MAIS Q UMA LOJA

Viajar dum Estado a outro pra ver um show? Expediente pra lá de conhecido, praticado até hj. Mas e viajar de busão de BH a São Paulo pra comprar discos de heavy metal, com “vaquinha” da turma, pra voltar no mesmo dia?

Algo comum nos 80’s, inimaginável atualmente. Como juntar monte de fã na porta duma loja pra trocas de fotos ou de reportagens recortadas de revistas importadas, dos EUA e do Japão; às vezes de fotos de foto, vendidas, pra se fazerem “pastas”. E pra ver apresentações de bandas gringas, de graça, em vhs. Pela vitrine.

Todo sábado acontecia. Aqui em São Paulo, aquele era o lugar.

A loja era a Woodstock. O proprietário, o lendário mas tb simplório Walcir Chalas. A loja tá lá até hj, mas se vende camiseta, é muito. (E só pode ser pq Walcir ñ paga aluguel, ou é dono do ponto). Já viveu auge, e decadência iniciou nos 90’s, e ñ por “culpa do grunge“, como um mané ali depõe.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=nkL1siDgJcg[/youtube]

O documentário “Woodstock – Mais Que Uma Loja…”, passa vez ou outra num canal a cabo, e nunca tinha encontrado no You Tube pra replicar. Reprisou domingo último, no q aproveitei o ensejo pra rever e recomendar por aqui aos amigos.

Um tanto longo – quase 3 horas totais – e repleto de depoimentos (Max, Andreas, Iggor, Felipe Machado, André ‘Pomba’ Cagni, João Gordo, Gastão Moreira, cara do Exhort, sujeito da RC, freqüentadores e freqüentadoras habituais) e de imagens de época, valiosas.

Alguns momentos de destaque pra mim são a revelação de a EMI Brasil ñ saber o q fazer com os discos do Iron Maiden (anos antes de 1985), a efêmera-quase visita de James Hetfield à loja (em 1989), as tardes de autógrafo com Venom e Exciter (1985), Motörhead (1988) e ainda de Ramones, Fight e Sepultura, já nos dias “Chaos A.D.”.

Acompanhar essa história toda é contemplar saudosismo e nostalgia, mas pra mim tb testemunhar o fim de algo q poderia ser e ñ foi. A “cena” de amigos, amadora e restrita, mas tb sanguínea, q ñ bifurcou ou profissionalizou em algo mais consistente. Bandas de metal eram bandas de metal, pouco importa se gringas ou brasileiras. Gostava-se igual.

O “metal nacional” é uma piada de mau gosto.