CANNIBAL CORPSE
Carioca Club, 14.05.22
E eu nem lembrava mais como era ver um show.
Muito menos como escrever sobre um. O último tinha sido em 13 de março de 2020 (aquele festival com D.R.I. fechando, no próprio Carioca), véspera de quarentena decretada por aqui. Por isso começo por aresta periférica, embora essencial:
Turnê latino-americana ainda ñ encerrada. 20 shows em 26 dias. O de sábado, o 8º em 10. A ñ ser q haja um backing track perfeito, como é q o pescoçudo George Corpsegrinder Fisher agüenta?
Assim: é o destaque do show. Tecnicamente falando, presencialmente tanto quanto. Até pq os outros todos ñ se mexem ou interagem com o público (Rob Barrett, meio hippie velho, às vezes acenava em fim de música. Mas podia ser pra distencionar a munheca). De minha parte, minha atenção ficou focada em Fisher o tempo todo.
“O Freddie Mercury do death metal”, segundo Björk? Sim. O melhor gutural do metal, e já tem tempo.
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Tem presença e carisma tb. Entraram no palco, ñ falou um “a”: simplesmente apontou pro peito – usava camiseta do Krisiun – e a galera ovacionou. Só foi dar um primeiro alô já era passado o 4º ou 5º som. E tudo bem.
Erik Rutan tb “vestia” Krisiun e a camisa do Cannibal Corpse como se estivesse na banda desde sempre. Pat O’Brien ficou pra trás mesmo.
Platéia chamou atenção pelo monte de mulher. Linda. Presente. Muitas acompanhadas, mas distantes do “namorada de headbanger só acompanhando”. Berrando junto, fazendo air guitar e reconhecendo os sons, o q meu Google insistia em ñ conseguir identificar ahahahah
Quando foi q as mulheres começaram a curtir death metal? Acho q estava ouvindo Meshuggah e ñ percebi.
Fisher percebeu isso (do mulherio) e fez uma graça. E dedicou a elas “Fucked With A Knife”. Politicamente incorreto? Tvz. Mas ninguém ali na platéia era serial killer (acho), então deixa quieto.
Estava tão “destreinado” em show q ñ reparei a hora q começou (foi pouco após as 20h) e em q terminou (provavelmente às 21h30. Pq 15 minutos depois já estava no metrô, mandando aúdios e fotos pra amigos no celular ahah). Considerando q foi uma hora e meia total, posso atestar:
a banda é uma máquina de moer carne. Precisão técnica, sem saída pra bis, tocando direto o q pareceram 18 sons. Às vezes ficado no escuro entre som e outro, sem ninguém vindo ao microfone pra nos “entreter”. Algo q pode chatear um ou outro.
Mas, considerando q o pescoçudo ñ tem backing vocal em nenhum momento, é o q parece a rotina deles em palco.
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Reconheci alguns sons, por serem anunciados – “The Wretched Spawn” e “Unleashing the Bloodthirsty” – outros por captar o refrão – “Evisceration Plague” e “I Cum Blood” (senti falta do “backing Google female voice” em português ahahah) – outros ainda por ñ me recordar q existia, e me surpreender: “Devored By Vermin”. Foi absurda, e parecia mais alta. Pq a galera cantou junto.
Melhor música do show. E já era a 15ª.
Rolaram uns papinhos ainda, Fisher perguntando se queríamos ir pra cama dormir, elogios ao Krisiun, agradecimentos do tipo “I love you, without you ñ haveria Cannibal Corpse etc. – e nada de pagar de meiguinho hipócrita-Hetfield. Até pq ñ se registrou nascimento ou aborto durante o show.
Até onde soube.
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Rodas aconteceram do meio pro final. Com mulherada entrando junto.
E, acabando a última nota da última música (adivinhem?), entrou um áudio dum som country (Google captou: Charley Crokkett) falando de balada de sábado à noite ahahah
Galera ñ ia embora, meio esperando (em vão) um bis, meio sabendo q ñ viria, mas impactada com tudo e demorando a assimilar a pancadaria. E eis q Fisher volta ao palco pra dar risada, dublar os country, jogar palhetas e set-lists pro pessoal, e ainda toalhas molhadas (se secava à Elvis Presley e as jogava prum povo q as disputou).
(gore, né?)
Fui lá pra frente tb, pra ver se fotografava um set-list, achava alguma palheta, baqueta, perna necrosada ou dedo desmembrado, mas só achei um anel. Sério.
Um puta show. Suficiente pra q um terço dos meus encostos tenham dissipado naquela atmosfera suada e atordoada, mas nunca ominosa. Voltei moído pra casa, com camiseta comprada na porta e pensando q se tocassem domingo, eu voltaria.
PS – sobre banda de abertura, apenas digo: inveja do pessoal em BH q teve o Test abrindo.
