CENAS

A idéia é dissertar um tanto sobre precariedades infra-estruturais ou sobre elementos promissores em se ter banda por aqui. Papo meio iniciado no post recente “Slayer Newsletter”, ali atrás. E q aponta a INCIPIÊNCIA duma cena, q ñ é pagar jabá em revistinha e site ou – parafraseando Max Kolesne – tirar fotinho posando de fodão pra pôr no Facebook.

Ñ consegui articular um texto coerente, então vão duas partes de alguma coisa:

1.

Sexta-feira última, fui com a banda cover de Motörhead tocar em Sorocaba. 1ª vez. Contato via Facebook, na base da confiança. Fomos os 3 em meu carro, levando amplis e extras de bateria (pratos, caixa, banco, pedal, suportes de prato) visando ganhar um valor mínimo ou o da bilheteria. Q era R$5.

Local estrumbado de gente. Gente realmente fã de Motörhead pedindo sons, cantando vários, adivinhando os próximos no repertório de 26 q fizemos. Em meio a um intervalo, sujeito veio trocar idéia numa boa, contando do show no Philips Monsters em 1996, em q chorou ao ver Lemmy e seus asseclas. E quase chora ali contando. Outro lembrando ter nos visto em São Paulo 7 ou 8 anos atrás. Provável. Outro ainda vindo me perguntar o irrespondível: se eu preferia Animal Taylor ou Mikkey Dee. Ñ consigo!

Terminada a apresentação, garota nos parabeniza e diz apenas lamentar ñ tocarmos músicas próprias. Fôssemos banda assim, teríamos vendido montes de cd’s. Clima geral e mútuo de q voltaremos ao lugar.

Gente NOS AGRADECENDO – e ñ pela 1ª vez em bares pelo interior do Estado – por termos ido lá. O q nunca sei se 1) por carência de shows em geral; 2) se por fazermos algo razoavelmente convincente; 3) se por ñ termos qualquer frescura. Somos 3 caras montando, tocando e desmontando equipo. Trocamos idéias mesmo com bêbados chatos: faz parte do pacote.

A 1ª possibilidade, ñ me parece: há shows direto no lugar. Fim do mês, inclusive, MX tocará por ali, com outras bandas. Provavelmente indo em 1 ou 2 carros, carregando equipo no ombro, cd pra vender embaixo do braço e sem qualquer ilusão quanto à sucesso, fama ou glória. Nada contra, acho q tem q ser assim.

2.

Dia seguinte, sábado, fizemos nossa 178ª apresentação (desde 2004) no Lolla Palooza, lugar a mim especial tb por ter me casado ali em 2009. Santo André. Noite de Halloween, abrindo prum cover de Iron Maiden, q ñ se mostraram cuzões, tampouco acessíveis. Ñ nos viram tocar, chegaram pouco antes, coisa típica.

Sujeitos atualizados, fizeram o set da turnê recente, mesmíssimo show do Rock In Rio. 6 pessoas num palco onde trio já quase lota, mas tudo bem. Visual dos caras caprichado, sobretudo os “Adrian Smith” (bandana, colete e cabelo iguais) e “Steve Harris” (cabelão, baixo Fender, pé no PA); banner de fundo quase maior q a parede. Galera – menos gente q em Sorocaba – adorando.

Eu e Patroa fomos da opinião de tudo muito exagerado. Ñ a ponto dum outro Maiden Cover daqui, dos q se dizem “oficial” (nunca entendi essa porra), q tem sujeito vestido de Eddie passeando pelo palco e baterista com bateria idêntica (número de tambores e pratos) à do Nicko. Mas a ponto do vocalista mandar “scream for me, Santo André“… achei over.

Tb achei o baterista fraco. Quando, na “The Trooper”, o “Bruce” deles tb ostentou idêntico paletó vermelho e bandeira da Inglaterra tamanho jumbo, achamos de comum acordo q a coisa havia passado do ponto. Fomos embora. Coisa nossa: tem quem discorde ou discordasse, mas o ponto é termos visto uma banda de visú e postura PROFISSIONAL. O q incluiu tb camiseta com logocover – da banda usada pelo “Dave Murray” e 1 ROADIE.

Mês passado havíamos tocado no mesmo lugar com um Metallica Cover q só ñ tinha roadie pro vocal. 4 deles, uniformizados com o logocover – da banda. O do baterista, completamente chatonildo, tocando em cima do Slipknot q rolava ambiente, meio pra posar de fodão, meio sem noção, teve q passar um tempo pra se tocar q o baterista queria tocar tb.

Só q achamos os caras meio cuzões e ficamos fora do bar, conversando com uma molecada q tinha curtido Motörhead.

Uma outra banda cover de Metallica por aqui – q o baixista é conhecido meu e toca tb no Chemical – ouvi falar q tem empresário. Ou escritório q agenda shows pros caras (parece q esse Maiden Cover pra quem abrimos, tb). Ñ duvido, já q este ano tocaram em Belém (2ª vez), Juazeiro do Norte e no interior do Rio Grande do Sul. Tocam praticamente todo fim de semana.

***

Daí a gente vê os true jacú reclamando de “falta de apoio” na “cena”.

Daí a gente vê playboyzada q toca melódi-cu e prog de apartamento reclamar da falta de lugares pra tocar. E dos planos mirabolantes de conquistar a mídia, tipo ir a pograma de Fátima Bernardes.

Seguinte:

1. público pra metal existe. No interior do Estado, mais ainda. Banda ir atrás, só usufruir. E se contentar com a grana do pedágio, da gasolina e com água de graça no palco. Tocar muito dá pra juntar algum. Quer comer mulher e/ou ganhar dinheiro? Vá tocar sertanojo universiotário!

2. show pra fazer, tem como fazer direto. Se for cover de Metallica e Maiden, toca todo fim de semana, muitas vezes duas vezes. Banda de som próprio é valorizada em lugares mais distantes. Pessoal quer comprar disco. Mais de uma vez já tivemos q dar baquetas e palhetas pro pessoal, devoto e sinceramente emocionado. Sendo banda cover.

3. desconheço quem seja empresário do Korzus, do Claustrofobia ou do Torture Squad, mas ñ dá pra agüentar mais nego posando de fodão tentando viver de abrir pra gringo. Empresária do Sepultura é ex do ex baterista (portanto, ex-Cavalera, embora use ainda o nome pra ajudar nos contatos), e parece só arrumar shows pra banda por aqui se tocarem em Rock In Rio com convidados, ou os comemorativos de discos antigos, da “era Max”.

4. vai ter Torta De Danonne (ñ tinha acabado essa merda?) e Almah no Manifesto este mês nalgum domingo. Dia morto pra boteco, q só abre pra banda de som próprio aos domingos (quando ninguém vai) ou em meio de semana (quando ninguém vai). Querem tocar só na capital e q caravanas do interior venham lhes lamber os cus. Ñ formam público. Tocar no interior – onde fariam isso. Investimento na carreira – ñ querem. Querem reclamar. Posar de injustiçados e incompreendidos.

5. “banda cover roubar espaço de banda de som próprio” de cu é rola. Ocupam espaços q os outros ñ fazem questão. E tb os q se faz questão, mas em dia q galera vai. Pois ñ sendo banda ruim, ao menos tocam coisa legal e/ou conhecida