FAST AND FRIGHTENING

O L7 foi – e voltou a ser? – uma banda muito divertida, embora falassem sério. E se divertiram muitíssimo tb.

Ñ eram exatamente umas gostosonas de plantão, mas tinham um sex-appeal, sobretudo Donita Sparks e Jennifer Finch (“a minha ‘L7 favorita'”… bah). E viveram o furacão grunge + música alternativa ascendendo muito. Vindas até de bem antes da coisa.

Mas falharam na decolagem, ou ratearam na chegada. Ñ vingaram, comercialmente falando, isso é fato.

Há uns 15 dias assisti ao documentário aqui. Muito divertido, nada “chapa branca” (certo, märZ?) e zero “reconstruído” (como aquele semi-fake do Anvil), contando com imagens da época e depoimentos de todo mundo envolvido.

Sparks e Suzy Gardner montaram a lojinha, Finch e Dee Plakas chegaram depois. Formaram uma unidade. Passaram por selos cruciais (Epitaph, Sub Pop, Slash), tiveram eméritos produtores (Jack Endino, Butch Vig), tocaram em grandes festivais (Reading, Lollapalooza) e eram enturmadas com punks, grunges, alternativos, mesmo tendo sido abraçadas um tanto pelas revistas de metal.

Aproveitaram alguma popularidade em “Bricks Are Heavy” fazendo shows ativistas (com Gwar e Fugazi?!) pró direito ao aborto, mas nunca venderam muito. Viveram uma expectativa de “estourar” q nunca aconteceu. Encheram a cara, usaram muita droga, zoaram o barraco. Defacções foram abruptas, mas tb sentidas (Finch avisou q sairia por um bilhete escrito em folha de caderno, Gardner telefonando pra Sparks) e inevitáveis, sem tretas internas. Apenas quando perceberam q ñ ganharam dinheiro com nada daquilo.

Desculpem o spoiler.

Além disso, mostra o quão se surpreenderam com alguma ascensão: turnê na Inglaterra (onde foram levadas muitíssimo a sério) e o auge delas aqui, no Hollywood Rock 1992, em q tiveram o maior público da carreira, escolta policial e fãs gritando da porta do hotel.

Achei bacana e melancólico ao mesmo tempo. Sincero demais, imagens de época preciosas (incluída Donita Sparks arriando o short em tv ao vivo – devidamente captada pelo câmera – na Inglaterra). Depoimentos graúdos de gente grande da época, muito coerente.

Banda de certo modo incompreendida – pq ficaram em limites entre estilos – inclusive por elas próprias. Pra mim, faltou uma assessoria melhor, pra tudo: entrevistas, fotos, lançamentos. Ñ foi exatamente uma trajetória de “ascensão e queda”, pq ñ obtiveram a primeira. Mas a segunda aconteceu.

Termina falando da volta delas. É um spoiler e ñ é ahah

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Outra indicação de tempos covid 19.

Tempos em q estou aproveitando a obsoleta tv a cabo (ñ, ñ tenho Netflix!) pra atualizar e rever filmes. E volta e meia esbarrar em pérolas como este “Lugares Escuros”.

Convidativo apenas por ter Charlize Theron (mulherão da porra existe?) e Chlöe Grace Moritz, mas mais ainda pela temática sombria e pesada.

Resenha no site Telecine assim descreve a película: “Libby Day, uma mulher que sobreviveu ao massacre de sua família quando criança, é obrigada a confrontar os eventos da trágica história depois que Lyle Wirth e um grupo de aficcionados decide reinvestigar o caso”.

Uma chacina ñ solucionada (ou equivocadamente resolvida) e uma sobrevivente às voltas com uma vida estagnada, a meu ver muito bem caracterizados. Mas o ponto pra indicar, totalmente oitentista, é q em algum momento surge o “satanismo do heavy metal” como possível catalizador do massacre.

E assim temos adolescentes ali fãs de Misfits, Slayer, Mercyful Fate, Venom e Celtic Frost com pôsteres nas paredes, ostentando camisetas (sempre novinhas nesses filmes), vendo clipe de Twisted Sister na tv e blasfemando obscenidades satânicas em cadernos. Ñ é algo crucial tanto assim na trama, mas tb ñ comparece como elemento difamador.

Assim: ñ me ofendeu constar ali.

Mesmo com cena de sacrifício ritual de bois, com direito a machadadas e sangue na cara. Um bom filme. Ainda q desagradável e incômodo.