Ñ SEI SE VALE 5 CONTOS
“Instant Clarity”, Michael Kiske, 1996, Raw Power/Castle
sons: BE TRUE TO YOURSELF * / THE CALLING * / SOMEBODY SOMEWHERE / BURNED OUT / NEW HORIZONS * / HUNTED * / ALWAYS / THANX A LOT! * / TIME’S PASSING BY / SO SICK / DO I REMEMBER A LIFE?
formação: Michael Kiske (vocals, guitars, piano, keyboards, sound effects), Ciriaco Taraxes (guitars; piano on “Do I Remember A Life?”), Kay Rudi Wolke (drums; guitars on “Time’s Passing By”), Jens Mencl (bass)
participações especiais: Kai Hansen (guitars on “Be True to Yourself”, “New Horizons” and “Thanx A Lot!”), Adrian Smith (guitars on “The Calling”, “New Horizons” and “Hunted”), Norbert Krietemeyer (flute on “Do I Remember A Life?”)
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Houve um momento cataclísmico noventista em q pareceu q o mundo iria acabar em barranco devido à saída de Michael Kiske do Helloween. Ñ q ñ tenha sido um evento, mas hj entendo q teve muita firula da Rock Brigade a respeito.
E a História mostrou q o Helloween continuou MUITO BEM sem ele, afinal.
Quando este “Instant Clarity”, saiu, lembro da apreensão q o envolvia. Sobretudo entre os viúvos e viúvas do canário-mor, cujo repúdio a Andi Deris na banda happy happy acompanhava o luto. Tb lembro, vagamente, de resenhas na época nem detonarem, tampouco elogiarem ostensivamente o material. Num modus operandi de crítico q hj entendo como o dum safo distanciamento: quem ñ gostou, ñ quis falar tão mal, pois ñ entendeu muito bem e/ou poderia acabar gostando; quem gostou, ñ se descabelou em elogios, por conta do material em si. E de tb ñ ter entendido bem qual é.
E a questão me parece assim: realmente ñ é uma porcaria de álbum, mas tb ñ há nada por aqui q, a meu ver, credencie o disco como algo injustamente depreciado, apressadamente ufanado, nem mesmo como material seminal, q tenha legado influências a rodo.
Por mais q o sujeito miando em “Be True to Yourself” o Chatovarius tenha chupinhado em sua “Alpha & Omega”. Por mais q “The Calling” e “New Horizons” me soem os únicos sons passíveis de arranjos pelo Helloween. Por mais louvável q “Always” preste-se como réquiem ao recém-falecido Ingo Schwichtenerg.
Resumo do álbum: os sons q contém Kai Hansen e Adrian Smith (alguns inclusive como co-autores, asteriscados todos acima) são os mais a ver com metal. Mais um metal levemente próximo daquilo q o Helloween consagrou em “Chameleon”. Menos divertido e porra-louca, no entanto. Tvz até por conta dos músicos de apoio soarem mais comportados (como no “Skunkworks”, do Bruce Dickinson): bateristicamente desolador me é ver apenas “New Horizons” conter trampo de 2 bumbos. Ñ encontro nas 11 faixas qualquer refrão memorável de sair cantando junto – no q poderia ser pobrema meu só, mas creio se dar por “Instant Clarity” denotar o quão tépido como compositor Michael Kiske sempre foi.
O baixista Mencl é destaque instrumental: sempre jogando algum “molho” e groove nos sons. O desempenho vocal é tb tímido, com pouquíssimos momentos realmente kiskicos de outrora. O álbum é homogêneo, com exceção de “Thanx a Lot!” (uma coisa meio folk, com vocais saturados e solo legal do Hansen), “So Sick” (algo bluesy, de voz distorcida e a única com aparente desabafo pra cima dos ex-colegas e de empresários ou gravadora envolvidos) e “Do I Remember A Life?” (balada longuíssima, com piano e flauta), q parecem coisa q o cara tvz precisasse pôr pra fora sem o imprimatur da ex-banda.
Comparações e aproximações finais: 1) tvz “Instant Clarity” possa servir àquela visita em casa daquela garota q curta pouco ou nada de heavy metal. Rola uns climas; 2) tivesse nascido nos EUA, tvz Kiske tivesse a partir dele (e da carreira errática com a qual prosseguiu) se tornado compositor de aluguel pra bandas como Aerosmtv ou Nickelblargh, e ñ sei se isso seria legal; 3) é um disco light, q mais adequadamente seria se chamasse “Distant Clarity”, mas jamais a ponto de causar vergonha a alguém de tê-lo comprado ou baixado. A ñ ser q pague uma fortuna por versão importada. O pior a acontecer será abandoná-lo nalgum fundo de prateleira ou deletá-lo uns dias depois, sem maiores conflitos.
