SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H
Gostei deste
“Bruce Dickinson – Os Altos Vôos Com o Iron Maiden e o Vôo Solo de Um Dos Maiores Músicos do Heavy Metal”, Joe Shooman, 2010 (original)/2013 (traduzido), Editora Gutenberg, 306 pp.
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E fora ter gostado, obviamente recomendo. Aproveito pra tb resenhá-lo, em ano bizarro (este 2013) em q li 17 (dezessete) biografias – sendo 12 (doze), musicais – perfazendo assim uma trinca de biografias (uma boa, uma ruim, uma boa) resenhadas aqui no Thrash Com H, dessas q vêm sendo lançadas initerruptamente. O rock e o heavy metal estão virando História? O rock e o heavy metal têm procurado os livros como fonte de renda e novo nicho de mercado? Eu quero mais é aproveitar esse embalo!
(q o digam as do Max, do Duff McKagan, uma outra do Metallica, a do Kurt Cobain, outra ramônica e ainda uma outra sabbáthica compradas, aguardando na estante)
Aproveito ainda pra rebater o resenheiro do whiplash, Raul Kuk, q ao comentar o livro o cravou como “superficial”, pq “ñ traz grandes revelações” (sic). Sobretudo a respeito do Iron Maiden, das tretas entre os caras (sobretudo entre Bruce e Steve Harris), de maiores detalhes quanto à volta de Bruce em 1999 e etc. Ñ traz mesmo. E desculpa ae, cara, eu ñ ser um radical xiita fundamentalista – e perpetuamente insatisfeito – fã de Maiden, desses q passam horas procurando informações da banda na internet, ou q tem ereções a cada vez q vê um Eddie… Pois muitas informações outras citadas me foram inéditas.
Como a de Bruce ñ ter podido ostentar créditos por sons q co-escreveu em “The Number Of the Beast” – “Children Of the Damned”, “The Prisoner” e “Run to the Hills”; a de TODAS as bandas anteriores ao Maiden das quais participou terem nomes iniciados em “S”; a de terem sido usadas imagens de show no Chile no dvd “Rock In Rio”; a de “Shoot All the Clowns” (pseudo-hit do “Balls to Picasso”) ter sido encomendada/imposta pela gravadora (no q nem o autor percebeu a sutileza de Dickinson em rebater tão escancaradamente o “pedido”); a dos moleques q com ele montaram a banda Skunkworks (abortada pela gravadora, q insistiu no “Bruce Dickinson” na capa) terem seguido carreira – existiria carreira-“banda solo”? – como Sack Trick, por exemplos.
Sentirá falta de informações sobre o Maiden quem equivocadamente for atrás do livro pra isso. O livro Ñ É uma biografia do Iron Maiden. Se nem o documentário de turnê “Flight 666” e muito menos a bio de Mick Wall (“Run to the Hills”. Já li tb) abriram a caixa preta q é a banda e seus enroscos, decerto ninguém fará. Isto aqui é uma biografia de BRUCE DICKINSON.
Ainda q eu considere ficando a dever como “biografia” de fato, na medida em q pouco cita anos de infância, colégio e faculdade do sujeito – nisto, “Run to the Hills” faz melhor – assim como tb quase nada fala de seus 2 casamentos: o 1º, com “Jane”, durou entre 1984 e 1986, sem entrar em detalhes de separação; o 2º e atual, com Paddy e 2 filhos, papagaio e gato (sempre citados nos agradecimentos nos encartes), ñ se tem quando rolou, e mal cita um dos filhos, Austin, a ñ ser por co-autoria em “Laughing In the Hiding Bush” e em tocar no Rise to Remain.
Descrições de vida particular acabam restritas aos livros (2) escritos, às aulas e engajamento na esgrima, às aulas de pilotagem e trampo em companhia aérea islandesa, ao filme b sobre Aleister Crowley, e tal. Por se tratar tb duma biografia alinhavada de depoimentos – fartos – de personagens e articuladores dos bastidores da NWOBHM, e de matérias relidas ou reouvidas sobre o cara.
Tvz uma AUTObiografia pudesse entrar em detalhes pessoais. Tvz ñ. As biografias de Peter Criss (citada em post em 26 de julho último) e de Anthony Kiedis – cometidas pelo mesmo autor, Laslo Sloman – e as autobios ghost writter de Tony Iommi, Dave Mustaine e Johnny Ramone (S.U.P. em maio último), nesse sentido, são realmente biografias. Descrevendo VIDA e OBRA. “Bruce Dickinson…” foca mais a OBRA do biografado. E tudo bem. Eu até prefiro assim.
