sons, na medida em q, há alguns meses, comprei dvd de show dessa “Second Coming Tour” de show na Inglaterra em julho último. Temia acabar vendo o mesmo show, da mesma seqüência de mesmos sons. E ñ se deu tanto.

Trocaram 6 sons de lá pra cá – em 5 meses, mexeram dum jeito q o AC/DC ñ fez em 20 anos! – e se tvz eu reclamasse de terem faltado “The Real Thing” (q abre o dvd após a intro “Reunited”, balada r&b brega setentista, mas a ver. E tocada, apesar dumas resenhas falarem em ser “Midnight Cowboy”. Porra nenhuma), “Introduce Yourself” ou “Cuckoo For Caca”, por outro lado, botaram no set “Caralho Voador” (executada perfeita em sua ambiência estranha), “Ricochet” (surpresa pra mim), “King For A Day” (melhor ao vivo q no cd), “Just A Man”, apoteótica/catártica, e o fecho consagrador com “Digging the Grave”.

Mesmo com Patton errando a 2ª estrofe nela.

Ah, “Be Aggressive”, q ñ gosto, poderiam ñ ter tocado. Mas ñ teve problema: 20 sons tocados, vou reclamar de quê? A galera pedindo “Falling to Pieces” (tocada no bis no Rio só), ficou frustrada por ñ rolar. Eu ñ. “Midlife Crisis” – com interlúdio com Patton, a la Toy Dolls, caindo no palco pra fazer solo de tosses – e “From Out Of Nowhere” achei melhores q no tal dvd, o q me parece demonstrativo de banda q vem melhorando a cada show.

Extravagâncias existiram aos montes: nesse sentido as resenhas oficiais por aí ñ estão mentindo em nada. Como o exímio Billy Gould dedicar som – e sem sotaque – ao “Palmeiras” (ninguém ainda lembrou q, em 1995, ele tocou com camiseta do time), Patton cantar “Evidence” em português (português torto, mas mais inteligível q dum Força Macabra) e dedicá-la ao Zé Do Caixão, e a zoeira final, no final de “Just A Man”, passando rente à cerca da pista premium, instigando todos a ou cantarem os versos, ou a bradarem “porra caralho”.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=4W80YJLHkSQ&feature=related [/youtube]

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Alguns poucos conseguiam se manter frios pra isso: tentavam é gritar “Mike Patton”, “Faith No More” e obviedades tais. Uma mina tentou beijar o moço, q recuou, daí um cara conseguiu: tacou um beijão nele, q ficou meio desconcertado. (Tem no You Tube a cena).

Tudo acompanhado por roadie e seguranças desesperados ahah

[Em Minas, teve onda pra cima do Atlético-MG, foi isso, Rodrigo?]

“Digging the Grave” final, foi absoluta, foi perfeita, cantei junto até ficar sem ar e dar dor de cabeça. E sabe aquele berreiro pattoniano perto do fim? Foi feito. E se o Chino Moreno ficou sabendo, ou presenciou, deveria é comprar uns Mentex de dúzia e sair vendendo em farol vermelho. No mínimo.

O som estava ótimo: podendo se ouvir tudo sem problemas. Fora um ou outro momento de teclado meio alto, ou meio baixo, e fora eu ñ ter conseguido ouvir a sirene em “From Out Of Nowhere” (vendo no You Tube, vi q teve), tudo bem.

Patton, assim com Farrell e Jorge DuPeixe, tinha mesinha de som no centro do palco para modular, regular, distorcer, corrigir (será q ñ??) a voz, sem distorcer a banda toda. Moreno ñ, precisando apelar a truques obtusos e trapaceiros: PAU NO CU.

E se for verdade se tratar de última turnê, “última vez” por aqui, ou por ali, por acolá e na Conchinchina, tudo bem pra mim. Torço pra q, como com o Carcass, o Faith No More ñ entre na presepada de querer fazer disco novo. Teriam q fazer algo monstruoso, e ñ sei se conseguiriam. Q mantenham o bom nome e o bom passado assim como ficou.

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[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=T5pl7UZjMCc&feature=related [/youtube]

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Especulação final: ñ me parece banda q irá continuar. Comunicação entre os caras durante o show é rara, por vezes truncada e áspera: um mal olha pro outro (no máximo o Patton pro Mike Bordin e pro Gould), ficando pra mim a idéia de q se juntaram pela farra e pela grana. Mas, de novo, assim como com o Carcass de 1 ano atrás, sem causar embaraços aos fãs (do tipo tocarem meia boca os sons), nem soarem caça-níqueis. Nem parecia terem encerrado atividades há 11 anos!…

Porra, caralho. Q venha o dvd.