VIRADA CULTURAL

Garotos Podres (Casa de Cultura do Butantã)
Ratos de Porão (Casa de Cultura do Butantã)
Nação Zumbi (Palco Butantã), 27.05.23

Todo ano tem alguém q reclama q “falta rock” na Virada Cultural.

Só se faltou no palco Anhangabaú, principal, semi-cativeiro (cercado) e semi-privatizado (pra ter vendedores caros autorizados do lado de dentro). Pq este ano, fora os citados acima, teve tb Cólera, Kiko Zambianchi e Supla e os Punks de Butique.

Cadê a galera do metal nacional?
Terá rolado convite?
Terão declinado de convites?
Dignos (modo de dizer) representantes provavelmente pouco usaram metrô na vida, ou ñ têm anticorpos pra tocar no Butantã e periferias. Fodam-se.

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Fui assistir os Garotos Podres e o Ratos De Porão. Quando estava voltando, soube da Nação Zumbi e fiquei. E ñ me arrependi. Breves relatos.

Garotos Podres
Cheguei aos Garotos Podres meio na parte final. Mesmo roteiro do show no Sesc Belenzinho mês passado. Mesmas bazófias e traquinagens proferidas pelo companheiro Mao. Som tava ótimo, público entregue. Pena q perdi “Oi, Tudo Bem?” e “Vomitaram no Trem”. E de minha parte, sempre me toca o coração peludo aquela primeira estrofe de “Anarquia Oi”, um hino orwelliano à paranóia.

“Um dia vc vai descobrir q todos te odeiam e te querem morto, pois vc representa perigo ao poder”.

Mao pra ABL!

E por sinal, o livro dele/tese de doutorado sobre Cuba estava à venda no merchan por 50 lulas. Ñ teve Gado perto pra cuspir ou xingar, pq bolsonarista nem passou perto dali e teria choque anafilático só de VER um livro.

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Ratos de Porão
Estava numa expectativa monstra. Ñ os tinha visto ainda pós-pandêmicos (acho); shows de lançamento de “Necropolítica” foram ariscos e restritos. No domingo anterior, tocaram de graça com o Krisiun em Mauá, e ñ fui. Tocariam material de “Isentön Päunokü”?

Ñ sei dizer quantas vezes vi a banda, em torno de 10 tvz. Mas esta, se ñ foi a melhor, foi top 3, disparada. Sem nem conseguir ranquear as outras duas. 28 músicas em uma hora, passando por praticamente todos os discos – incluindo 3 de “Isentön Päunokü”, seção “RDP Vivo” (“Realidades da Guerra” e “Políticos Em Nome do Povo”) e até do “Guerra Civil Canibal” (“Toma Trouxa”) com JG debochando “quero ver bolsominion chorar” ahahah

O refrão de “Aglomeração” deve ter ecoado no Pico do Jaraguá.

Só ñ tocaram sons de “Massacreland” e dos 2 “Feijoada Acidente”. Boka e Jão estavam possuídos. O som estava pior q o Garotos Podres e foi melhorando, sem chegar no mesmo nível. Dane-se.
Gente ali sem condição de ver um show no Sesc (algo q confirmei em comentários de Instagram) se fartando. Crianças em ombros de pais, clima incrível e pacífico, ñ dava pra chegar próximo ao palco.

Lavei a alma.

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Nação Zumbi
Como citei no Instagram: “trupiquei no Terminal Vila Sônia e caí na Nação Zumbi“. Nem sabia mesmo q tocariam. E o palco foi outro, maior. Pq o público foi outro e tb maior.

Formação reformulada; depois soube por amigo q foi pro evento e estão ainda avaliando se seguem assim. Poderiam, de boa.

Sem Pupilo, Dengue e Lúcio Maia (o último, substituído por Neilton, do Devotos do Ódio. Os respectivos substitutos outros foram apresentados, mas esqueci), fizeram uma celebração, q misturou meus sons favoritos – já como Nação Zumbi – e hits pretéritos da fase Chico Science (“Manguetown”, “Banditismo Por Uma Questão de Classe”, “Maracatu Atômico” ao final).

Tocaram uma instrumental monumental, parecia nova. Jorge Du Peixe explicou, mas ñ o entendo cantando, falando ainda menos ahah Muita mulher no rolê, cantando junto. Muita fumaça canábica, q nos punks eram mais galera a álcool. E a sensação, após uma hora de show, de q faltou coisa.

“Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada” é minha favorita e berrei junto. Aquela batucada, com o som ajeitado q estava, beira o irracional. Indescritível. Tribal. Muito muito muito legal.

Tanto q saí do vagão do metrô na volta: uns hipsters, entre travestidos, bêbados e emaconhados metidos a engraçadinhos, insistiam em bater mal num pandeiro e cantar alguma musiquinha da moda. Saí na estação seguinte e esperei o próximo trem.

Depois da Nação Zumbi, o mínimo esperado era um SILÊNCIO respeitoso. E necessário. Fiz o meu.