SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
por Leo Musumeci
“I, the Mask”, In Flames, 2019, Nuclear Blast
sons: VOICES / I, THE MASK / CALL MY NAME / I AM ABOVE / FOLLOW ME / (THIS IS OUR) HOUSE / WE WILL REMEMBER / IN THIS LIFE / BURN / DEEP INSIDE / ALL THE PAIN / STAY WITH ME
formação: Björn Gelotte (guitars), Anders Fridén (vocals), Niclas Engelin (guitars), Bryce Paul Newman (bass), Tanner Wayne (drums – additional), Joe Rickard (drums)
_
Antes de começar, talvez seja preciso falar justamente sobre “começar”: pra mim, é uma grande satisfação começar uma contribuição mais sistemática com este blog que, mais que um depositário de idéias pessoais sobre metal, é um espaço de resistência.
Resistência, primeiro, porque resiste ao tempo e à infinita obsolescência das plataformas que se sucedem na internet nesse nosso capitalismo atual, se tornando um lugar da memória (num contexto em que a História é alvo de sucessivos ataques, essa resistência tem duplo sentido).
Depois, porque resiste politicamente a um certo padrão dentro do rock, metal, e gêneros afins, que se tornou hiperconservador, de onde homens brancos, no conforto de seus privilégios, se arrogam posições asquerosas e se filiam a tudo aquilo que esses movimentos sempre foram: contestação (como eu disse, a memória curta e a negação da História são os “lugares” em que vicejam esses tipos).
***
Isso posto, pra essa primeira postagem, acho justo começar com uma resenha de um cd recente que me fez volar a ter prazer em ouvir uma das minhas bandas prediletas: o In Flames, com “I, the Mask”.
Em tempo, adiantando um pouco aquilo que descobrirão ao longo dos próximos posts: não sou um saudosista da música, nem tampouco true ou virtuosista. Tenho problemas pessoais com discos mal gravados (o que me faz não gostar de muita coisa antiga) e sou fã de Pro Tools. Rs
Tudo isso pra dizer que pra mim o In Flames não acabou no “Clayman”, como pra muitos fãs “das antigas”. Pra mim, até o “Sense Of Purpose” os discos eram muito bons, no “Sounds Of A Playground Fading” começou a cair, e no “Battles” chegou ao ponto mais baixo – há músicas inaceitáveis nele, mesmo pra quem, como eu, gosta até de algumas coisas do Linkin Park.
Mas, à medida que lançavam os singles nas plataformas virtuais, já era possível ver que algo havia mudado. E começaram bem, logo com a melhor música do cd, sobre a qual vou me deter e, por ela, falar metonimicamente do álbum: “I Am Above” (aliás, se tiverem que dar uma única chance a este cd, peço que seja pra essa música).
Nela a bateria continua reta, mas é muito mais criativa que a imensa maioria das músicas do In Flames, as bases de guitarra saíram pesadas, com um groove bom, cadência, fraseado plenamente compreensível, acompanhando os vocais, ora bem rasgados (diga-se de passagem, acho que o Anders Fridén está em ótima forma neste cd) alternando com refrões bem melódicos e limpos, com pronúncia clara e guturais intervalados. Até o solo de guitarra da música (algo que tendo a não gostar) é extremamente bem encaixado.
***
Obviamente, não é possível manter esse nível pro álbum todo, mas acho que, de maneira geral, encontraram um equilíbrio muito bom entre o som que fez com que se consolidassem como um dos principais nomes da cena sueca e as músicas mais novas, que disputavam público de Mtv.
Acho que, enfim, a entrada do Niclas Engelin se justificou (sempre gostei das bases dele, especialmente, nos primeiros cd’s do Engel, com vocais do Magnus Klavborn – por sinal, acho que muito desse novo álbum do In Flames tem essa mão dele, que foi algo que até no próprio Engel se perdeu um pouco), e a do Tanner Wayne (que nem era algo muito difícil, mas muito necessário) se fez sentir.
A quem interessar, vou deixar o link pro clipe de “I Am Above” (diga-se de passagem, de uma crueza notável).
Forte abraço.
*
*
CATA PIOLHO CCLXXI – cedido pelo amigo Jessiê outro dia, quando do post “Embate 2” recente envolvendo S.O.D. vs Terrorizer. Chupim tão chupim q o Terrorizer ficou até com “medo” de tomar processo?
märZ
26 de abril de 2019 @ 14:12
Bela dissertação. Pena que é uma banda que nunca gostei.
Leo
26 de abril de 2019 @ 17:47
Pô!
Pena mesmo, märZ.
Achei até que conseguiria converter alguém que tivesse desistido do In Flames no meio do caminho, mas, pra quem nunca gostou (nem do Clayman ou da fase mais death, até o Whoracle), é difícil mesmo. Rs
De toda forma, valeu o elogio.
Agora estamos juntos!
märZ
26 de abril de 2019 @ 18:50
Tem toda uma leva de bandas que nunca cheguei a realmente conhecer e o pouco que ouvi nunca me tocou. Reconheço a qualidade e vejo pontos positivos e interessantes, mas simplesmente não bate. In Flames, Soilwork, Arch Enemy, Nevermore… nada disso cola pra mim.
Marco Txuca
27 de abril de 2019 @ 00:41
Minha dúvida sobre o In Flames é se continuam grandes e relevantes na Europa. Digo: influenciaram, bem e mal, montes de bandas. Mas a página virou ou nem?