Ñ achei ruim o monte de detalhes sobre o Samson, banda francamente mal assessorada, anterior e sobrevivente à NWOBHM, ainda q sempre aos trancos e barrancos. Como tb achei interessantes os momentos posteriores em q Dickinson tentou lhes dar uma força… ainda q de boas intenções o tal do Inferno esteja sempre cheio. Como tb achei interessante a citação da mancada q Bruce deu com a ex-banda – faria turnê com eles, breve e curta, em 1999, em projeto abruptamente abandonado pela volta à Donzela. Sem se fazer juízo negativo sobre o biografado.
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O q é tb uma aresta q fica: tirando $haron Osbourne (a seguir), ninguém fala mal de Bruce o livro todo. É claramente um livro unilateral, q evita polêmicas (mesmo quando da conhecida treta no Ozzfest o autor coloca os 2 lados da questao). Mas procurar depoimentos contrários é só chatice deste q vos bosta posta.
N achei ruim a atenção ostensiva dada à carreira solo, repleta de “casos” (como um certo show na Sérvia), imprevistos, boicotes de gravadora, sons gravados em quarto de produtor e empresariamento falho. Ainda q do mesmíssimo Rod Smallwood, da banda-matriz. Curti bastante o estilo do autor, Joe Shooman, de humor sagaz, sarcáustico e por vezes duvidoso. (Perde o amigo, ñ perde a piada). Puramente britânico, inclusive nas 212 notas de rodapé, recurso muitissimo bem-vindo para esclarecimentos, ao invés de serem colocadas citações em capítulo final (como a bio de Stephen King contraproducentemente faz), pra ninguém ler.
A tradução tb me pareceu decente, sem erros evidentes de compreensão por quem a fez: há créditos para “revisão técnica” no livro, dum certo Ricardo Lira (“especialista” em Maiden. Retomo abaixo) e de Ricardo Seelig (conhecido polemista de internet). Ponto pra editora por isso.
Pontos negativos, no texto, cito dois, inacreditáveis em termos de falta de informação ou de pesquisa: um do próprio Shooman, outro do tal Ricardo Lira, q cometeu um pra lá de prolixo “Posfácio À Edição Brasileira”, atualizando atividades até 2013 do Maiden – e um pouco do Bruce – por conta do livro de fato se encerrar em 2007, quando do lançamento de “A Matter Of Life And Death” e da morte devido a câncer de Chris Aylmer, baixista do Samson. Ei-los:
Shooman, na p. 243, comentando o final de 2005 e o planejamento pra 2006: “Bruce passou a maior parte de seu tempo no ar, concentrado em seu emprego diário, embora planejasse encontrar algum tempo para participar de outro interessante projeto muscal que também envolvia Chris Dale, Roy Z e o lendário artista brasileiro do metal, Renato Tribuzy”. UGH!
Lira, na p. 272, rememorando o show do Maiden no 1º Rock In Rio: “A primeira vez que o Iron Maiden veio ao país foi em 1985, durante a primeira edição do festival, ao lado de artistas e bandas como Saxon (PUTZ!), Ozzy Osbourne e Queen; foi sua maior audiência até hoje, contando com quase 300 mil pessoas”.
Ñ achei cansativa a leitura: como o amigo Jessiê bem colocou outro dia (post “Alfa e Ômega”, abaixo), é algo q se devora em poucos dias. Ao mesmo tempo, sendo narrativa em 3ª pessoa, tem o mesmo defeito q as bios de Metallica e Iron Maiden por Mick Wall, e da do Motörhead por Joel McIver: o de acelerar as coisas mais pro final. Autores perdem a isenção e a objetividade da escrita e se tornam fãs, elogiando demasiadamente discos recentes e descrevendo, aí sim superficialmente, episódios e planos recentes dos biografados, sem maior consistência.
“Bruce Dickinson…”, a partir de seu retorno ao Maiden – em seus 6 (de 25, mais o citado “Posfácio”) derradeiros capítulos – tem material q penso se encontrar em qualquer site de fã deslumbrado, sem q o teor de tudo descrito anteriormente nem por isso se perca. Tampouco a admiração pelo sujeito, pra mim o maior vocalista de heavy metal de todos os tempos, sim. De repente, dá pra ler até o capítulo 20, e guardar o livro na estante.
Um bom ano q vem pra todos nós!
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CATA PIOLHO CCXXIV – tirado de outra informação do livro, o som abaixo. Difícil ñ associar a um certo som do Iron Maiden, hum? Pois Thunderstick, baterista do Samson, a compôs no Maiden, no curto período em q tocou na Donzela (em idas e vindas com Clive Burr). Parece constar co-autoria de Steve Harris na versão Samson (gravada em “Head On”), enquanto q no “Killers” só se vê autoria do velho ‘Arry…
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Rjbej0B9KDY[/youtube]
Jessiê
31 de dezembro de 2013 @ 07:54
Ainda não terminei, estou na metade e agora que cheguei no number… Achei muito longo e desnecessária 1/3 do livro praticamente focado no Samson.
