SERVIÇO DE UTILIDADE THRASH COM H
“Green Naugahyde”, Primus, 2011, ATO/Prawn Song/Lab 344
sons: PRELUDE TO A CRAWL / HENNEPIN CRAWLER / LAST SALMON MAN / ETERNAL CONSUMPTION ENGINE / TRAGEDY’S A’COMIN’ / EYES OF THE SQUIRREL / JILLY’S ON SMACK / LEE VAN CLEEF / MORON TV / GREEN RANGER / HOINFODAMAN / EXTINCTION BURST / SALMON MEN
formação: Les Claypool (vocals & bass), Larry Lalonde (guitars), Jay Lane (drums)
.
O tempo fez bem ao Primus.
E tb seu hiato duns 10 anos, os trocentos projetos-solo, paralelos e/ou co-secantes de Les Claypool (Sausage, Oysterhead, Les Claypool & the Holy Mackerel, Colonel Les Claypool Fearless Flying Frog Brigade, Les Claypool’s Frog Brigade e Colonel Claypool’s Bucket Of Bernie Brains – dos quais nunca ouvi nadinha de nada, mas q desconfio terem podado seu umbigo), o ep + dvd aperitivo “Animals Should Not Try to Act Like People” (com a volta de Tim ‘Herb’ Alexander à horda, q ñ se consumou na seqüência) e tb a saída de Brain ‘Brain’ Mantia da banda.
Creio ñ ter sido só comigo este “Green Naugahyde” chegando sem estardalhaços, nem lançamento nacional por multinacional, meio na miúda. A apresentação brasuca dos caras em 2011 (no SWU) meio q o trouxe por tabela. E a mim, trouxe estranhamento. Tornado fascínio imediato, quando da aquisição do citado artefato.
Ñ sei cravar “Green Naugahyde” como clássico, junto a “Frizzle Fry”, “Sailing the Seas Of Cheese”, “Miscellaneous Debris”, “Pork Soda” ou “Tales From the Punchbowl” (clássico pra mim, pelo menos) – tvz seja questão de TEMPO para tal – mas já o afirmo superior a “The Brown Album”, “Rhynoplasty” e “Antipop”, com absoluta certeza. Por ser álbum sem qualquer dos tantos deméritos dos 3 últimos citados. ‘Brain’, um deles.
Os sons neste aqui têm coesão, a banda mostra-se como banda de fato (só a intro e 2 sons são só do baixista), há elementos novos em termos de PESO e timbres (vocais inclusos) e, no mais, percebe-se o Primus aqui maduro, usando a técnica A FAVOR dos sons bizarros, sem autoparódia, autoindulgência, nem relação suserania e vassalagem Claypool – os outros 2.
Claro q ñ faltam os típicos elementos da banda: sons falando em salmão e/ou pescaria, as letras pitorescas, influências de Frank Zappa e King Crimson a rodo, o baixo às vezes alto demais na mixagem, repetição a tôa dum tema ao final (“Salmon Men”) e 3 sons q poderiam ter constado de qualquer álbum anterior: “Hennepin Crawler”, “The Last Salmon Man” e “Eternal Consumption Engine”.
Este último, enfadonho como a quase totalidade de “The Brown Album”, e o único q ñ curto.
Além disso, “Green Naugahyde” traz como acréscimo traços prog e psicodélicos às composições, como nunca antes decantados. Sons pra viajar, conduzidos até mesmo pela guitarra, a mim são destaque: “Eyes Of the Squirrel”, “Jilly’s On Smack” e “Green Ranger”, dos quais a duração extensa – exceto a da última, praticamente uma vinheta – nada atrapalha, muito pelo contrário. Os caras conseguiram fazer com q viajemos COM OS SONS, ñ com a técnica de workshop meio autista iniciada em “Pork Soda”… pra daí ter virado um casulo q os encapsulou, sem volta.
**
Muito dessa viajeira pode-se tb atribuir ao baterista Jay Lane, q era integrante original (co-fundador; gravou a 1ª demo) e formatador da sonoridade q o Primus consolidou: Tim Alexander o seguiu e aprimorou, Brian Mantia, ñ.
Sua técnica ñ é neilpeartiana como a de ‘Herb’, mas ostenta timbres (splashes, sinos e uso de tom-tons), firulas (semicolcheias em chimbau) e um modo percussionista de tocar q me lembra o subestimado Stephen Perkins (Jane’s Addiction, Porno For Pyros). Tem mais ginga e oferece o elo de ligação pra lá de articulado entre as fritações de Claypool e Larry Lalonde, monstro guitarrístico à paisana como nem Alex Lifeson (Rush) consegue ser.
“Tragedy’s A’Comin'” e “Extinction Burst”, voltando aos sons, trazem um sotaque prog mais acentuado, o q reflete e reitera a tal maturidade q enxergo nos caras aqui: a 1ª tem um inusitado quê de AC/DC (da safra “Ballbreaker”) no riff guitarristico, um elemento classic rock q se amolda à perfeição aos slaps baixisticos alucinados. Puta som, e tvz a única realmente radiofônica, junto de “Lee Van Cleef”.
“Extinction Burst” contém riff de baixo sublime e pesado no qual o som e a banda evoluem junto, paralelamente e colidindo com o mesmo: coisa de louco – se for o caso de se ouvir UM som do disco, tentem esse.