Jessiê
28 de abril de 2019 @ 11:44
Bem vindo! Bissextamente escrevo uma mal traçadas linhas, bem prolixas…
Nunca aprofundei no som, ouvi ramdomicamente na época de P2P então vinha algo death metal, algo mais melódico, algo mais new metal, fiquei confuso e nunca fui atrás. Leigo total. Qual o melhor play pra ouvir pra curtir ou desencanar?
Leo
28 de abril de 2019 @ 17:50
Sempre uso os cartazes de festivais europeus pra medir essa relevância, Marcão.
A julgar pelo do Graspop, diria que está na primeira divisão, sim.
https://www.graspop.be/nl/line-up/poster/
Na sul-americana, brigando por libertadores, eu diria. Rs
Tiago Rolim
30 de abril de 2019 @ 17:58
Realmente esse disco tá ótimo. O melhor deles desde 2008. Entrado o In Flames como duas bandas; uma até 2008. Sim, a evolução dos caras até o Sense… é espantosa. E olhando hoje com o distanciamento de uma.década se mostrou acertada e coerente. Agora, depois da saída do guitarrista compositor virou outra banda. São 4 discos já dessa suposta banda nova. O Sounds… eu acho ruim. Não me atraiu em nada. Disco esquecível. O seguinte é uma vergonha. Lixo puro. Não comparando, seja.o St. Anger dos caras. O Battles já iniciou uma melhora, tímida, mas algo ali saltava aos olhos. Uma evolução. Que nesse se mostrou acertada! Disco realmente ótimo. Se fosse realmente uamvamda.nova, eu diria que tem futuro.
Voltando a realidade, este é o disco deles em 11 anos que vale a pena ouvir de novo. Enfim, baita disco. Tomara que a curva fique na ascendente daqui em diante.
André
30 de abril de 2019 @ 18:14
Definitivamente, não sou fã da proposta de som dos manos. Mas, vou dar uma chance pra algum play dos caras. Sugestões?
bonna, generval v.
30 de abril de 2019 @ 19:29
Também compactuo dessa análise de posição do logotipo no cartaz e me espanta o Sabaton estar tão bem posicionado. Sempre os considerei 3ª divisão sem nunca ter ouvido nada. Alguém indica um início?
Quanto ao In Flames, gosto até o “Reroute to Remain”. Ouvi todos os seguintes na época do lançamento, mas nunca mais me seguraram a atenção. Vou reouvir o novo, que realmente está melhor que os anteriores.
Tiago Rolim
1 de maio de 2019 @ 00:01
André, vá em qq um dos anos 1990. Literalmente qq um. Se não gostar, desista…
Leo
1 de maio de 2019 @ 09:02
Tiago,
Concordo muito com sua análise da trajetória. Com pequenas diferenças muito mais pessoais.
Musicalmente, tem uma fase áurea, que vai num crescente até o Clayman (pra mim, até o Reroute, mas isso é particular, pq gosto MUITO do cd).
Uma fase de adaptação (tipo abertura de capital na bolsa. Rs) até a saída do Stormblad, mirando ampliar púbico.
Depois, começa uma “fase Derrick”, com a banda tentando se achar – tentando dar continuidade a esse novo “mercado”, mas piorando (a própria escolha do Niclas Engelin é marca disso: ele vem de uma produção muito mais “pop”, que nunca decolou), chegando ao fundo do poço com o Battles.
A questão, nesse cd – e fica o chute na canela do Sepultura – é mostrar que dá pra fazer um som novo que agrade fãs antigos.
Esse cd, pelo que tenho visto, é tratado sempre como unanimidade: um retorno da banda que todos gostavam, mas diferente.
Na minha opinião, inclusive, esse cd está dividido perfeitamente no meio: até “(This is our) house” pra fãs antigos e a partir de “We Will remember” pros novos. Rs
Leo
1 de maio de 2019 @ 09:12
André,
Sigo o voto do relator, Tiago.
Mas, se tiver que dar uma única chance, vá direto ao Clayman. É MUITO difícil achar quem não goste desse CD.
Depois, na ordem, pra mim:
Colony / Reroute / Whoracle / I, the Mask
Se ouvir o Jester Race e o Lunar Strain, vai achar que é outra banda, tipo Amorphis no começo da carreira. Rs
Leo
1 de maio de 2019 @ 09:24
General,
Tb vou dizer sem quase nenhuma propriedade, pq só escuto Sabaton quando entra nas sequências do Spotify depois de ter acabado meus CDs – e, ainda assim, é aquela música que eu estranho, pq não conheço, e pulo. Rs
Sabaton me parece um Rage (lembram?): veio do nada, explodiu fazendo aquilo que muita gente já fez, só que piorado, ocupou posições de destaque, e desapareceu.
Se ajuda, a música mais ouvida deles no Spotify é “Tô Hell and back” do Heroes. Não me motiva.
Leo
1 de maio de 2019 @ 09:51
Jessiê,
Desculpe, meu caro.
Acho que perdi seu comentário no meio dos outros.
Mas a resposta é a mesma do André: Clayman.
“um tapa, um tombo”.
Marco Txuca
1 de maio de 2019 @ 21:29
Todo o apoio a quem ñ vê graça no Rage ahahah