VALE 5 CONTO

“Unweaving the Rainbow”, Frameshift, 2004, ProgRock Records/Hellion

Coisa q acho bizarra nos nerds q praticam prog metal é a patente falta de interesse pelo sexo oposto.

Ou mesmo sexo. Ou por qualquer sexo (o q ñ inclui masturbação)… Pq só isso me explica a razão de, após adquirido algum nome ou $ (se bem q nunca ouvi falar de progger, inclusive no Brasil, q fosse pé-rapado), os sujeitos – outra curiosidade, jamais sujeitAs – nas horas livres… montam outros projetos prog!

O Frameshift aqui encaixa nisso, com um agravante adicional: é da centena de projetos prog tocados por gente de 2º ou 3º escalão desse ecossistema (ou Chain é banda luminar nesse caldo rococó?) q apela a músicos mais renomados pra ajudar a promovê-los e trazê-los alguma luz. O 2º álbum, contando com Sebastian Barbie cantando, apenas confirma a premissa deste “Unweaving the Rainbow” inicial, q contou com James LaBrie (vulgo Gralha) do Dream Theater como auxílio luxuoso. Ou pistoleiro de aluguel.

E o supermúsico líder da coisa – elemento ESSENCIAL em projeto prog q se preze – é um certo Henning Pauly, q fora compor os sons (embora ñ sozinho) e produzir a bagaça, tb tocou guitarras, violões, baixo, piano, B3, sintetizadores, warr guitar (cuma?), banjo, percussões, loops e orquestrações. Deixou o Gralha fazer vocais e co-compor sons (jamais letras) e legou a bateria a um certo Eddie Marvin. Um cara chamado Nik Guadagnoli, fora ajudar Pauly nos arranjos vocais (reforçando do Gralha ser um convidado. Se bem q no DT parece ñ ser muito diferente ahah), nalguns sons faz baixo, stick e tb solos de guitarra.

“Unweaving the Rainbow” contém outra sacrossanta característica de projetos paralelos prog: é disco cabeça, com temática inteligente. De modo a agradar o público cativo e, a nós outros, tornar mais cultos. Ñ chega a ser álbum conceitual, dos de historinhas lineares, mas é sobre teorias genéticas e neo-darwinianas dum acadêmico chamado Richard Dawkins (muito prazer), coisa devidamente explicada na rebarba do encarte.

O lado bom do álbum é soar fluente, coeso e pouco cansativo, ainda q extenso em seus quase 80 minutos, e com raríssimos sons gigantes – apenas 3 dos 15 sons excedem 6 minutos! – enquanto q o lado inevitável (e ruim aos detratores de plantão) é soar bastante Dream Theater. (Pudera: a despeito dos rulos, das pentatônicas e dos slaps, LaBrie é A CARA daquela banda). Momentos “A Change Of Seasons”, o som (como nas “Above the Grass” 1 e 2, q abrem e fecham o álbum), momentos levemente “Awake” (como de quebradas em bases de solos – embora ñ exatamente intrincadas, pq Portnoy tvz cobrasse royalties – em “Spiders” ou “Arms Races”. Ou ainda lance “The Silent Man”, como “Your Eyes”) e até lance, infelizmente efêmero, “Train Of Tought” (o início soturno e pesado de “Arms Races”) se fazem notar. No entanto, a quem ouvir distraidamente, “Unweaving the Rainbow” soará próximo a “Octavarium”.

Poucas são as quebradeiras presentes (a ñ ser q muito sutis, o q ainda ñ consegui atentar) ou chupadas de estilo dos músicos da matriz prog metal: a bateria, fora alguma timbragem, em nada lembra o estilão Portnoy (nem havendo qualquer momento de 2 bumbos); o baixo, quando mais densificado (como em “Message From the Mountain”), ñ o é a la Myung, e a única coisa explicitamente chupim de John Petrucci é o solo fritador em “Spiders”. No q tange aos teclados, predominantes – vários sons têm mais de 1 solo deles (às vezes com teclados diferentes, o q achei legal) – uma assinatura própria de Pauly se faz notar, e se algum tecladista DT o influenciou, parece ter sido mais Kevin Moore.

No entanto, nem tudo é DT por aqui, havendo partes levemente fusion, outras setentistas (“Off the Ground” parece conter um Hammond), outras só prog. No todo o álbum vale a ouvida (ñ o achasse, soaria incoerente com o q apontei acima da ‘coesão’ da obra), mas os sons q sugiro maior destaque são: “River Out Of Eden” (com sinuosidades tecladísticas q fogem às caminhas e mesmices a q estamos já acostumados), “Nice Guys Finish First” (de início quebrado, bem dreamtheatriano, apenas diferente por soar mais “feliz”/pra cima, pelo solo de teclado e pelas harmonizações vocais bem Queen) – na parte dos sons q menos parecem com os da banda do Gralha – e “The Gene Machine” (mesmo com breve tempero eletrônico), “Arms Races” e “Cultural Genetics” (ainda q com peso e saturações vocais atípicas pra DT), nos de maior veia teatral-onírica.

Quem é nerd, já tem ou ouviu; quem ñ, vale deixar de tomar duas brejas pra adquirir “Unweaving the Rainbow” nalgum balcão de usados ou de ofertas.

****

CATA PIOLHO CLXXI – ñ chega a ser um chupim literal, daqueles de se pegar nota por nota, sendo mais algo próximo à MÉTRICA (ou sei lá como chamar isso. Exemplificando: como no “Death Magnetic” recente, q o Metallica fez várias passagens q remetem a vários sons das antigas), assim: o riff principal em “Prophetic Revelations”, do Pestilence, soa inequivocadamente calcado no de “South Of Heaven”, do Slayer.