NERVOSISMO INCONTROLÁVEL

por märZ

Escrevi sobre as meninas do Nervosa neste blog há exatos 5 anos [foi em 10.07.14 – o editor demorou a postar], questionando quem seriam essas 3 garotas fazendo todo o barulho midiático que já então se fazia visível. Haviam então lançado somente 1 álbum, já tocavam na gringa e apareciam em revistas metálicas de vários países. Mera jogada de marketing de um bom empresário com os contatos certos? Talvez não estivesse longe dos fatos pensar assim. Mas as coisas mudaram de 2014 até 2019.

O que se vê hoje é uma banda que cavou seu lugar no underground. Mas não aquele underground da realidade metal brazuca, onde banda é um hobby para tocar em bares no interior com 35 pagantes. O underground onde habita o Nervosa está mais para o Obscene Extreme da República Tcheca ou o Durbuy Rock da Bélgica.

E é daí pra cima.

A quantidade de shows feitos pela banda nos últimos anos é na casa das centenas e continua subindo, juntamente com seu status no meio metal. Já deixaram de ser aquela novidade, três minas novas do Brasil fazendo thrash na veia alemã dos anos 80. A quantidade de países visitados é muito extensa para se listar e sua popularidade em algumas dessas nações é cada vez maior. Exceto em sua terra natal.

Aqui, permanece a mesma mentalidade de quando surgiram e começaram a fazer barulho: “ah, é só uma banda de garotas, não passa de uma curiosidade e não tem consistência para sobreviver sem o hype”. Isso é puro preconceito. E não adianta que já estejam em seu terceiro álbum e que venham melhorando a cada lançamento: esse preconceito persiste.

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Pertinente comentar que a mudança em seu som se deve principalmente pela adição da baterista Luana Dametto, que veio de um background mais death metal e injetou em seu último álbum uma agressividade inédita na música da banda. Já Fernanda é uma frontwoman de um carisma gigantesco, raramente visto no meio. Sério, é algo fora do normal. Como baixista, não é nenhum Geddy Lee de spandex, mas dá conta do recado. Mas é no terceiro eixo onde surgem os primeiros caroços do angu: a guitarrista Prika, fundadora e dona da banda, é muito limitada musicalmente. Se a banda é criticada por não ter as melhores performances ao vivo, deve agradecer a ela. Como substituí-la NÃO é uma opção, talvez devessem contratar uma segunda guitarrista com mais habilidade, que tomasse conta dos solos e, com duas guitarras soando juntas, disfarçasse certas limitações da colega. Mas esse é somente meu ponto de vista pessoal e de maneira alguma uma crítica gratuita. Torço para que evoluam, sempre.

O fato é que a banda vem mandando muito bem, evoluindo a olhos vistos, excursionando incessantemente pela Europa, Américas do Norte e do Sul, e entretanto por aqui continuam a ser olhadas de lado pelos fãs do estilo e mídia especializada – a Roadie Crew, nesses últimos 5 anos, no máximo fez uma única entrevista com Fernanda Lira. Por bem menos, outras bandas nacionais ganharam capa e muito mais apoio.

Então, repito: seria preconceito?

Discografia: “Victim Of Yourself” (2014), “Agony” (2016), “Downfall Of Mankind” (2018)