outubro 2013
MAX KOLESNE FALA E EU ESCUTO
Tinha uns meses q eu ñ comprava mais a Modern Drummer Brasil. Simplesmente por ñ encontrá-la. A mais recente, edição 130, peguei por conta do cara da Dave Matthews Band, mas o efeito colateral de ver Max Kolesne (Krisiun) como dos colunistas da revista falou mais forte. Tanto q nem li a tal matéria de capa ainda.
Reproduzirei aqui na íntegra a coluna do sujeito, intitulada “Bateristas De Mentira”. Nada q já ñ se saiba ou desconfie, mas vem de profissional da área. Página 66.
“Saudações, amigos bateristas e amantes da bateria!
Nesta edição vou abordar um assunto polêmico, e que tem me deixado um tanto indignado, que é o excesso de edição e manipulação em gravações, principalmente feita por bateristas de metal.
Hoje em dia existem recursos tecnológicos que permitem ao técnico de som consertar certos erros de performance de músicos no estúdio. Esses recursos são utilizados praticamente por quase todo mundo, mesmo por um ótimo baterista, que teve uma performance brilhante no estúdio. Às vezes o técnico vai lá e corrige algum detalhe, ou algum trecho que teve um pequeno deslize.
Até aí, tudo bem, o problema é que muitas bandas de metal estão exagerando nas edições e manipulando toda a performance, principalmente do baterista, acelerando os bumbos, sampleando a caixa e os tons, deixando tudo muito reto e mecânico, com a intenção de impressionar e enganar o ouvinte com a ‘performance perfeita’.
Só que no fim o trabalho fica uma bela de uma porcaria. Até engana a molecada mais nova, que escuta a primeira vez e fala: ‘Nossa, mano. Olha os bumbos desse cara!’, mas que com o tempo se dá conta de que essa velocidade e precisão somente uma máquina consegue ter, e que esse baterista fake nem músico é, não tem feeling, não tem dinâmica, não tem pegada, muito menos estilo próprio.
Os bateristas que têm abusado desses recursos no estúdio soam todos iguais. São exatamente as mesmas levadas de bumbos rápidos, os mesmos tempos e a mesma pegada. Tudo de mentira…
E olha que eu tenho escutado muito CD com “baterista” de mentira, seja de bandas novas ou velhas, que já estão aí há um tempão e ainda não aprenderam como é que faz, inclusive algumas bandas de que gosto e das quais sempre falei bem. Quando escutei o CD novo dos caras, pensei: ‘Poxa, esse não é o baterista que eu vi tocando ao vivo. Não tem nada a ver’.
E a parte mais contraditória é que essas bandas tiram fotos pagando de ‘mauzão’, pregam aquela atitude ‘tocamos o verdadeiro metal, somos extremos’.
E aí, na hora em que tem de mostrar atitude e ter um pouco de dignidade, se encondem atrás de uma bateria eletrônica.
Bateria é arte, é sentimento. Não interessa o quão rápido ou técnico você consegue tocar. O importante é ter personalidade e fazer bem-feito. Fazer de verdade!
No passado, quando o Krisiun estava começando e eu não tinha bateria, fiz meu próprio kit para praticar, com uma cadeira velha de pau, pedaços de madeira e de borracha, e passava horas treinando no ‘kit cadeira’. Saía encharcado de suor depois dos treinos. Com certeza hoje devo muito a esses treinos. E até hoje a rotina de ensaios do Krisiun é imensa, principalmente antes de gravar. Ensaiamos horas e horas quase todos os dias.
Por isso eu sempre digo: quer tocar dois bumbos, ter velocidade, precisão, pegada, fôlego e criatividade? Vá treinar, meu amigo! Vá ensaiar muito, porque ficar só se autopromovendo no Facebook e tirando fotinho com cara de mauzão não vai te levar a lugar nenhum”.
ALICE IN CHAINS
Ó só: fazia muito, muito, muito, muito, mas muito tempo q eu ñ saía SURDO dum show. Surdez parcial q me acomete, à parte.
Ñ só isso: estava tudo muito ALTO, mas tb DEFINIDO. Há muito tempo ñ ia a um show com uma qualidade sonora tão impressionante: graves batendo no peito, coisa e tal. Bateria audível inteira, um baixo q era uma ignorância de peso – quase nível Geezer Butler – a guitarra de Jerry Cantrell deixando a muitos chapados, e os vocais de William “Simonal” DuVall EM NADA devedores aos do finado Layne Staley. “Sludge Factory” q o diga. Pra ser chato, 1 (hum) único defeito: os vocais de Cantrell estarem um tiquinho de nada mais baixos.
Ñ houve tempo ou motes pra necrofilia. À parte camisas da Seleção com os nomes de Staley e Mike Starr (do qual acho q nem todo mundo lembra q morreu), q o bumbo de Sean Kinney já preconizava. Como prezou no Rock In Rio, passando meio batido.
