VALE 5 CONTO

“Presents Of Mind”, Tiles, 1999, InsideOut/SPV/Laser Company/Rock Brigade Records

.

A quem puder objetar – se é q alguém liga – q Vale 5 Conto só fala de prog, digo q, fora alguma coincidência (ñ foi por querer), ao menos posso alegar COERÊNCIA. E brincar com a gradatividade da coisa: com o Slave to the System, tratava-se dum projeto ñ-prog de músicos prog, e quando se tratou do Frameshift, foi a respeito de projeto prog paralelo de músicos prog, ao passo q o Tiles ao menos é uma banda prog por si só.

Esse Tiles é norte-americano e são assumidamente paga-paus de Rush. Ao menos na embalagem:  pois 1) Alex Lifeson – fato raríssimo – participa, e constitui maior trunfo marqueteiro, de álbum recente, “Fly Paper”; 2)“Presents Of Mind”, q é o 3º, e seus álbuns seguintes contam com Terry Brown (produtor dos canadenses no período tido como áureo do trio, entre 1975 e 1981) em engenharia de mixagem, e 3) conta com artes de capa/encarte de Hugh Syme, q desde “Caress Of Steel” (1975) faz capas e encartes rushianos, coletâneas inclusas.

Mas ñ só, ao q cabe parágrafo-devaneio da vez: Megadeth (entre “Countdown to Extinction” e “Cryptic Writings”) e Iron Maiden (no “The X-Factor”) tb já o requisitaram, no q se atenua um pouco a paga-pauzice dos proggers, enquanto, por outro lado, atesta ponto fraquíssimo de arte/encarte deste POM, q se mostra um misto da arte do “Youthanasia” (nas fontes e na paisagem da capa parecida) com da de “The X-Factor” (foto esfumaçada-azulada de banda idêntica, fora desenhos davincianos repetidos, no q era pra mim até então seu pior trabalho), no pior sentido. Vai ver, ñ sobrou grana suficiente pra pagarem bem o cara….

Passando ao conteúdo: influência rushiana patente até existe, como no riffzinho breve e incial em “Static”, nalguns breques em “Ballad Of the Sacred Cows” – uma das 3 instrumentais (são 11 sons), e pra mim a melhor – e em “Facing Failure”, em viradas baterísticas em “Taking Control”, e na descarada faixa-bônus “Another’s Hand”, mas mesmo assim ñ vejo preponderar.

Sobretudo por culpa do vocalista Paul Rarick ter timbre MUITO PARECIDO com o de ‘Gralha’ LaBrie – periga, se um dia o Gralha cantar com o Rush nalgum show, algum desavisado achar q os canadenses estariam tocando Dream Theater, e ñ o contrário… – apesar de ser menos chato q ele. E pq a banda, q conta ainda com Pat DeLeon (bateria, percussão, backings), Chris Herin (guitarras, bandolim, banjo e teclados; fora chefão) e Jeff Whittle (baixo) parece BEM MAIS influenciada por DT (eles e 90% das bandas prog metal).

“Safe Procedures”, em seu groove, corrobora essa minha tese. “Facing Failure”, identicamente (a ñ ser pelas ghosts notes baterísticas – tb presentes em “Modification” – q é coisa q Portnoy ñ costuma ostentar) e tb o trechinho ‘na manha’, quase ao final, meio “The Silent Man”… “The Learning Curve”, em seu início acústico, ostenta maior tranqüilidade, remetendo um pouco às bandas chupins de Genesis, tipo Marillion e Threshold – pelo menos no pouco q delas conheço – o q dá alguma variedade ao Tiles. Há ainda os 11 minutos e pouco de “Reasonable Doubt”, um tanto por parecer obrigatório músicas longas em disco prog, mas ñ só: sendo som q se permite ouvir pela presença sutil dum violino (influência tb de Dixie Dregs e/ou Kansas?), q dá um clima diferente.

Mais do q ficar descrevendo sons, digo q POM tem tudo q um fã do estilo espera, sem tirar nem pôr. (Fora dado curioso: mesmo com faixa-bônus, o álbum ñ chega a 60 minutos, o q  o torna praticamente um ep ahah). Pra quem é mais chato em exigir originalidade, elementos ao montes desmentindo-a existem; pra quem ñ liga, é viagem das menos chatas – existem bandas bem menos interessantes nesse meio, daquelas q fulano toca pra cacete e quer ostentá-lo, mal sabendo compor músicas minimamente apreciáveis – no q ainda ajudam as discretas incursões de teclado, o q torna os sons (mesmo alguns tendo breves introduções futuristas) todos bastante orgânicos, o q pro meu particular gosto é sempre saldo positivo.

Quem visitar o site oficial da banda, depararar-se-á com um marketing bastante eloqüente, até forçado (e eu achando q é só no Brasil existiam as bandas hiperbólicas) – q inclui depoimentos lisonjeiros de Mike Portnoy (acerca da suposta maravilha desconcertante q é POM. Menos, menos…) e de Ian Anderson (do Jethro Tull, com quem andaram excursionando) acerca de “Fly Paper”. Ñ me parecem a salvação do metal progressivo, mas tb ñ é banda assim descartável: em dias bons, é coisa de os vermos buscando caminho e identidade (supondo q os álbuns seguintes tenham as influências mais diluídas); já em dias ruins, tvz melhor ouvir as bandas originais…

Destaques finais: “Static” (pro meu gosto, a 2ª melhor), “Crossing Swords” e “The Sandtrap Jig” (as outras duas instrumentais, meio introdutórias aos sons seguintes, mas tb algo independentes), a “Reasonable Doubt” grandona e “Another’s Hand”, insisto, pra dias de bom humor; fora “Ballad Of the Sacred Cows”, já citada. E o baixista, q é bom pra cacete e tem um suingue da porra!…

*************

CATA PIOLHO CLXXII – autoplágio motörhéadico da vez: “English Rose”, do “Motörizer” recente, combina “Angel City” (do “1916”) com “Christine” (do “Kiss Of Death”), mais algumas coisinhas nem tanto a ver com uma, nem com a outra.