TECLA SAP

Eu racho de rir toda vez q vejo isto.

Pela voz da locutora (ah-ahh) e pelo grotesco da letra, tão extremo q ñ dá pra levar a sério.

Por outro lado, e por experiência própria, tenho como algo q ñ pode ser compartilhado com pessoas zero familiarizadas com o heavy metal.

Ou até com quem curte metal “pelo som”. Há um sentido figurado aqui.

***

Divagação em 2 níveis:

1) Considerando alguma inteligibilidade (tvz um app pra vocais guturais), deve ser pra lá de perturbador ser pai ou mãe em países de língua inglesa e se deparar com esse tipo de letra repulsiva, sobretudo se entendida de modo literal.

Algo mais acessível no auge do Slayer. “Necrophiliac”, “Necrophobic” e “Postmortem” tinham uma graça. Quando passaram pra “Blood Red”, “Expendable Youth” e “Dead Skin Mask”, lembro de haver relatos de estadunidenses perturbados levando a coisa muito a sério. Exemplo-mor: o sujeito riscando com estilete no braço o logo da banda, q por pouco ñ foi a capa de “Divine Intervention”.

Já devo ter comentado aqui: imaginem-se nos EUA ou Inglaterra (ou Suécia ou Holanda) ouvindo Tom Araya berrando “Sex Murder Art”, letra em 1ª pessoa sobre estuprador se vangloriando dos atos.

Parece q nem a letra de “Bohemian Rhapsody” costuma ser entendida como deveria.

2) Descontando meu desconhecimento dum total latifúndio underground brasileiro, de bandas q ainda lançam discos em fita cassete e de alguma cena (imaginária) de bandas gore, acho mesmo uma pena q as letras – em média – no metal feito no Brasil nunca tenham tido alçado essa dimensão incômoda.

[Exceções: uma banda chamada Anarkhon (de Guarulhos), cujo opus “Obesidade Mórbida” (2006) tem as letras doentias e perturbadas nesse mesmo “nível Chris Barnes”, em português. O q eu ao mesmo tempo recomendo e ñ recomendo. E um som do finado Tolerância Zero chamado “Ninguém Presta”]

Ou de qualquer dimensão notável. Outro exemplo: duvido q alguém vá a um show do Krisiun conferir se o Alex está realmente cantando as letras igual aos discos…

Pergunto: haveria alguma letra, descontando momentos de Vladimir Korg, do Dorsal Atlântica e uma ou outra do Sepultura (como “Dead Embryonic Cells”*), em alguma banda do metal feito no Brasil q realmente tenha alguma densidade e/ou valha a pena decorar, entender, apreciar?

***

Provocação: será q mesmo a gente aqui eventualmente ñ se vê curtindo essas bandas todas “só pelo som”?

*”Biotech Is Godzilla” obviamente ñ vale