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“A Taste Of Extreme Divinity”, Hypocrisy, 2008, Nuclear Blast/Laser Company

sons: VALLEY OF THE DAMNED * / HANG HIM HIGH * / SOLAR EMPIRE * / WEED OUT THE WEAK / NO TOMORROW / GLOBAL DOMINATION / TASTE THE EXTREME DIVINITY * / ALIVE / THE QUEST * / TAMED (FILLED WITH FEAR) / SKY IS FALLING DOWN * / THE SINNER

formação: Peter Tägtgren (vox & guitar), Mikael Hedlund (bass), Horgh (drums)

Quem já leu ao menos 6 resenhas de disco na vida, já se deparou com algum descrito como “bão, mas q ñ irá mudar o mundo”. Começo pelo fim: “A Taste Of Extreme Divinity” é um desses discos.

Parece ñ estar elencado entre os melhores dos suecos do Hypocrisy, cuja carreira acompanho à distância, mas q sei ser banda dada a altos e baixos. Haja visto alguma crueza do início, alguma evolução e acessibilidade, um fim q ñ foi fim e uma retomada com o som formatado dum jeito q alterna porradas ignorantes, algum experimentalismo e faixas mais cadenciadas onde a guitarra e a timbragem caracteristicamente taciturna de Peter Tägtgren se faz notar.

Pelo menos vejo assim, em “Abducted” (meu favorito), “Catch 22”, “The Arrival” e neste aqui, da vez, q são os q tenho/ouvi.

De algum modo, “A Taste Of Extreme Divinity” soa como um álbum mais direto q os demais citados, em q as duas faixas iniciais, mais aceleradas, empolgam (sobretudo “Valley Of the Damned”, praticamente thrash), as duas seguintes mostram-se menos rápidas (ao menos bateristicamente), até “No Tomorrow” e “Global Domination” cadenciarem o panorama um pouco mais (são as q menos gostei), pra daí a quase faixa-título – “Taste the Extreme Divinity” – apresentar trabalho de guitarra chamativo (dobras, bases), voltando-se as coisas a uma salutar aceleração, e o final seguir ladeira abaixo com mais peso (mesmo “The Quest”, a mais cadenciada) e abrasividade.

E é álbum em q aparentemente entendi a proposta da banda: a guitarra sujona, às vezes dobrada (sei q têm um 2º guitarrista ao vivo), fosse timbrada doutros modos, seria comum, xinfrim. Podre demais pra thrash, mas melódica, e às vezes tb harmônica, em demasia pra tornar a banda death metal estrita. (Alguma influência “voïvódica”?). Produção sempre limpa e suja a um só tempo – tb ñ entendi essa. Algumas faixas contêm teclados discretos e ñ creditados, q dão um bom clima (a tal “caminha”) a tudo. Dizem existir por aí o black metal atmosférico, bandas metidas a góticas, outras gothic metal ou ainda outras simplesmente atmosféricas: o Hypocrisy parece um “atmosférico orgânico”, se formos tentar emparelhá-los àqueles todos.

Instrumentalmente falando, é tudo muito direto ao ponto: sem longas introduções, solos de guitarra (salvo engano, NENHUM) ou firulas desnecessárias ao longo dos sons. Não tentam reinventar a roda. O baixista Hedlund é sempre direto ao ponto, tanto quanto Horgh (tb militante no redivivo – ops! – Immortal), q tem espaço pra demonstrar alguma técnica de 2 bumbos e momentos discretos – mas bem encaixados – de blast beats nuns sons. Alguém q ñ saiba ainda da troca de baterista (desde “Virus”), pode acabar achando q é Lars Szöke ainda no time.

Letras alternam anticlericalismo (a melhor assim achei “Alive”), controle e opressão mental (como “Tamed (Filled With Fear)”) e até algumas, minoritárias, sobre alienígenas ou adbução, outrora temas tão caros ao trio (“Global Domination”, “Solar Empire” e “Sky Is Falling Down”), mas a mim passam batidas. Já o vocal, pela versatilidade em Tägtgren altenar urros, grunhidos e vocalizações rasgadas, ajuda com q os sons fluam. A capa parece de disco do Grave Digger (fui olhar encarte, nem é coisa de Andreas Marshall), mas ainda bem q o som ñ.

Comprei “A Taste Of Extreme Divinity” há uns 15 dias por estar em promoção, despretensiosamente, e me surpreendi ouvindo-o direto desde então. Ñ mudou o mundo, tampouco o heavy metal, ainda menos parece ter dividido a carreira do Hypocrisy em duas. E tudo bem. Mas nos dias atuais, de bandas pra caralho à disposição, diluições sub-estilísticas a dar com pau, lançamentos irrelevantes aos cântaros e tempo escasso pra se ouvir/acompanhar o q ñ sejam as mesmas 10 ou 12 bandas preferidas a contento, ñ me pareceu desperdício indicá-lo.

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CATA PIOLHO CCIV – Ritchie Blackmore devia estar tentando tirar “Louie Louie” nalgum ensaio. Em vão. Cozy Powell deve ter se enchido e falado: “bora fazer um som, mano!”. Fizeram “Since You Been Gone” (Rainbow) ahah