VULCANO
Sesc Belenzinho, 29.09.23
Admito: fui pra achar ruim. Pra falar mal. Por curiosidade antropológica de conferir quem seria o público do Vulcano em 2023, e consequente contraste com o público do Black Pantera, q assisti no início de setembro. E pq a 12 reais, até show ruim.
(mas nunca show do Korzus nem do Shamangra, q a 12 centavos eu pediria troco)
****
Faltando meia hora pro início, parecia vazio. Não me dei conta da galera do lado de fora enchendo a cara no bar ao lado (cultura headbanger raiz?). Repleto de veteranos por ali, tvz eu fosse dos mais novos. Banda mais nova em camiseta era o Slayer ahahah Não: apareceu um banger com Troops Of Doom, outro com camisa do Crypta. E um metaleiro tiktoker (famoso pra bolha dele) ali deslocado, mais pra ser visto do q pra estar lá.
Ninguém de sites ou revista oficiais. Por q não havia credenciamento? Tanto faz. Acabou enchendo.
Bem mais q Eskröta e The Mist recentes; menos q Crypta, Krisiun e Dorsal Atlântica. E mais, comparando, q Black Pantera. Pq outro público mesmo. Exemplo: mulherada presente, aquelas tiazonas com cinto de bala e provavelmente iniciadas no metal com Doro Peste e Leather Leone.
Todo mundo começa no metal com quem quiser, permanecer parada no tempo tb é opção. Mas ninguém fuleirão, no final. Só gente mais velha mesmo, das q tem pouco rolê pra ir.
****
E o Vulcano veio bem a caráter, nesse sentido: bateria de 2 bumbos vintage, zero backdrop no palco, tampouco som de introdução. Entraram no palco juntos, afinaram um pouco as guitarras, baterista fez contagem no chimbau e mandaram pau.
E foi um puta show. Uma hora e meia à moda antiga. Nenhum som emendado no outro, sempre uma pausa pro vocal contextualizar, falar umas gírias tchaptchura, e tudo bem assim.
O som estava impressionante tb. Old school demais: tudo ALTO e audível. Técnico de som deles mesmos, soube aproveitar o equipamento. Há muito tempo não saía surdo – há anos meu ouvido já não apita, aliás – dum show.
***
E o maior destaque achei a participação do ex-vocalista, Angel. Q era previsto cantar uns 3 ou 4 sons e ficou mais. Vi true chorando ali na pista, de verdade.
E com razão. Continuou dividindo os vocais com o “novo” em outros sons, de boa. Ora o microfone ia pra platéia, tb de boa. Ora levavam pro técnico de som entoar refrão. Foda.
E a presença desse Angel achei quase sobrenatural: poderia ter sido um encosto invocado pelo Gangrena Gasosa e teve mais voz e presença de palco aos 60 anos (a comemorar no dia seguinte) q o vocalista titular. Q não é ruim.
Melhor som, disparado? “Death Metal”. Hipnótica.
****
Meu ponto é o seguinte: tecnicamente são toscos. Mas aperfeiçoados na tosqueira. Teve hora com uma “atravessada”, mas demonstraram ser banda entrosada e ensaiada. Tvz pq tocaram no Setembro Negro outro dia tb, mas não aparentaram ser banda q ensaia só quando arrumam show. E tá cheio de banda assim. Ponto pra eles.
Outra coisa: são underground de verdade e por vocação. Sem mimimi, falar de “cena”, de “dificuldade”. E na beirada pro amador ruim, o q não são. Não soam paródia. As músicas em Português não soaram constrangedoras, muito pelo contrário. Tampouco o público presente.
Meio q todos ali vindos dum outro tempo, sem nostalgias tóxicas ou apologias demagógicas. Apenas um bando de gente, banda e público, irmanados pelo metal. Chupa, Manowar. Todo mundo voltou à realidade logo após, e faz parte.
Como tvz um dia o metal brasuca imaginariamente tenha sido. Como um show de metal brasileiro tem q ser. Deram aula.
Até q eu encare algo do mesmo nível, ou superior, este ano, o melhor show nacional de 2023. Mais até q o Ratos de Porão na Virada Cultural. Pelo som, pela coerência. Por me calarem a boca. Pelo todo.
märZ
4 de outubro de 2023 @ 11:39
Fico genuinamente feliz que tenha gostado. O Vulcano não merece porrada, merece aplausos. Banda seminal, inovadora, ousada. Afinal, quem em 1985 fazia black metal no mundo? Venom? Bulldozer? Contextualizando, eram pastiches mal tocados de Motörhead. Vulcano fazia o que viria a ser o black metal moderno, antes de todo mundo.
Não ficaram maiores porque eram sim, mulambos (Sepultura também era, mas tudo mudou após a entrada de vocês-sabem-quem). E tomaram decisões estéticas e musicais equivocadas (já escrevi sobre isso aqui). Infelizmente, perderam o bonde, foram atropelados por outras bandas. Mas influenciaram muita gente aqui e lá fora (são cultuados na Escandinávia).
Vi show deles em 2014 ou 16, algo assim. Puta show. Arregaçaram, parecia uma avalanche. E “Witches Sabbath” é um dos maiores hinos do metal nassionau.
André
4 de outubro de 2023 @ 18:44
Fiquei até empolgado pra conhecer a horda.
Leo
4 de outubro de 2023 @ 22:36
Estou no time do André.
Eu já ouvi uns ou outra música. Não me empolgou. Mas deve ser banda de show pelo que vocês dizem. Na próxima, eu não perco. Rs
André
5 de outubro de 2023 @ 21:32
Eu já sou mais de ouvir álbuns que ir a shows. Então, fico na primeira opção msm kkkkk Mesmo não sendo entusiasta dessas hordas oitentistas brazucas