Divagação q me ocorria durante o show: assim como o Slayer, o Alice In Chains perdeu ñ apenas um integrante, mas dois. Tvz Staley mais icônico, e a meu ver lamentado mais por quem ainda ñ ouviu os excelentes “Black Gives Way to Blue” e “The Devil Put Dinosaurs Here”. Só q os acorrentados voltaram intactos na integridade, pra mim com 3 fatores colaborando para tal: 1) deram um tempo antes de voltar; 2) lançaram álbuns recentes relevantes e NADA dados a saudosismos ou choradeiras oportunistas; 3) o Alice In Chains perdeu seu “Kerry King” e ñ seu “Jeff Hanneman”.
Sorte deles.
E sorte de quem esteve no Espaço das Américas na última quinta-feira de frio polar por aqui. Ñ lotou, tvz pq estivesse bem salgado o preço (220 contos a inteira – tive q pagar), mas estava bem cheio. Sobretudo de grunges e grunjas (a esposa, incluída) de outrora, maioria de camisas de flanela, ou do Nirvana, ou do Pearl Jam. (Curiosidade: camisetas do próprio Alice In Chains vendidas na rua, com as datas da turnê brasuca 2013, tinham o rosto de Staley na frente…). E o monte de caras q claramente tiveram cabelo comprido 20 anos atrás e agora exibiam o visú bancário à moda antiga. Pouco importou.
Pra dar um parâmetro a quem curtiu a apresentação dos caras no Rock In Rio, televisionada ou ñ: sabem aquilo q pareceu muito bom ali? Foi tão apenas abertura pro Metallica. Ensaio no palco. 5 outros sons foram enxertados no set. Fizeram parte deste 3 telões fantásticos apresentando imagens psicodélicas, tecos de clipes, modelos se afogando, pedaços de carne putrefazendo, luzes de várias cores, e tal, o q fez MUITA diferença. Pra melhor.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=cCs9-fta2a8[/youtube]
Pois os cabras ñ são de falar. Ficavam uns momentos de silêncio entre som e outro, naqueles intervalos pra Cantrell e Mike Inez trocarem de instrumento, ou pra Kinney retimbrar (tinha um computadorzinho pra triggers ali) a bateria em “No Excuses”. Quem quisesse gente ostensivamente feliz e deslumbrada, q fosse asssistir show de emo!
Ou micaretas de “roqueiros”, tipo o Rock In Rio.
Tudo se passou em uma hora e meia. Ñ pareceu assim tanto. Ficou a sensação de ter faltado som. A despeito do set equilibrado. A esposa sentiu falta de “Angry Chair”. Eu, de mais umas duas ou 3 do disco novo, de “Lesson Learned” (do anterior) e de “What the Hell Have I?”, q eles jamais tocariam. “Heaven Beside You” poderia ter sido a única do “disco do cachorrinho”… fazer o quê?
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Na2guP_jj4Q[/youtube]
E se falta maior emoção em meu relato por aqui, 3 razões novamente: 1) estava bem cansado da quinta de trampo (acordado desde 6h); 2) curto Alice In Chains, mas nunca fui um fanático (estou, em verdade, valorizando a banda atualmente, mais q antigamente), tampouco um saudosista pentelho; 3) ñ deu tempo pra ficar racionalizando muito. Entrei no clima da bagaça, e lamento profundamente q Jerry Cantrell seja tão subestimado: guitarristas menores e melhores de marketing, como Josh Homme e Zakkarias Selvagem, ñ têm o QUILATE das composições desse homem.
Q um amigo outro dia divagava no Facebook, ouvindo o álbum novo: sons depressivos, soando meio como tiozões em crise de meia idade. São tiozões, e se a “crise de meia idade” é legítima ou embalada pra viagem, pouco importa. Mesmo gerando o efeito paradoxal da estupefação e satisfação legítimas em quem ali esteve. E se “Rooster” soou – só pra mim, aparentemente – anticlimática num fechamento, ñ houve equívoco um show iniciado com “Them Bones” e “Dam That River”!
Q voltem outras vezes. Sem mais ninguém falecido. Quem ñ viu, se fodeu. E a quem estranhar resenhas deslumbradas ou exageradas, apenas digo: creiam, foi por aí.
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Set-list: 1. “Them Bones” 2. “Dam That River” 3. “Hollow” 4. “Check My Brain” 5. “Again” 6. “Man In the Box” 7. “Your Decision” 8. “Last Of My Kind” 9. “Stone” 10. “No Excuses” (ponto alto!) 11. “It Ain’t Like That” 12. “We Die Young” 13. “Sludge Factory” 14. “Grind” 15. “Nutshell” 16. “Would?” 17. “Rooster”