SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H

“Judgment Night”, Music From the Motion Picture, 1993, Immortal/Epic Sountrax

sons: JUST ANOTHER VICTIM [Helmet & House Of Pain] *  /  FALLIN’ [Tom PettyTeenage Fanclub & De La Soul]  /  ME, MYSELF & MY MICROPHONE [Living Colour & Run D.M.C.] *  /  JUDGMENT NIGHT [Biohazard & Onyx] *  /  DISORDER [ExploitedSlayer & Ice T] *  /  ANOTHER BODY MURDERED [Faith No More & Boo-Yaa T.R.I.B.E.] *  /  I LOVE YOU MARY JANE [Sonic Youth & Cypress Hill]  /  FREAK MOMMA [Mudhoney & Sir Mix-A-Lot]  /  MISSING LINK [Dinosaur Jr & Del the Funky Homosapien]  /  COME AND DIE [Therapy? & Fatal]  /  REAL THING [Pearl Jam & Cypress Hill]

Foi sob a égide da nostalgia, mas tb pq só recentemente (duas semanas atrás) encontrei no balcão de “usados” duma lojinha de cd’s – já falei por aqui q sou um cara ultrapassado q ainda compra cd’s? – q readquiri este “Judgement Night”, um álbum q desde o início do blog vinha querendo resenhar por aqui, e ñ o fiz por ñ confiar tanto assim na memória ahah

O “Judgement Night” anterior q possuía me foi furtado – e jamais reavido – em 2002, em época em q trabalhei numa instituição com crianças e adolescentes, alguns manos, outros querendo ser manos. E por um moleque wannabe mano, q nunca consegui provar nem pegar no pulo… Longa história, q fica pro Dia de São Nunca.

De todo modo, quem tem ao menos 25 anos hoje sabe como esta trilha sonora marcou época.

No início dos 90, com um certo metal mainstream vigorando (Metallica, Sepultura, Iron Maiden, Megadeth, Pantera nos top 10 da Mtv e/ou tocando no rádio), 3 dos sons aqui rolavam direto os clipes – “Fallin'”, “Judgement Night” e “Another Body Murdered” – enquanto um tb rolava no rádio (tempos em q existiam “rádios rock“…) – e rola “Just Another Victim” ocasionalmente, em horas de flashbacks, até hoje – e é nesse contexto q este álbum mereceu crédito e atenção.

Bem mais q o filme, muito xinfrim – e foi aqui traduzido pra “Uma Noite No Destino”, ou coisa esdrúxula do tipo – cujo enredo era sobre grupo de amigos andando de carro por alguma quebrada, e tendo q escapar duns malvadões (alguns nem manos) por conta do carro haver quebrado e ninguém saber como voltar pra casa. Humpf.

De todo modo, o álbum tentou “puxar” o filme, e creio q deva tê-lo feito. Só q o filme se foi, enquanto as músicas permaneceram. Nem todas, verdade – pra este q vos tecla, apenas as asteriscadas (aliás, artifício comum aqui no Thrash Com H, q aproveito para relembrar: as músicas asteriscadas em resenhas são as por este redator consideradas “melhores” ou “q valem a pena”).

A idéia da trilha era pouquíssimo original: alguém resolveu copiar o renascimento do Aerosmtv q o Rick Rubin operou no fim dos 80’s, quando os juntou ao Run D.M.C. pra regravarem o hit (hit tanto assim?) “Walk This Way”, e assim “Judgement Night” propôs-se uma junção de bandas PESADAS com grupos de RAP, gerando híbridos instigantes, o q até aquele momento – onde ñ existia new merda, nem o projeto piloto da modinha pela Sony Music, o Fake Against the Machine [S.U.P. em jul/05] – com resultados desiguais.

Começando pelos desacertos: por q raios se juntou bandas “alternativas” – q era como se chamavam as bandas indies há 15 anos – como Teenage Fanclub (banda q fez 1som razoável há uns 15 anos e alguns críticos ainda hoje incensam), Sonic Youth (banda razoável, e q já tinha tido um cara do Public Enemy resmungando num som num de seus álbuns – “Goo” – mas volta e meia bastante presunçosa. E aqui na trilha, demais), Mudhoney (banda do momento, pela onda grunge), Dinosaur Jr. (banda dum sujeito q se pretendia guitar hero. Guitar hero de banda indie é o ó do borogodó…) e Pearl Jam (idem Mudhoney) neste balaio? Pq passavam (ainda passam) longe de qualquer noção de heavy metal – e a exceção Therapy?, infelizmente ñ rendeu legal tb por aqui.