“Hoinfodaman” (composição de Lalonde) e “Moron Tv” – o riff de baixo mais pesado da banda! – prestam-se àquele primo (ops!), amigo ou vizinho mais novo, órfão de System Of A Down e de Fake Against the Machine: ñ derrubarão qualquer governo, tampouco levarão o ‘sistema’ ao colapso, nem gerarão banda com Chris Cornell pra cumprimento de contrato, mas são pesados a vera. Mó pauleiras.
“Lee Van Cleef” parece o hit premeditado. Com louvor. E tem letra fantástica, com variações: “on the big screen they want to see old Clint, they all want to see old Clint/But I want to see Lee Van Cleef, ya know I like to see old Lee”… Num futuro “greatest hits” da banda (num Universo Paralelo e longínquo) constará. Fora isso, gerou um clipe bacana. Procurem no You Tube.
O tempo fez bem ao Primus. E a volta do Primus fez bem a mim. Tomara mesmo q ñ precisem de novos excessos e hiatos pra cometer novas coisas tão boas como “Green Naugahyde” mais adiante. Adiante é onde eles já estão… quero continuar correndo atrás.
*
*
CATA PIOLHO CCXXXII – capistico, Jogo dos 7 Erros:
Jessiê
26 de julho de 2014 @ 02:00
Não sou profundo conhecedor/admirador da banda, principalmente quando o Claypool viaja demais. Mas achei foda este disco talvez o que me soou mais coeso depois de anos e anos (antipop é muito ruim) e não meramente firulices de músicos. Muito bom o trabalho de baixo e guitarra.
Marco Txuca
26 de julho de 2014 @ 02:29
Pois é, Jessiê, Claypool chega até a tocar DE MENOS, às vezes priorizando o timbre e o efeito e deixando Lalonde acontecer, como em “Jilly’s On Smack”.
Os caras aqui encontraram o equilíbrio de ñ quererem soar como Primus o tempo inteiro. É o DNA da banda, ñ adianta virar refém dos próprios maneirismos… evoluir é o caminho, e aqui eles evoluíram dignamente.
märZ
27 de julho de 2014 @ 07:41
Tenho tudo do Primus até Antipop, que considero um album… interessante. Baixei esse último quando saiu, ouvi 1 ou 2 vezes e não me chamou a atenção, não me lembro de nada. Acho que vou ouvir de novo.
Marco Txuca
27 de julho de 2014 @ 12:59
Comece das faixas psicodélicas, siga pra “Tragedy’s A’Comin'” e encare “Extinction Burst”, q aí eu acho q o álbum irá fluir…
doggma
28 de julho de 2014 @ 11:13
Também não consegui assimilar esse disco na época. Não bateu e deixei de lado. Preciso reouvir. Curti muito o disco quase-solo que o Les lançou há pouco e por algum motivo me lembrou o “Naugahyde”.
Off: não estou conseguindo acessar o blog do Exílio. Mudaram o url?
Marco Txuca
29 de julho de 2014 @ 03:02
MAIS UM disco solo de Les? Qual o nome?
Exilio morreu. O dono tirou tudo do ar. De vez.
doggma
30 de julho de 2014 @ 20:03
Pô, sacanagem… eu tinha salvo uns textos no favoritos pra ler depois.
O disco chama-se “Four Foot Shack”. Lançou sob o nome Les Claypool’s Duo de Twang. Só tem uma música nova, as demais são versões de sons das suas bandas (Primus incluso) e covers. “Stayin’ Alive”, do Bee Gees, e “Man in the Box” são de rolar no chão…
Marco Txuca
31 de julho de 2014 @ 00:00
Vc ainda consegue visualizar esses textos, cara?
Salvei alguns deles por aqui e republiquei como “posts exilados”. Mas faltaram 1 ou 2 q jamais reverei.
Claypool tocando “Stayin’ Alive”… ele tb cantando? De rolar no chão? Ou numa cama de pregos? ahahah
bonna, generval v.
1 de agosto de 2014 @ 08:49
Estou na mesma do marz… ainda vou tentar denovo.
“Stayin’ Alive” ficou muito boa!! O disco todo nem tanto… apenas curioso pelas versões em banjo.
doggma
1 de agosto de 2014 @ 13:27
Txuca, consigo não. Só dá aquela mensagem à Ferris Bueler pós-créditos que o cara colocou. Depois vou procurar no Internet Archive pra ver se acho alguma coisa.
Mas lembro que num dos textos (sobre o seu “adorado” Vodu), você perguntava onde andaria o Sérgio Facci. Olha ele aí:
http://whiplash.net/materias/news_817/200249-viper.html
Marco Txuca
2 de agosto de 2014 @ 03:26
“Mensagem à Ferris Bueler pós-creditos”??
doggma
2 de agosto de 2014 @ 21:57
“Vá embora! não há nada para ser visto aqui. \m/”
É o que aparece.
Lembra da cena que fecha “Curtindo a Vida Adoidado”?
Marco Txuca
4 de agosto de 2014 @ 02:33
Ah, vi.
Bem digno do local. O pior lugar internético q já freqüentei, disparado. Idade média da galera ali: 3 anos. Bobear, ainda cagam nas fraldas.