Set-list: 1. The Time to Kill Is Now 2. Scourge Of Iron 3. Inhumane Harvest 4. Code Of the Slashers 5. Fucked With A Knife 6. The Wretched Spawn 7. Gutted 8. Kill Or Become 9. I Cum Blood 10. Evisceration Plague 11. Death Walking Terror 12. Necrogenic Resurrection 13. Condemnation Contagion 14. Unleashing the Bloodthisty 15. Devoured By Vermin 16. A Skull Full Of Maggots 17. Stripped, Raped And Strangled 18. Hammer Smashed Face
“bis“: 1. Saturday Night 2. Welcome to the Hard Times 3. Run Horse Run
FC
19 de maio de 2022 @ 17:02
“Quando foi q as mulheres começaram a curtir death metal?” – o advento de Nervosa, Crypta e da mina do Torture Squad não pode ter sido uma influência bacana nesse sentido?
märZ
19 de maio de 2022 @ 17:15
E é por isso que eu acho massa banda de rock hard metal com mulheres. E quando a música é boa, melhor ainda.
André
19 de maio de 2022 @ 17:31
Parece que o set list é o mesmo para toda a turnê.
Lamento muito a saída do Pat, mas o Erik Rutan é monstrao. Além de ser o produtor dos canibais.
Marco Txuca
19 de maio de 2022 @ 22:00
Sobre a influência feminina, falava isso com o Leo esses dias: acho q sim, mas me parece ser algo meio anterior. Tipo Arch Enemy, ñ?
Acho q Nervosa, Crypta e Eskröta (a Puertas, ñ sei) devem legar influência daqui pra diante. Vai ter bem mais banda de mulher. E qualquer página de Instagram e live de Facebook já tem amostras significativas de mulherada tocando (ñ só cantando) pra caralho.
Essa guitarrista q entrou pro Crypta periga ser melhor q a holandesa q vazou.
Agora no público, reitero: mulherada cantando junto, reconhecendo os sons, às vezes até mais fãs q o namorado/marido. Um puta tapa na cara do banger isentão Roadie Crew q lambe Nando Moura e Régis Tadeu e q acredita em Noturnall.
Se bem q esse pessoal ñ sai do apartamento, do Manifesto, nem do YouTube, então nem se ofende.
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Quanto ao set, André, acho q sim. Mas ñ comparei com os dos outros shows por aqui. E o de SP ainda ñ estava acessível.
Ao mesmo tempo, algo q é profissional. Duvido o Corpsegrinder ter hd cerebral pra decorar letras e linhas melódicas (sim!) q estejam sem ensaio, hum?
Erik Rutan achou a banda. De tabela, produz. Mas vez ou outra a banda requisita outros produtores, o q torço pra q continue rolando.
Dá uma diferença entre os discos.
FC
20 de maio de 2022 @ 15:24
Acho que Arch Enemy deu o estalo, mas ainda era somente uma única mulher entre quatro caras, numa banda estrangeira.
Bandas brasileiras com todas as integrantes mulheres têm mais relevância nesse sentido.
Marco Txuca
20 de maio de 2022 @ 19:27
Em tempo: a foto do palco pedi pro autor pra usar, e foi autorizado. Da página Krisiun Army do Facebook, de autoria de Leandro César Evangelista.
André
21 de maio de 2022 @ 13:03
Pelo que notei, o set list é o mesmo ou quase o mesmo pra todos os shows no Brasil. Tb não julgo a banda por isso.
O lance da mulherada em show de metal é decorrencia de algo iniciado lá nos anos 90. Espero que só aumente.
Marco Txuca
21 de maio de 2022 @ 13:41
Concordo, André. Vem dos 90’s, pq não é uma mulherada novinha. Tirando as neo punks vegano-feministas q seguem Surra, Manger Cadavre? e Eskröta, é tudo gente mais trintona, quarentona (tinha umas “tias” ali q… uau), q provavelmente começou gótica com Nightwish, After Forever, Lacuna Coil e até Lacrimosa, e q continuou a trajetória no metaaaal.
Geração Crypta, Nervosa, Hatefulmurder vai render bandas e público daqui pra frente. E q sejam muitíssimo bem vindas.
Quem não gostar, q fique em casa se masturbando assistindo Nando Moura.
Leo
21 de maio de 2022 @ 18:44
Alguns pontos:
1. Massa demais voltar a ver resenha de show aqui.
2. Cannibal é sempre um PUTA show.
E sou desses que acredita que a regularidade leva à perfeição. Então, tudo absolutamente normal em repetir o mesmo setlist, até pq difícil alguém ir a dois shows da mesma turnê – e, se for, é pq é fã no nível de não se incomodar com isso.
3. Sobre essa nova geração de mulheres no metal, minhas hipóteses:
A. Uma parte começou curtindo bandas de vocal feminino no final dos 90 – e pessoas como Angélica (Hatefulmurder) tinham o Arch Enemy como referência.
B. Algumas já são filhas de pai headbanger – Fernanda Lira é uma.
C. Uma parte tb é geração Slipknot, que tb fez sucesso entre mulheres.
D. E ainda tem uma geração entre essa que está tocando e a que está começando a curtir metal com as bandas brasileiras que já não ouviu mais CD e que vai pulando de banda em banda procurando aquilo que é mais extremo.
E o ciclo vai formando uma base de fãs ainda maior, que vai trazendo outras mulheres, que se vêem representadas não só pelas artistas nacionais, mas pelas nacionais.
Esse país, se ainda existir daqui uns 10 anos, tem tudo pra ter uma cena foda de bandas femininas.