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CATA PIOLHO CCXI – tirado da bio iômmica, de fonte canhota e sem os tocos duns dedos: o riff de “(Fight For Your) Right to Party”, dos Beastie Boys, parece ter sido chupinhado/sampleado do de “Hot Line”, do Black Sabbath
FC
30 de outubro de 2012 @ 11:38
Quando comprei aconteceu mais ou menos o que disse, tive que desenbolsar uma grana pela versão importada, tava muito ansioso, ouvi e entrei meio que num “estado de negação”, tentando me convencer de que o disco não era ruim.
Eu já estava preparado para ouvir algo na linha do Chameleon e não tinha nenhum problema se viesse pop, mas mesmo assim, ouvi, reouvi, rereouvi e praticamente nenhuma música me pegou.
Talvez “Always”, “Time Passing By” e “Do I Remeber a Life” sejam as mais “temperadas”, mas a maioria é bem sem sal. Sem contar que os vocais são muito burocráticos, totalmente pé no freio.
doggma
30 de outubro de 2012 @ 14:48
Soa pra mim como uma tentativa de enveredar pelo rock alternativo de FM da época, mas ainda mantendo um dedo na velha vibe heavy (como nas citadas “New Horizons” e “The Calling”). Talvez pra conferir mais alguma garantia de retorno comercial ou simplesmente por força do hábito mesmo.
“Somebody Somewhere”, “Burned Out” e “Time’s Passing By” são claramente feitas para as rádios. E até competentes nesse sentido. Vai saber o que faltou pra conseguirem um lugar ao sol. Talvez um produtor especializado em música pop. Ou talvez um cantor mais jovem e galã, hehe.
“So Sick” tem um clima meio Beatles. “Do I Remember A Life?”, balada épica interminável², destoa. Melhor resolvida é “A Song Is Just A Moment”, a balada More-Than-Words que fecha. Mas também sofre do mesmo mal do resto do álbum: a referida falta de um refrão (ou letra) realmente ganchuda – o que é surpreendente vindo de um grupo de veteranos em melodias e arranjos.
No geral está longe de ser um registro ruim, mas peca pela falta de direção e acaba soando um pouco modorrento e, pior, sem identidade.
Prefiro o “Skunkworks”.
Marco Txuca
31 de outubro de 2012 @ 02:34
Q “A Song Is Just A Moment”? Faixa escondida, por acaso?
Entendo alguma intenção pop da empreitada, mas mesmo em relação ao pop da época, soava deslocado, ñ parece?
Prefiro “Pink Bubbles Go Ape”.
doggma
31 de outubro de 2012 @ 13:22
A versão que ouvi trazia essa música como faixa-bônus. Agora que fui me informar. Nesse caso retiro o elogio, rs.
Sim, soava deslocado. Mas não tenho dúvida de que a intenção era ganhar as rádios mesmo. Lembro da Brigade reportando declarações de Kiske de que ele não queria mais saber de metal, que o disco novo era uma proposta mais “madura” e não tinha nada a ver com o Helloween, etc. Só que sair de uma esfera pra outra completamente diferente não é tão simples assim, como o tempo provou em relação a esse disco.
Aliás, lista dos melhores fracassos rola? Ou nem?
Marco Txuca
1 de novembro de 2012 @ 00:54
Pois é… essa mudança e “maturidade” acabou dando em nada. Haja visto o modus operandi então inaugurado de, volta e meia falar mal do heavy metal, dos fãs de heavy metal… mas topar qualquer trocado pra gravar com bandinhas até do calibre dum Thalion.
A real é q tvz o Kiske, assim como a Tarja no Nightwish, tvz nem fosse assim “do metal”. Tvz “Instant Clarity” e a errância solo/bandas outras do sujeito tenha mostrado por a + b q no Helloween ele acontecia… enquanto q em carreira solo ele se tornou só mais um.
FC
2 de novembro de 2012 @ 13:18
Não acho que seja o mesmo caso da Tarja, não. O Kiske sempre fala das influências dele com Geoff Tate, Bruce Dickinson, Rob Halford etc, enquanto a Tarja mal devia saber o que é uma guitarra distorcida.
Talvez o caso seja que o Kiske se encheu muito mais rápido do estilo ou apenas goste mais dessa vertente pop que, no fim, não paga as contas dele.
Marco Txuca
2 de novembro de 2012 @ 14:56
Pois é… e aí vale um monte pra chamar atenção. Será q poderíamos considerar Kiske a “Carolina Dieckmann do metal”? ahah