MEIO Q VALE 15 FORATEMERS

ID

“Shadowcast”, Insidious Disease, 2010, Century Media/Encore/Mutilation Recordings

sons: NUCLEAR SALVATION / BOUNDLESS / THE ESSENCE OF NEGLECT / ABORTION STEW / THE DESIRE / RITUALS OF BLOODSHED / FACEMASK / INSOMANIAC / VALUE IN FLESH / ABANDONMENT / LEPROSY (Death)

formação: Marc Grewe (voice), Silenoz (guitars), Jardar (guitars), Shane Embury (bassguitar), Tony Laureano (drums)

guest lead appearance on “Abortion Stew” by Russ Russell
additional guest lead guitars by Cyrus
“Rituals Of Bloodshed” lyrics by Killjoy

Era mais fácil curtir heavy metal antes. Antes da internet e dos anos 90.

Quando até sabíamos q existia MUITA banda, mas q ñ daríamos conta de ouvir tudo. Nem tudo saía por aqui e nem todos os amigos e/ou parentes tinham todos os discos q gostaríamos de conhecer. Mas se chegava até perto do ideal. Ñ conhecer tudo era tb parte da coisa e das conversas. O q se vê duns 20 anos pra cá?

Montes de bandas, por conta do metal ter degenerado – duplo sentido! – em múltiplos subestilos. Além disso, uma oferta muito maior do q a demanda por conhecermos tantas, via internet e seus meios. E tanto quanto tudo isso citado, ainda toda uma onda de “projetos” e de “bandas paralelas” tornados humanamente impossíveis de se conseguir acompanhar. A maioria deles, ao q me parece, curiosamente situados em pólos opostos do metal como um todo.

O metal melódico e o metal extremo têm legado montes de bandas, projetos, álbuns conceituais e similares, mais q os gêneros mais acessíveis ou tradicionais no estilo. Muitos deles no máximo divertidos, desencanados ou, se muito, para satisfação pessoal – somente e apenas tão somente – dos envolvidos. Falávamos do Adrenaline Mob por aqui outro dia, projeto hipster (e como o tal Avantasia, coisa pra quem conhece só 5 ou 6 bandas) q, a mim, ilustra uma tendência de baixa autocrítica e de déficit severo de atenção: mais um projeto de gente supostamente ilustre q se leva mais a sério – selos tb os levam – do q deveria.

Nesse ramo prog-melódico vejo isso em enjoativa demasia.

O metal extremo tem seus baluartes, sempre montando bandas, iniciando projetos (até os q tendem a ficar cultuados), trazendo alguma “novidade”. E pra além das bandas titulares das quais fazem parte. Coisa pra se montar listas por aqui – “10 melhores projetos de fulano de tal” – caso conseguíssemos conhecer tudo. Shane Embury é um desses.

Banda titular, todo mundo sabe qual é; projetos paralelos mais proeminentes, todo mundo sabe mais ou menos de q se trata. Daí vc pega a ficha do cabra no Metal Archieves e vê, dentre bandas ainda ativas e projetos engavetados/encerrados, mais de 20 (vinte). Tem q ser muito gente boa, desocupado ou criativo pra ter currículo assim…

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E é aí q chego ao Insidious Disease, do qual nunca tinha ouvido falar e só descobri graças a uma busca randômica em site de loja preferida da Galeria do Rock: vi ali esse “Shadowcast” custando 15 reais, com uma capa interessante (o encarte segue a mesma pegada) e puxei a ficha… Shane Embury no baixo. Tem credibilidade comigo, fui atrás e comprei.

Tem tb o Silenoz, dos hipsters from hell há tempos sumidos, Dimmu Borgir, e ainda um dos eméritos bateristas de aluguel contemporâneos, Tony Laureano, de passagens por Nile, Brujeria, Malevolent Creation, Angelcorpse e Dimmu Borgir tb, atualmente ganhando o pão como roadie do Megadeth. Ñ exatamente configurando aquele projeto de estrelas de 1ª grandeza (os demais são até conhecidos, mas ñ tão badalados) ou gabarito tr00, mas quase isso.

E “quase isso” certamente define “Shadowcast”, um disco de death metal comum q se ouve sem sobressaltos. Sem altos muito altos nem baixos muito abaixo, a ñ ser o cover de Death, pra mim melhor som; fora esse, “Value In Flesh”. E q a mim ilustra gente com potencial pra mais e q pouco concretizou.

Se por questões logísticas (noruegueses, inglês e americano de Porto Rico juntos) – embora se tenha gravado tudo na Noruega – ou por arestas de pressa e de tempo contado/corrido de estúdio (q é o q muito “projeto” acaba demonstrando), ñ consigo dizer. E tvz nem eles consigam, na medida em q se dizem “ativos” ainda, mas nada mais lançaram desde então. Será q vingou?

Os andamentos são predominantemente cadenciados, mas ñ como Obituary ou Bolt-Thrower, com ocasionais blast beats. E isso muito em função dos vocais – q alternam gutural e gritado – entoarem letras de métricas parecidas, repetitivas. Concordo com resenha negativa q li sobre nos piores momentos o tal Grewe (ou “Groo”) lembrar o Derrick Green. Mas dum modo até interessante. Suas letras variam entre um gore básico (nada Carcass), serial killers refletindo sobre suas atrocidades e nefandas existências em 1ª pessoa (nada Slayer) e numa profunda e irrestrita descrença pra com a tal da humanidade. Ñ fedem, ñ cheiram.

As guitarras são competentes, mesmo nada apresentando em termos de “riffs memoráveis”. Até por predominarem bases. Os solos são escassos e mais protocolares q virtuosos. E mais pra dar climas e texturas, q pra aparecer. Tanto quanto Embury, “jogando pro time” – discreto mais q de costume – dando aquela argamassa e oferecendo senso e noção a tudo.

Em resumo: ñ achei ruim. Nem bom. É muito bem gravado, só q sem configurar algo q tenda a algum culto ou a alguém dar pela falta nalgum papo tr00. As “participações especiais” são só… participações. O encarte ñ traz as letras, e sim uma série de imagens abjetas e repulsivas, sintônicas aos nobres temas apresentados. Nada condizente, infelizmente, com o (elevado) “padrão Napalm Death de qualidade de bandas e/ou projetos advindos e/ou adjuntos”. No fim, o Insidious Disease é MAIS UM “projeto”.

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CATA PIOLHO CCLVII – Jogo dos 7 Erros capístico da vez:

"Jarre Live", Jean Michel Jarre (1989)
“Jarre Live”, Jean Michel Jarre (1989)
"Chameleon", Helloween (1993)
“Chameleon”, Helloween (1993)