KING CRIMSON

04.10.19 – Espaço das Américas, São Paulo

Foi um solenidade, ñ um show.

Local todo forrado de cadeiras. Nove setores (fiquei no H), lotou tudo. Ainda q duas cadeiras ao meu lado tenham ficado vagas. Ñ teve pirotecnia, nem “boa noite” ou “e aí, Saon Paolo?”. Ninguém usando camiseta da CBF no bis. Tampouco telões com animações em profusão. Luzes eram azuis, brancas ou vermelha. Integrantes ñ foram apresentados, nomes de músicas ñ foram anunciados. Ñ precisava: sabíamos quem estava ali e onde. E o quê.

O q teve então? MÚSICA. Como tem q ser. Banda tocando, público ouvindo.

3 horas de show, com direito a 20 minutos de intervalo. Intervalo pra eles, público ñ precisava. Ñ pediria. A amiga Dani, q foi junto, fez a comparação inevitável com o Dream Theater, q uma música inteira cansa mais (bem mais!) q o King Crimson tocando 2h40min.

Sim, procede.

A ambiência propícia tb foi gerada antes: fomos avisados de ñ podermos usar smartphones. Nada de ficar filmando, tirando foto, fazendo selfie: é pra ver/ouvir/sentir o show. Eu ñ sabia se deixariam a gente entrar com celular; ñ houve como ñ deixar.

A banda ñ proibiu exatamente: pediu, na verdade, pra q só os usássemos no verdadeiro fim do show. Telões exibiam o pedido, cartazes postados em cavaletes tb, assim como uma locução feminina marota, em Português mas com humor britânico, fez o pedido. Assim como nos pediu se deixaríamos “o baixista Tony” (Tony Levin é fotógrafo, ainda por cima) tirar umas fotos nossas ao final eheh E o q vi? Maioria absurda das pessoas RESPEITOU.

Brasileiro vira-lata é o caralho. De modo q as fotos do show q tenho são as acima mesmo. A última, puxei via Google do twitter de Levin.

***

A banda é hermética, às vezes ñ desce nem pra nerds fãs de progressivo típicos (nerds fãs típicos + progressivo típico). Mudou muito a pegada ao longo dos anos (progressivos, certo?), assim como os integrantes (alguns saíram e voltaram mais de uma vez) e as formações (teve uns tais ProjeKcts paralelos, de 1 a 10, muito específicos). Vai lançando seus trabalhos sem q ninguém fora do círculo de devotos saiba exatamente. O lançamento mais recente é o dvd duplo e caro pra caralho “Radical Action to Unseat the Hold Of Monkey Mind” (2016) q contém sons inéditos/novos exibidos. Dos quais 2, obviamente, foram meus favoritos. Por razões baterísticas.

Puta merda. TRÊS bateristas monstruosos no palco – Pat Masterlotto (o mais antigo na banda), Gavin Harrison (ex Porcupine Tree) e Jeremy Stacey (o do chapéu; e q tb toca com Noel Gallagher) – ora tocando juntos, ora complementado e fritando, ora repetindo em 3 as viradas e passagens (apoteótica e catarticamente em “Indiscipline”). E NA FRENTE DO PALCO, deixando os outros no fundão. Fora isso, os sons “Drumsons” e “Suitable Grounds For the Blues” são apenas baterísticos: Robert Fripp, Jakko Jakszyk, Mel Collins e Levin ficam imóveis atrás, só olhando.

E os amigos achando q Primus ou Tool eram doidos.

Os sons predominaram da fase setentista inicial, entre 1969 (“In the Court Of the Crimson King” faz 50 anos de lançado neste ano) e 1974, quando acabaram pela 1ª vez, após “Red”, q aliás teve a faixa-título tocada. Pra mim, outro momento sublime. Algo q tb justifica o vocalista/guitarrista Jakszyk, de timbre muito próximo aos finados Greg Lake e John Wetton.

Preferia q tivessem tocado mais sons oitentistas – de “Discipline”, “Beat” e “Three Of A Perfect Pair” – ou até mesmo de “THRAK”, meu preferido (noventista), mas nem liguei. O evento foi inexplicável, quase como estar presente diante de alienígenas. Tb me foi inexplicável ñ constar Bill Rieflin no palco, baterista e atualmente exclusivamente tecladista (função q coube a Stacey); a formação octeto veio septeto. Mas q q tem?

Domingo, ainda mais inacreditavelmente, tocaram no Rock in Rio [é a deixa], após Nickelblargh e antes de Imagine Dragons, um Coldplay na 4ª série. Um set inacreditável de UMA HORA (!!) com 7 músicas. Passou no canal Multishow, de onde pude tirar fotos e quase ir às lágrimas de novo.

Ainda ñ achei no YouTube e vou torcendo pra alguém vender o dvd ripado na Galeria. Robert Fripp é foda. É inacreditável. Os 500 contos do ingresso ñ me doeram. Mesmo.

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Set 1: 1. “Drumsons” 2. “Lark’s Tongues In Aspic, Part One” 3. “Suitable Grounds For the Blues” 4. “Red” 5. “Epitaph” 6. “Drumzilla” 7. “Neurotica” 8. “Moonchild” 9. “Radical Action II” 10. “Level Five” – intervalo de 20 minutos – Set 2: 11. “Drumsons” 12. “Cirkus” 13. “Easy Money” 14. “Lark’s Tongues In Aspic, Part Four” 15. “Islands” 16. “Indiscipline” 17. “The Court Of the Crimson King” 18. “Starless” – bis 19. “21th Century Schizoid Man”