SLOWLY WE SMILE
Obituary no Rio de Janeiro, 17.11.17 [abertura Gutted Souls e Siriun], por märZ
Era uma típica sexta-feira na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro: os bares de temática samba/bossa nova lotados, muita gente circulando, turistas gringos, locais, gente jovem, bonita e sarada, cabeludos e camisas pretas… No… wait!
Pois é, num espaço de 100 metros um do outro, Circo Voador e Teatro Odisséia disputavam os camisas pretas com Zakk Sabbath e Obituary, respectivamente. Optei pelo segundo. Na fila para entrar, que corria pela calçada de um dos vários barzinhos com música ao vivo, ouvi do grupo à minha frente: “lá no Circo hoje só vai dar coroa e naftalina” – com meus 48 anos talvez estivesse na fila errada. Ao fundo, um trio tocava “Chega de Saudade”, de João Gilberto. Profético?
Já tinha estado no Teatro Odisséia antes, para ver os alemães do Kadavar dois anos antes. Lugar pequeno, palco minúsculo, perfeito para se ver bandas de metal com um certo grau de intimismo. Cheguei logo após a última de duas bandas de abertura e nem sei seus nomes. Tenho a impressão que não fez falta.
Pouco após as 21h, entra no palco um grupo de 5 rednecks cabeludos e barbudos, sorrisos no rosto, todos de preto. Apertados no palco 5 x 3, detonam canção após canção. Som ótimo e no talo, cadência lenta, cabelos voando, sorrisos e mais sorrisos enquanto John Tardy urra sobre morte e desespero. Trevor Peres era o comunicador da banda, ocasionalmente indo ao microfone entre canções para dar um alô, elogiar a cerveja, sorrir e rir de tudo. A performance de todos é irretocável, com destaque para o baterista Donald Tardy e sua levada característica, com ocasionais e desconcertantes inversões de tempo.
Uma hora e meia depois, fecharam com “Slowly We Rot” e acabou tudo.
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Comprei o cd novo, importado e digipack, por 30 cruzeiro. Cobicei a camisa oficial, mas os 70 mangos me desanimaram. Entre os mais ou menos 300 presentes, umas 15 garotas. Todas acompanhadas. Predominância de camisas death metal: Krisiun (várias), Obituary (óbvio), Possessed (a minha – presente do amigo Colli), Sepultura (“Morbid Visions”) e também Dark Angel, Sabbath, Judas Priest, Kreator, Marduk etc.
Foi uma noite agradável, apesar de tudo ter acabado muito rápido. Saí do clube e caí na cacofonia da Lapa. Peguei o Über e logo estava de volta à Ilha do Governador, surdo e com fome. É isso.
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Setlist – 1. “Redneck Stomp” 2. “Sentence Day” 3. “Visions In My Head” 4. “A Lesson In Vengeance” 5. “Chopped In Half” 6. “Turned Inside Out” 7. “Find the Arise’ 8. “Straight to Hell” 9. “Turned to Stone” 10. “Dying” 11. “Brave” 12. “No Hope” 13. “‘Till Death” 14. “Don’t Care” 15. “Slowly We Rot”
Marco Txuca
22 de novembro de 2017 @ 00:56
A resenha me causa uma impressão muito boa sobre a banda:
parecem ser uns veteranos q já desencanaram de ficar ricos ou conquistar o mundo. Ñ me ocorre ainda, mas há outras bandas assim. Gostam de tocar e fizeram a vida (trampo, família) ao longo duma carreira q nunca chegou a terminar.
E aí, vêm ao Brasil ou saem em turnê apresentando a obra, consistente e profissionalmente, e visando sobretudo se DIVERTIR.
300 pessoas pra vê-los, fora dos EUA? Lucro. Cerveja de graça, algum cachê, lugar pra dormir. Ótimo. Daí terminam o show tb meio surdos e com fome, passam às cidades seguintes (com tudo pago) e voltam à Flórida com estórias pra contar e tudo bem.
