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VD

“Destination Set to Nowhere”, Vision Divine, 2012, ear Music/Edel/Hellion

sons: S’I FOSSE FOCO / THE DREAM MAKER / BEYOND THE SUN AND FAR AWAY / THE ARK / MERMAIDS FROM THEIR MOONS / THE LIGHTHOUSE / MESSAGE TO HOME / THE HOUSE OF THE ANGELS / THE SIN IS YOU / HERE WE DIE / DESTINATION SET TO NOWHERE

formação:  Fabio Lione (vocals), Olaf Thorsen (guitars), Federico Puleri (guitars), Alessio Lucatti (keyboards & piano), Andrea “Tower” Torricini (bass), Alessandro Bissa (drums)

Os amigos por aqui vão pensar q pirei: resenha de metal melódico no Thrash Com H?

Defendo-me argumentando q Vision Divine nunca me soou banda de metal melódico típica. Ouso ainda mais: ñ fosse o segmento tão cristalizado, combalido e estereotipado – e se a banda ñ fosse da Itália, país periférico no heavy metal – seria banda acusada de querer/conseguir EVOLUIR o estilo.

Minha curiosidade se deu por culpa do baterista no disco autointitulado de estréia (de 1999), Matt Stancioiu, de q li entrevista na Rock Brigade falando em influência do Death – !! – no modo de tocar. Fui atrás e, mesmo ñ tendo a ver literalmente (inexistem as quebradeiras, viradas a granel ou firulas na cúpula dos pratos tão caras a Gene Hoglan), percebi as tais referências no modo de acompanhar os sons: nunca fazendo o q se esperava de um baterista de banda de heavy metal melódico.

Bumbos tercinados ao invés de bumbos disparados 5ª marcha, às vezes acelerados mas sem acelerar a caixa, e quase sempre acompanhando as guitarras; passagens em andamentos mais lentos tb mais na manha (ao invés do mesmíssimo som de caixa com eco a música toda, um álbum inteiro), levadas às vezes tendendo ao thrash, levadas diferentes para cada parte dum som (intro, estrofe, pré-refrão, refrão, solos) e por aí.

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“Destination Set to Nowhere” ñ tem Stancioiu na bateria, mas o tal Alessandro Bissa, q padece das mesmas virtudes. Disco pra ser ouvido sem enfado. Focando na bateria, q ñ é pirotécnica, mas jamais preguiçosa ou indolente. Viagem? Ouçam apenas “The House Of the Angels”, “Here We Die” (em sua levada Exodus!) e “Mermaids From Their Moons”. E desminta-me o espanto, quem conseguir.

Quem discordar, precisa nem continuar lendo esta resenha.

Claro q ñ só o baterista apresenta tal diferencial: proporcionalmente o tremendo vocalista Fabio Lione tb o faz, alternando entonações inspiradas dentro dum mesmo som, chegando a “rasgar” a voz; os 2 guitarristas tb o fazem, deixando momentos de fritação (poucos, como em “Mermaids…” e em “The Lighthouse”) meio em 2º plano em relação ao ótimo tecladista (q sola mais q os eles, mais interessados em palhetar e em conferir PESO aos sons), diferenciado tb em puxar o riff principal – como em “The Ark” ou em “The House Of the Angels”.

A dinâmica baterística diversa permite tb ouvirmos razoavelmente o baixo (quando rola isso numa banda do estilo?), na maior parte do tempo comparecendo distorcido; quando ñ tb conduzindo um som, “The Sin Is You”, de jeitão meio Amorphis, meio Moonspell, um tanto Helloween safra “The Dark Ride”. “The Lighthouse” consegue parecer o Helloween “fase Deris” e o “fase Hansen” – sem deméritos – ao mesmo tempo…

Comparar com o Helloween recente acho mais pertinente q com excrescências do tipo Chatovarius (embora alguns momentos ñ escapem – vide “The Dream Maker” e “Beyond the Sun And Far Away”, mais clichês): imaginem o Helloween recente, com Andi Deris em muito melhor forma e com um tecladista pouco afeito a meramente acompanhar (dar a “caminha”) as coisas, os sons, as composições. Q predominam em relação ao desempenho – superlativo – individual dos músicos. Dá uma noção.

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Os sons de abertura e de encerramento são realmente pra abrir e fechar o disco, aparentemente conceitual sobre algum tipo de viagem espacial (ainda ñ li direito o encarte), meramente passagens, nesse sentido. O som mais besta, insosso, sem maiores destaques, acho “Message to Home”, tentativa de baladinha, nem hard, nem metal melódico, nem prog, tampouco AOR.

Cito “prog” por aqui tb ñ a tôa: embora inexistam compassos compostos, músicas imensas ou fritação indômita e inveterada, parece-me óbvio q os carcamanos ouviram Dream Theater e incorporaram nas composições alguns de seus macetes, como bases de solo palhetadas em stacatto. Sem fajutices. Fogem do óbvio por aí tb.

Afirmar ser um bom disco é bem subjetivo; há discos horríveis q tb são legais. Reitero apenas o q citei acima, nas premissas: trata-se duma banda competente, fazendo de modo nada óbvio um subgênero metálico pra lá de exaurido, sem a menor chance de mudar o mundo, o metal, a História e o mercado. Mas tudo bem. Paguei 4 contos nele, mas pagaria até 10 ou 15 reais. Sem remorsos.

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CATA PIOLHO CCXLVII – uma dúvida: será q Joe Satriani ouve Iron Maiden?

Deveria?

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=zribiFMJnEc[/youtube]

Vai ver q ele é true e parou no “Killers”