NAPALM DEATH
VIP Station, 26.10.24
Meu 3⁰ show do Napalm Death, e o melhor. Disparado. Mas fui ao VIP Station sábado contrariado.
Pq o pessoal aqui lembra: por volta de 1 ano atrás foi anunciada uma turnê brasileira Napalm Death, Krisiun e Ratos de Porão, com SP, Rio, BH e Curitiba no roteiro, e SP contendo umas bandas a mais, tipo fest.
Tipo SP pagando a turnê. E pra piorar, o q era uma apoteose pós-apocalíptica anunciada acabou virando um fest com 11 bandas abrindo pros ingleses. Sem Krisiun, sem RDP. Blah
Só de birra não dei o nome do fest no título, nem pretendo citar. Bora Napalm Death.
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Chamou minha atenção q Danny Herrera (baterista) e John Cooke (guitarrista sub) tenham vindo ao palco passar o som antes, junto aos roadies (maioria brasileiros). Sem afetação nem frescura.
Pq quando o logotipo entrou no telão e a luz baixou, uns 10 minutos atrasado, foi o estopim da coisa. Sem fitinha de introdução. A seco.
Um evento q tenho q tomar cuidado em adjetivar: foi um show PERFEITO. Pra mim, o 2⁰ melhor do ano, só perdendo pra outros ingleses. Deve ser da raça.
Uma hora e 20 minutos com 11 álbuns contemplados, de “Scum” (alfa) a “Throes Of Joy In the Jaws Of Defeatism” + o EP “Resentment Is Always Seismic” (ômega) – aliás 5 sons do primeiro e 6 da safra recente. Apesar de eu achar o setlist printado abaixo meio falho.
Por exemplo: onde consta “You Suffer” (tocada!) na 2ª vez, na verdade foi “Dead”, com Barney Greenway explicando ser a “parte 2” daquela ahahah
Além disso, me pareceu rolar um outro cover q não o de Dead Kennedys, cantado majoritariamente por Shane Embury (e eu nem sabia q ele falava) e dedicado à “população de Mariana”. Salvo engano.
Q seja.
O som estava impecável, os caras tinindo e até a roupa deles parecia combinar com o palco, com o telão, a iluminação. O único defeito? Barney conversando com a gente 70% do tempo em espanhol. João Gordo, no fundo do palco filmando tudo, deveria ter dito ao homem q o Brasil é quintal dos EUA e não falamos espanhol, apesar do continente inteiro falar.
O público estava insano, as rodas hostis, e mesmo uns babacas subindo ao palco tempo demais (devidamente enxotados pelos seguranças) não chegaram a atrapalhar. Mexeram no microfone de Shane e tvz tenham pisado nalgum pedal de Cooke, mas são todos veteranos e davam só aquele passo atrás.
Napalm Death impressiona pq não parece banda velha. Tudo o q foi tocado foi na mesma intensidade ogra e o repertório abrangente soou coerente. Profissionais e passionais: percebe-se q (ainda) gostam de tocar. Destaco o baterista Herrera, nunca citado entre melhores bateristas de death metal ou grindcore (e nem o é, no stricto sensu da firulagem), mas impecável e impassível nos blasts e grooves.
Entrou pra banda e jamais saiu, caralho.
Destaques: “You Suffer” (claro) e “Suffer the Children”, q poderia ter colapsado o local e alguma fenda espaço-temporal. A segunda, emendada em “When All Is Said And Done”, minha favorita de “Smear Campaign” e do show. “Backlash Just Because” e “Fuck the Factoid”, da safra recente, soam gigantes.
Deve ter quem reclame de ter faltado essa ou aquela música – “The World Keeps Turning”? – mas não acho q esse seja um ponto. Com essa banda, dessa trajetória, SEMPRE faltará som. A coesão é tudo. E torcer pra próximos shows, com acréscimos e substituições no repertório.
Não são os maiores no q fazem AINDA por jabá ou nostalgia. Honram o nome, evoluem o grindcore q ajudaram a parir e isso é notável. Imensurável.
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Pra não ficar na birra completa, passagens das outras 5 bandas q assisti. Todas, exceto o ROT, bem legais aqui e ali. Mas é q eu queira ter assistido Krisiun, Ratos de Porão e Napalm Death.
Fossilization: cheguei, estava começando. Recomendação do Leo. Black metal abelhudo, tudo soando incômodo, maçarocado na proposta. Não pq o som estivesse ruim. Usando pinturas de guerra, meio camuflagem meio Sodom. Não falaram oi, não se apresentaram ou falaram nomes dos hinos e acabaram a última nota do último som, ergueram os instrumentos, viraram de costas e foram embora.
Achei engraçado.
Cemitério: show seguinte, no palco do porão. Devidamente anunciado no telão do palco principal (organização do rolê sem defeitos). E estão no mesmo nível do Surra, parece: letras em português sobre diabo, maldições, sexta-feira 13 e etc., pessoal cantando tudo e batendo cabeça. Banda com apelo e de verdade, apesar de eu não curtir o jeito tosco de fazer thrash deles. Me soa preguiçoso e um pouco derivativo. Coisa minha, ninguém ali curtindo pôs defeito.
Surra: palco principal, focados, sem muito papo, baixista sem gracinha. Praticamente o mesmo repertório do show de sexta-feira, tirado um ou outro som. Tipo “Bom Dia, Senhor” ao final, q funciona muito.
As rodas mais insanas (até o Napalm Death), galera berrando junto as letras – inclusive as novas – e a impressão de q tocaram até menos do q o tempo permitido. Deixaram todo mundo atordoado.
ROT: porão, público cativo, 2 vocalistas e não me desceu. Bando de tiozão fazendo grindcore datado e mal tocado. Estavam no rolê certo, eu é q não. 30 anos atrás eu teria achado foda.
Dead Congregation: gregos, solenes, só o baixista cabeludo e agitando, camisa do Voïvod. Som opressivo, claustrofóbico, old school (mas não tosco) e impecavelmente tocado. Baterista relógio, preciso. Blasts e 2 bumbos muito bem dosados e, ao mesmo tempo, o tempo todo.
Me lembrou Marduk com Centurian. Técnicos, mas sem excesso. Excessivo pareceu o tempo de show: cansaram um pouco o público, q foi procurar bar (sanduíches a 30 contos, Coca em lata, a 15) e banheiros e se preparar pra quando o Napalm Death chegasse.
E chegaram. Coda 5⁰ parágrafo.