FC
22 de novembro de 2017 @ 10:46
Agora imagine o textão (ou videozão) se certas divas e lendas do “metau nacionau”, que jamais moveram o bumbum sequer até Osasco ou São Caetano, fizessem show para “só” 300 pessoas.
Jessiê
22 de novembro de 2017 @ 12:52
Taí uma banda de death metal que eu tenho muita vontade de ver ao vivo e em cores. Mas me diga marZ não rola uma desafinada com aquele tanto de grito? Nem a cabeça fica inchada com o ataque sonoro? Fui num show do Manowar certa vez me deu enxaqueca mas não pelo volume do som e sim pela chieira.
Outro detalhe parece que o público carioca não curte muito ir em massa, desde sempre me parece assim (exceção rock in micareta e afins), ou será que no outro da noite tinha 1000?
E vou além 300 cabeças pagantes conseguem bancar um show internacional, mesmo sendo do Obituary??? Passagem internacional estadia, sei lá.
Tem muito tempo que não faço isso ir num show pequeno/médio em lugar desconhecido (não seu caso), distante e sem cicerone local. Bons tempos.
Marco Txuca
22 de novembro de 2017 @ 13:19
Impressão, Jessiê, é q São Paulo ainda paga a turnê. Obituary tocou sexta no Rio (com preços menores q aqui), daí sábado aqui na capital e aí domingo em Limeira (interiorzão), onde deve ter lotado demais.
Preços aqui em SP: pista inteira/1º lote (200), meia pista (100) e pista promocional 1º lote (sabe-se lá o q é isso, a 110). Em Limeira, o q estou conseguindo apurar é q o meio-ingresso foi 92 foratemers.
Por outro lado, parece q o valor de meio-ingresso de último lote foi de 17 (DEZESSETE) foratemers… Sei lá.
Imagino q a banda tb ñ deva ficar em hotel 5 estrelas ou exigir comida gourmet. O máximo q pode acontecer, como no caso desse bar em Limeira, é “compensarem” o rombo oferecendo noites de bandas autorais e covers posteriormente, sem pagar cachê.
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Acabei de fuçar outra coisa: o roteiro da turnê sula dos caras. Tocaram em Vitória quinta (16), no Rio sexta (17), SP sábado (18), Limeira domingo (19), daí pularam pra tocar ontem (21) em Buenos Aires, tocam hoje (22) em Assunção e sexta no Chile. Prejú os caras ñ vão ter, no máximo empatam ganhos e gastos. E se divertem, no q deve ser o mês de férias dos trampos dos caras.
märZ
22 de novembro de 2017 @ 18:56
Paguei 115 cruzeiro na porta, e achei justo. Tenho curiosidade em saber o cachê duma banda desse porte.
Quanto a eventuais desafinos, não percebi nada. Som e performance impecáveis.
Marco Txuca
23 de novembro de 2017 @ 09:12
Justo, justíssimo. Tenho q todo show desse, de pequeno a médio porte, deveria custar isso. Sem os migués de “meia entrada” (pra custar o dobro), “pista VIP” e tal.
No máximo, com promoção social, tipo quilo de alimento pra instituições etc.
Jessiê
23 de novembro de 2017 @ 19:58
70 na média vezes 300, 21000. Muito pouco, mesmo se somar os penduricalhos (breja, comida). Sai imposto, locação, segurança… Cara é prejú na certa, ou tinha patrocínio da BR, Prefeitura? Sonhei…
Marco Txuca
24 de novembro de 2017 @ 02:48
Se muito, patrocínio de estúdio de tatuagem, de loja de instrumento, esse tipo de patrocínio…
Marco Txuca
26 de novembro de 2017 @ 20:53
Algo a ver com a conversa:
https://whiplash.net/materias/news_797/234442-mikeportnoy.html