Relato coletivamente assinado (mas q aposto ser coisa de Mike Portnoy) na contracapa do de “Live At the Marquee” (1993):
“Hey there!
What we have here are songs recorded at The Marquee in London in April 23, 1993, the last night of our European tour. Its purpose is to serve as a snapshot of a very enjoyable and enlightening tour overseas.
In November ’93 we broke off our American tour for a week to play three shows in Japan, where we were treated far too well and experienced first hand what we had heard about – the loyalty and enthusiasm of Japanese fans.
After a few more months on the road in the States, we set off for a long-anticipated European tour. Playing Europe was something we’d been trying to do for years as it was part of our invented criteria of being a ‘real band’ (namely: 1) An album, 2) No day jobs, 3) A video, 4) A tour bus, 5) ‘Oh I think they’re touring Europe now’).
Not having had the exposure on radio that helped us (and surprised us) in the States, we were prepared to swallow our pride and suffer the hardships of being a new band again (ie: bad hotel, smelly tour bus, audiences smaller than the band). However, the tour ended up being quite sucessful and we were grateful to sidestep these hardships. (Okay, our bus was kind of smelly.)
We’d like to thank the people at WEA for making things run smoothly, and the journalists who keep the buzz going. But most of all we want to thank our European and Japanese fans for making the tour sucessful, and for sticking with us until we finally made it over.
We had a great time playing for you and enjoyed meeting those of you we had a chance to hang out with. You made this album possible… And yet you still have to pay for it. The irony…
sons: SIMCA CHAMBORD / MÃO CATÓLICA / MORTE AO ANOITECER / DEUS ME DÊ GRANA / OURO DE TOLO [Raul Seixas] / SÓ O FIM / O QUE É QUE EU TENHO DE FAZER? / TUDO OU NADA / A FERRO E FOGO
formação: Marcelo Nova (vocais), Gustavo Müllem (guitarra solo), Karl Franz Hummel (guitarra), Robério Santana (baixo), Aldo Machado (bateria)
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Pequenos fatos significativos se encadeiam e dão sentido a esta vida miserável:
ñ tem nem 8 dias q finalmente comprei nova agulha pro meu toca-discos, o q me vem tirando dum jejum duns 4 a 5 anos sem ouvir maravilhas de meus lp’s que jaziam na estante. E ñ tem 2 dias q encontrei a 5 contos na Galeria o vinil de “Correndo o Risco”, imediatamente posto pra tocar ao chegar em casa.
Pequenos fatos esses q desencadearam ainda outros dois: 1) finalmente poder aposentar a fita cassete, ainda funcional passados 21 ou 22 anos de comprada no Pastorinho (supermercado daqui); 2) pretexto infalível pra resenhá-lo no Exílio Rock.
Sem rodeios: embora eu prefira o derradeiro álbum seguinte, “Duplo Sentido” (o 2º álbum duplo duma banda de rock brasileira), “Correndo o Risco” acho o MELHOR DISCO do Camisa De Vênus. E ñ o digo só pelos hits infalíveis “Simca Chambord”, “Só o Fim” e “Deus Me Dê Grana” constantes. Tb o é pela EVOLUÇÃO da banda por aqui demonstrada.
Pois o Camisa, mesmo tendo sido sempre banda de público cativo e discurso afiado/irreverente, musicalmente deixava sempre a desejar nos álbuns: guitarras chôchas e mal gravadas, fora MAL TIMBRADAS compareceram até o ao vivo anterior, igualmente clássico/memorável, “Viva”. “Correndo o Risco”, gravado sob contrato com a múlti Warner, traz produção melhor, requintada, mais digna.
E aí, dá-lhe guitarras com sons de guitarra (ñ de violãozinho de arame), baixo bem timbrado, vocal (Marcelo Nova em seu auge desbocado) destacado, bateria mais a contento q de antigas gravações com bateria eletrônica destoante. Ñ só isso: convidados surgem a rodo, edulcorando ainda mais a proposta (ao invés de diluí-la). E aí era piano e saxofone em “Simca Chambord”, gaita em “Mão Católica”, guitarrista solo convidado em “Morte Ao Anoitecer”, percussionista e piano em “Só o Fim”, orquestra e côro em “A Ferro e Fogo”.
Em termos estéticos, ainda a mudança prum logotipo mais modernoso e clean, como a citação de Allen Ginsberg na contracapa: qual banda, q ñ o Camisa, conseguiria o feito de fazê-lo sem parecerem entojados?
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No DISCURSO, outra singela diferença, q à época considerei regressiva, hoje tenho como evolução e maturidade: em vez das letras repletas de palavrões (nada contra) e deslavadamente machistas/sexistas (ñ deixaram de sê-los), algumas bastante sérias, como “Mão Católica” (obviamente contra a Igreja Católica, ainda da época de músicas q tinham “radiodifusão e execução pública proibidas”), “Tudo Ou Nada” (minha preferida, meio filosófica e herética) e outras ainda fantasistas, como “Morte Ao Anoitecer” (vampirista e soturna) e “A Ferro e Fogo” (sobre naufrágio em batalha ancestral contra galeões romanos).
Q ñ excluíram em nada aquela irreverência debochada característica, como em “Deus Me Dê Grana” (“mas se você não achar meu bolso, Deus/Por favor coloque na carteira”) e “O Que É Que Eu Tenho De Fazer?” (um proto-reggae safado sobre alguém estudando modos e jeitos de tentar traçar uma garota). No meio do caminho entre sério e sarrista, cometeram versão mais roqueira pra “Ouro De Tolo”, a posteriori analisável como a 1ª aproximação entre “Marceleza” e Raulzito.
E em q, a despeito dumas atualizações bem sacadas – “centos mil cruzados por mês”, “Monza 86”, “cidade marabichosa” – nem achei assim tão boa. Pq envolveu mutilarem os longos dylanescos versos pra caber na aceleração imprimida.
Uma certa “tradição chupim” da banda tb se manteve no disco: pois se em outros tempos a banda se “inspirou” em sons de Buzzcocks (“Bete Morreu”, “O Adventista”) sem dar-lhes crédito, a bola da vez foi o Rolling Stones e seu “Gimme Shelter”, escaneado (na época, o termo melhor seria “xerocado”) um tanto em “Só o Fim”, cujo clipe tem a pérola de contar com a ainda garotinha Penélope Nova, quem sabe se menos por nepotismo do q pra baretear custos de produção.
Por outro lado, nada dos prós e dos contras até aqui citados é páreo aos quase 8 minutos de “A Ferro e Fogo”, a música MAIS OUSADA e ÉPICA do rock brasileiro ainda hoje. Pq gravada com orquestra de 40 integrantes, incluídos tenor e côro. A dramaticidade vocal de Nova nela comove, empolga, se esparrama. Se for um o som do álbum pra ser ouvido/baixado, ESSE é o merecedor.
Pra concluir, meu assombro e indignação a respeito de “Correndo o Risco”: como é q um disco pra lá de bem produzido, com clipe – “Deus Me Dê Grana” – no Fantástico (grande bosta isso, mas q na época era marca dalguma relevância) e som de timing impressionante como “Simca Chambord” (de letra incrivelmente política e HISTÓRICA, fora de clipe controverso, pesado e forte, q o Fantástico nem deve ter passado) nunca saiu em cd?
Tb ñ vai nunca mais. Uma lástima.
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[resenha cometida no finado Exílio Rock em 5 de Dezembro de 2010 – certo, doggmático?]
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CATA PIOLHO CCXXI – capístico da vez. Jogo dos 7 Erros: