TAROT

Certamente as resenhas oficiais omitirão ou blasfemarão contra o baixíssimo público ali no Blackmore, algo previsível desde o anúncio da realocação do show:

tirando o povo q trabalha ali, o pessoal da imprensa (q já vou aprendendo a reconhecer. E da qual um ILUSTRE REPRESENTANTE me reconheceu na porta – maldita hora em q postei foto minha aqui! – dizendo/provando ler o Thrash Com H e querer comentar: faça-se presente, Roque Santeiro!), o tanto de fotógrafos (uns 3 ou 4) e as groupies q devem ter entrado por ‘cortesia’, devia haver uns 45 pagantes ali pra ver o Tarot.

Dum público total q tvz chegasse a 60 testemunhas – 2 a mais, 2 a menos em desvio-padrão tipo Ibope eheh

E se, pelo ponto de vista comercial o evento foi realmente um FIASCO, por outro lado, funcionou como um show exclusivo pra quem era fã por ali. E a maioria dos poucos era realmente fã: gente cantando os sons, pedindo alguns (eh, Patroa!), curtindo a simpatia sarrista dos finlandeses (sempre prodigiosos em rirem de si próprios), pegando autógrafos e tirando fotos ao final etc.

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De minha parte, só reconheci o cover de Blue Öyster Cult (“Veteran Of the Psychic Wars”), bem legal (pq bem fiel) e o último som, “Traitor” (o tal q a Patroa tanto pedia), e pude perceber o quão legal é ver uma banda desse naipe – irrelevante, sim, no sentido mais amplo – tocando num palco pequeno e pra poucas pessoas, desmistificando impressões q shows maiores acabam nos (me?) impondo.

Aquilo de às vezes duvidarmos de vocalistas cantando realmente, de efeitos pré-gravados suspeitos e de produção cosmética (luzes, efeitos, banners) q suplanta o som, essas coisas. Nada disso se fez anteontem ali no bar: são uns instrumentistas medianos (nem ruins nem monstruosos) q fazem sons sem exageros (riffs legais aqui e ali, bem setentistas, alguns de inspiração sabbáthica comedida, como tb uma ou outra passagem meio Rainbow) e se divertem divertindo a galera. Básico, mas ñ óbvio. Tampouco algo datado.

O baixista do Nightvixe (banda paralela dele. O Tarot, titular, tem já 25 anos e 10 álbuns na bagagem), Marco Hietala, e um dos tecladistas – são dois! – Tommi Salmela, dividem os vocais: ñ têm vozes q me agradam (soam ásperos, sei lá), mas ñ se pode negar q ñ saibam cantar. Cantam muito. E pra valer – ñ haveria como ter playback ou correções naquele lugar, com aquela produção modesta. O guitarrista irmão do xará, Zachary Hietala, aparenta idade pra ser pai de 95% dos presentes ali: lembra aqueles guitarristas das antigas, meio andarilhos, daqueles q dizem ter tocado com Gal Costa, Raul Seixas ou Casa Das Máquinas e q faz jam em boteco em troca de goró. Mas tb ñ manda mal.

O baterista Pecu Cinnari, já ñ fui muito com a cara: de chapeuzinho, calça colada, lembrava esses bateristas deslocados de bandas farofa decadentes, tipo Rob Affuso, Steven Adler, Tommy Lee. E nitidamente sofreu nos primeiros sons (parece ñ ter feito aquecimento), mas ñ fode nenhum esquema. O tecladista outro, Janne Tolsa – escondido atrás do Salmela – mal se via. E tb ñ comprometeu.

tarot

E fora a boa impressão de ter visto uns tiozões ao vivo de verdade, de banda q toca aquilo de verdade, por acreditarem na proposta e nos sons de verdade (sem concessões ou modismos na receita), tb tive a impressão de ser o Tarot banda melhor ao vivo: vendo-os, pude entender mais os sons, as divisões vocálicas e tecladísticas, os entendimentos entre eles.

Tanto q a Patroa comprou ali o “Gravity Of Light” (novo), devidamente autografado por Marco, Tommi e Zacarias, q pus pra rolar chegando em casa, sem q me causasse o mesmo impacto: vários dos sons (maioria, né, Patroa?) foram dele, mas ñ senti a mesma VIBRAÇÃO.

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Enfim: e a ñ ser q expectativas financeiras sejam redimensionadas (e menores) pruma eventual próxima vez, quero crer q o Tarot JAMAIS RETORNARÁ pra cá. Ñ é realmente banda q faça alguém querer ter banda ou querer tocar igual, tirar os sons. Só q tb ñ é uma BOSTA DE BANDA. É pra quem gosta mesmo, ñ pra quem tvz esperasse q tocassem algum Nightwish (e nem me pareceu haver gente assim. Apesar duma comoção irritante a cada vez q Marco falava entre os sons) ou cometessem bis com camisa da Seleção (apesar de alguma menção ao futebol brasuca ter rolado).

Show honesto, preço decente, bar legal (apesar do bauru xinfrim), dia ruim, e é isso ae.

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PS – e q ótimo q ñ teve o Hangar 17!