Também é pertinente a parte da unilateralidade do livro que soa como fã deslumbrante (“o maravilhoso Killers”, “ninguém conseguiria realizar Numbers que estava anos a frente de todas as bandas”, na minha opinião Judas já realizava discos relevantes”).
O recurso das notas de rodapé é muito válido e aqui usa e abusa do mesmo.
Pra terminar paguei R$ 49,90 na Saraiva, preço justo, apesar que dos três que comprei tenha sido o mais caro.
Como disse antes achei, ao menos por enquanto, as bios de Iommi e Mustaine superiores e de leitura mais agradável.
Espero que 2014 nos traga tantas outras obras literárias quanto nos foram brindado este ano.
Jessiê
31 de dezembro de 2013 @ 07:58
Txuca algo a dizer sobre a bio “Sabbath Blood Sabbath”? Estou pensando em adquirir mas o preço (60 pilas) me faz procurar opiniões.
Parece-se que o livro da fase motociclista do Neil será lançado no Brasil. Tomara, sera interessante ver o que o “new guy” tem a dizer.
Jessiê
31 de dezembro de 2013 @ 09:04
Apenas atualizando o post, como estávamos falando eu e o amigo marZ, as bios do Iommi e Mustaine são em primeira pessoa (mesmo que a primeira pessoa seja uma segunda pessoa) esta aqui em 3.ª.
A do Iommi que achei sensacional li em uma noite e parte de um dia. A do Mustaine em dois dias completos. E esta estou no 4º/5º dia e na metade do livro e agora deve progredir porque chegou no numbers.
Mas também de repente pode ser reflexo do meu interesse pelos personagens.
Marco Txuca
31 de dezembro de 2013 @ 11:24
Então, Jessiê… me parece fria esse “Sabbath Bloody Sabbath”. Tvz ñ mais fria q aquela horrenda “Biografia Ilustrada” q resenhei mês passado. Mas tanto mais pq a bio do Iommi e a outra do tal Martin Popoff – citada por aqui no “Alfa e Ômega” – podem oferecer mais…
Esse Joel McIver é meio o “Gabriel Chalita do metal”: tem trocentos livros, mas parece q a quantidade gera perda em termos de qualidade.
Li a do Motörhead por ele, e curti. Mas pq faltam bios do Motörhead. A do Max deve ir no mesmo caminho… Sei lá, folheei essa SBS e ñ achei grande coisa.
doggma
2 de janeiro de 2014 @ 10:49
Excelente 2014 para todos os amigos aqui, com muita saúde. O resto a gente corre atrás (ou ganha em experiência, rs)
Gosto muito daqueles primeiros discos do Samson (especialmente o “Head On”). É um período da vida profissional do Bruce que me interessa bastante – aliás, que vida profissional absurdamente foda a desse sujeito! Então acho que sou o público-alvo do livro, apesar dessa fraquejada na imparcialidade na reta final. Já vou encomendar o meu.
Sobre o Ricardo S., o inimigo do meu inimigo (RCrew) não seria meu amigo? heh
“e o lendário artista brasileiro do metal…” UGH²
Ricardo Lira
29 de junho de 2014 @ 07:43
Olá Marco Txuca. Sou o escritor do posfácio do livro do Bruce. Tudo bem? Não tinha visto sua resenha e achei legal saber que gostou do livro. Entre algumas verdades que disse sobre a natureza não-autorizada do livro, gostaria de aproveitar para esclarecer algumas sobre a minha parte, que é provável que tenha tratado com sarcasmo exagerado.
Bem, o “especialista” não foi termo meu, mas da editora que anunciou o livro. Eu não me chamo assim, mas ela quis chamar assim. O título “Posfácio…” também não é do prolixo Lira, mas de quem diagramou o livro. Você talvez seja um leitor bem público-alvo, porque infelizmente critica a área editorial sem saber dar nome aos bois.
Quanto ao bárbaro erro “saxônico” (UGH!), sei que parece ofensivo…e É ofensivo. Foi, quando o descobri. O escritor trabalha com grande número de informações e (re)organizações e é claro que acontece de datas e nomes saírem errados. O Saxon foi um dos erros que submeti à editora, pedindo para trocarem para Scorpions (confere?). Até a 3a. edição ainda não havia sido corrigido, mas quem sabe numa próxima?
Havia outro par de erros lá, mas você esqueceu de citar ou simplesmente não sabe que são erros? Hmm.
Sabe Marco, trabalho de revisão leva dias e tive que passar diversas anotações à editora só para que passagens ficassem mais claras aos leitores. Esse trabalho (que também foi feito pelo Seelig) nunca é transparente para ninguém. Mas se a leitura flui, considere! 🙂
Não escrevo para querer mudar a opinião de ninguém. Achei o blog bacana e sinceramente é uma das opiniões mais sinceras e descritivas que já li sobre o livro.
abs!
Lira