Todo mundo aqui ficou sabendo. Mesmo eu, aqui em Londres ainda:
E julgo, sim.
A mulher é formada em comunicação, dá entrevistas escolhidas a dedo, tem o maior cuidado com o figurino pra não taxaram o Crypta de gostosas… e dá uma dessa?
Pro BillWard, estiver precisando de moradia, ajudo com Pix e mando colchão por Sedex. Dona Fernanda misturando estações periga ter queimado o filme da banda. Agora aguenta o monte de meme, alguns pegando pesado.
Geração Y (ou Z) morre pelo wi-fi.
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Enquanto isso, gente precisando de apoio de verdade. Sujeito com nome na praça, credibilidade e amigos – como Gary Holt e Dan Lilker – ajudando na campanha.
Nicholas Barker, ferradão, com insuficiência renal, não está na internet pra brincar de casinha.
Eu calculo umas 250 pessoas, não mais do que isso. E creio que era o esperado.
Público meio a meio, no que diz respeito a old school e gurizada, o que me surpreendeu um pouco: onde estão todos os meus amigos que séculos atrás curtiam metal, compravam LPs, gravavam fitas, faziam suas próprias camisetas? Há tempos desapareceram, quase em sua totalidade.
Mesmo em meio às minhas amizades atuais, sou pelo menos 5 anos mais velho que os demais. Meus contemporâneos envelheceram, engordaram, casaram, tiveram filhos, encaretaram, “traíram o movimento”.
Pior pra eles, pois o Nuclear Assault fez um show muito legal e divertido no Correria Music Bar de Vila Velha, aqui no pequeno e secreto Estado do ES. “Eles são mulambos demais”, amigos me alertaram, tendo-os visto anteriormente. Achava que isso se traduzia em performances ruins, mas não necessariamente. Despretensiosos, sim. Mas com certo charme e competência.
Dan Lilker e Erik Burke são hippies maconheiros de coração, o segundo inclusive tocando descalço, uma característica sua. John Connelly é um toco, pequeno e com alguns kilos a mais, e o batera Nicholas Barker um Buda atômico, praticamente imóvel a não ser por mãos e pés.
Entraram no palco despretensiosamente e deu pra perceber que nem roadie trouxeram, o único em atividade sendo funcionário da própria casa. Fizeram um show empolgante, acelerado e quente. Connelly reclamou do calor algumas vezes, e todos suavam em bicas. Inclusive o público.
Não encontrei o setlist por aí, mas foi aquele desfile de semi-clássicos dos 3 primeiros álbuns, e uma que não reconheci, suponho que do mediano EP “Pounder”. Ao vivo, nota-se ainda mais claramente a influência do hardcore americano em suas músicas, algo pelo qual sempre foram notórios e diferenciava seu trabalho de outras bandas de thrash metal da época.
Show legal, ingresso barato, local pequeno, pouca gente, Devassa gelada, som razoável pra bom (a não que, como eu, se teimasse em ficar colado no palco, onde só se ouvia bateria e baixo). Zero de pretensão, 90 de atitude. Valeu ter ido. Mulambo eu, mulambo tu.
Parte dos agradecimentos de Nicholas Barker no encarte de “Puritanical Euphoric Misanthropia” (2001):
“Inspiration and general admiration: Peart, Hoglan, McBrain, Lombardo, Pete Sandoval, Tony Laureano, Dave Culross, Aantar Coates, Hellhammer, Derek Roddy, Lee Harrison“.