PAUL BOSTAPH, HEADBANGER

Tirando o fato de no Slayer ter insistido demais em usar caixa piccolo (aquela fininha, pra jazz, com som fininho) e em ñ fechar o chimbau direito, e tirando tb o fato de se consagrar mais como um “reserva de luxo” do thrash ao invés de um baterista com cara própria, sempre admirei Paul Bostaph.

Até pq pegou um rojão do caralho anos atrás: substituiu Dave Lombardo no Slayer. Claro q ñ foi a mesma coisa (o estilo é outro, sua técnica é mais apurada etc.), mas algo q poucos falam a respeito dessa passagem de Bostaph, e q eu considero o mais admirável, foi o fato de o material de Lombardo ter sido respeitado INTEGRALMENTE.

Até onde me lembro (e até onde me lembram os shows no Philips Monsters e o vhs “Live Intrusion”), cada virada, cada bumbada, cada passagem em “Postmortem”, “Seasons In the Abyss”, “Altar Of Sacrifice”, entre outras tantas, jamais foi “re-inventada” (reinventar a perfeição??). Daí saiu e passou pelo Exodus, e agora recentemente um pouco pela volta do Forbidden (curioso ñ ficar na volta da ex-banda…) e pelo Testament, q andam falando q é o melhor álbum dos caras, mas ñ sei ñ. (Ainda ñ ouvi).

Na real, ñ fossem os bateristas os donos no Anthrax e no Metallica, tvz tivesse passado por eles tb eheh

 

E aí a Modern Drummer brasuca deste mês (agosto) bota matéria com o cara. Bem legal e abrangente, mesmo falando em “trash metal” duas vezes na introdução e mesmo sendo aquele tipo de matéria com fotos gigantes e uma propaganda no meio para encobrir o parco texto. E com passagens q eu considero dignas de ctrl c + ctrl v.

 

O início fala bastante na reentrada e gravação com o Testament. Mas aí o entrevistador (Waleed Rashidi) pergunta sobre o início de carreira. Resposta:

Antes de tocar no Forbidden, tentei encontrar músicos mais experientes, pois ñ queria ficar tocando em uma garagem o tempo todo. Eu era um atleta muito bom, e praticava vários esportes. Gostava de rock e fiz testes para várias bandas. Estava com ‘fome’ de tocar e queria ser bem-sucedido profissionalmente.

O baterista original do Forbidden era meu primo, e só pq eu tinha uma van, peguei a vaga de roadie na banda. Um dia fiquei sabendo q eles queriam se livram do meu primo, pois achavam q a sua pegada de bumbo ñ era boa o suficiente. Então eu disse: ‘Ñ precisam se livrar dele, deixem q eu vou ensinar algumas coisas para ele ficar melhor’. Comecei a trabalhar sua técnica de bumbo e ele melhorou e continuou tocando com a banda e tudo ficou legal. Só q meses depois eles vieram com a mesma conversa, me convidaram para fazer um teste para entrar na banda e eu concordei. É claro q essa decisão afetou a relação com o meu primo por um longo tempo, mas se ñ concordasse, tvz estivesse fazendo outra coisa para pagar as minhas contas.

Perguntado sobre o convite e passagem pelo Slayer, disse:

(sobre o convite) Acredite ou ñ, no dia em q saí do Forbidden, recebi o telefonema da produção do Slayer. Pelo q sei, eles ñ sabiam q eu tinha saído do Forbidden. (…) Avisei q precisava de 12 dias para me preparar. Sempre fui fã do Slayer, mas uma coisa é gostar da banda, outra é tocar com ela. Fiz o melhor q pude. Comia, bebia e dormia com os discos do Slayer. No dia da audição, toquei umas 4 horas antes de a banda chegar. (…)

Assim foi o meu começo, e continuei praticando até ficar o mais autêntico possível. Aos poucos fui ganhando os caras da banda e depois os fãs.

Perguntado sobre se manter em forma pra agüentar o tranco, trouxe:

Tento ñ ficar muito tempo longe da bateria. (…) Vc deve praticar bastante para manter o nível e ñ perder a pegada no instrumento.

Uso pesos com velcro nas pernas para estudar 2 bumbos, baquetas de alumínio e já cheguei a praticar com pesos nas mãos tb, coisa leve. Mas tome cuidado se for fazer a mesma coisa, muito cuidado. Se ñ utilizar essas ferramentas corretamente, vc pode se machucar. (…) Se quiser ficar com seus pés fortes e rápidos, recomendo tocar padrões simples por longos períodos de tempo.

 

E aí o melhor, pra mim, vem no final, ante uma pergunta capciosa feita pelo entrevistador. Quando Bostaph se mostra realmente fã do q faz, sem deixar margem a ambigüidades ou a nostalgias bestas.

Modern Drummer – A bateria no metal às vezes parece uma competição de resistência. Creio q o lado artístico da bateria no metal está se perdendo, especialmente pelo fato de os andamentos estarem mais rápidos do q nunca se imaginou. Vc concorda com essa afirmação?

Paul – Acho q alguns garotos q estão se destacando são realmente bons. Creio q eles querem testar os limtes, e gosto disso. Mas tb acredito q quanto mais rápido fica, mais difícil será para as pessoas entenderem a música. Nada pode substituir os grooves sólidos de bandas como AC/DC, James Brown, Led Zeppelin, Bill Ward com o Black Sabbath e Vinnie Paul com o Pantera. Para esses caras, tudo gira em torno de peso e groove. Ñ acho q o metal está perdendo alguma coisa, mas está fazendo o q sempre fez, evoluir.