Teoria conspiratória? Produtores da trilha ñ conseguiram convidar ou juntar Anthrax (pra bem e pra mal, pioneiros na mistura), Prong, Sepultura, Rollins Band ou Pantera – q ficariam mais adequadas no contexto – ausências bastante razoáveis e q estivessem, uma ou duas delas, por aqui presentes, teriam tornado o catadão REALMENTE instigante.

Pra resumir: as faixas “alternativas” são presunçosas, preguiçosas (Teenage Fanclub e De La Soul fazendo cover vagabundo de hit de Tom Petty) ou mesmo frouxas (a do Pearl Jam nem se ouve o vocalista deles. Até hoje, reouvindo, tenho dúvidas se a banda participou do som realmente), e ñ merecedoras de consideração por aqui. Todas tb pendendo bem mais pro rap q pro rock, dando a entender completa falta de equilíbrio das propostas.

Ao mesmo tempo, e passando às faixas boas, pode-se argumentar q o som q Slayer e Ice T fizeram juntos (na verdade, um medley de 3 sons do Exploited) vai quase na mesma onda. É o ÚNICO no álbum q de rap ñ tem nada (viva!), mas ao mesmo tempo – e mesmo com a minha maior boa vontade com eles – ñ virou. Ficou esquisita, grande demais, prolixa; tivessem pego 1 som só dos escoceses e feito a contento, viraria até clássico (como foi com “In-A-Gadda-Da-Vida” nos 80’s – alguém mais fora eu já ouviu essa??).

Minha curiosidade, e maior motivo de eu haver comprado esse disco lá atrás, era justamente o fato de ser o 1º som do Slayer com o então “novo” baterista Paul Bostaph. E o q o sujeito legou por aqui ñ deixava entrever nada das maluquices q perpetraria em “Divine Intervention” [S.U.P. em out/05] ou em “Diabolus In Musica”. A mim, naquela época, soou decepcionante. Por outro lado, a semente dos covers punks de “Undisputed Attitude” parece haver sido aqui plantada pra colher depois. Ou foi muita coincidência.

Os sons de Faith No More e Living Colour [S.U.P. em abr/04], a mim, são intermediários. Legaizinhos (ñ os considero assim inspirados) e ñ fugiram das propostas das bandas originais, muito pelo contrário, e “Another Body Murdered” hoje reouvida soa interessante no q se pode considerar como o embrião das gritarias de Mike Patton no Fantômas. No mais, as considero louváveis (e isso é ponto positivo tb pra “Disorder”) por ñ haverem ficado reféns das batidas eletrônicas, samples e scratches – q é o q ocorre, fora com o Therapy?, nas faixas indies.

Os melhores são “Judgment Night” e “Just Another Victim” – e pra mim, a 2ª é o ápice do álbum – por realmente oferecerem a MESCLA pretendida de estilos. Nem Helmet nem Biohazard se descaracterizaram em prol dos “parceiros” (manos?), há guitarras e berraria a granel e grooves na medida – entre o orgânico e o eletrônico – sem dar no saco.

Enquanto acabo de escrever isto aqui, já vai rolando pela 2ª vez o álbum todo – q é até curtinho, 45 minutos – e deixo a conclusão de se tratar dum álbum bastante atual, na vigente era dos downloads, de se pegar oportunamente apenas as faixas boas e ouví-las à exaustão. Ou com curiosidade legítima.

O conceito crossover acabaria copiado/adaptado numa outra trilha sonora mais à frente, do longa do Spawn, em q se juntou bandas de rock (algumas, de heavy metal) com projetos eletrônicos, em catadão menos inspirado e memorável, mas bem mais coeso q este “Judgement Night”. E q é conversa – quem sabe? – pruma próxima resenha.

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CATA PIOLHO CLXVII – “Stillborn”: Malevolent Creation, Black Label Society ou Hypocrisy? // “Revolt”: Borknagar, Sepultura ou Gorefest?