O MELHOR DA FASE…
por märZ – escrito sexta-feira à tarde
Estou ouvindo “Quadra” pela terceira vez enquanto escrevo essas linhas. E já dou spoiler: o disco é muito bom!
Não me defino como uma das muitas viúvas dos irmãos Cavalera espalhadas mundo afora, apesar de sempre ter sido implacável com os erros do Sepultura atual – porque sempre houve acertos, também – e fico feliz quando uma das minhas outrora bandas do coração acerta no alvo.
Quem ouviu com atenção e isenção “Machine Messiah” já deve ter dado uma animada. Produzido pelo sueco Jens Bogren, trouxe uma banda mais solta e disposta a ousar mais. É um álbum coeso, muito bem produzido, com composições muito mais inspiradas do que 99% do que se encontra em trabalhos anteriores e pós “Chaos A.D.” (digam o que for, para mim “Roots” é um álbum fraco). Pois “Quadra” veio na mesma linha, produzido pelo Jens no mesmo estúdio, só que melhor. Mais ousado e intrincado em alguns momentos, alternando porradaria com experimentações envolvendo orquestras e corais.
Andreas aparentemente deixou – finalmente – de lado os solos “alavancados”, uma característica sua, e vem solando de verdade. Suas bases e riffs não devem nada a ninguém e muitas vezes fogem do lugar comum, sendo até surpreendentes. Paulo deve ter tido uma dor de cabeça enorme para gravar suas partes. Eloy é o que todos dizem: um monstro. Tentar descrever seu trabalho é chover no molhado; melhor ouvir.
E Derrick… bom, esse não mudou quase nada e nunca escondi minha antipatia com a performance do sujeito, seja em estúdio ou no palco. Mas depois do desastre que foi “The Mediator Between Head And Hands Must Be the Heart” – em boa parte devido à mix final – vem se acertando aos poucos. Ainda variando um pouco mais entre urros e melodias, e às vezes dá certo.
***
Detalhe: pesquisei e li 8 resenhas do álbum em sites de revistas gringas. Todas muito positivas. E não se trata de um beija-mão gratuito, pois quase todos os críticos fizeram questão de mencionar o quanto estavam descontentes e desanimados com a banda até recentemente. Eu penso que estamos vendo a seqüência de álbuns que deveria ter sucedido “Roots”: “Kairos”, “The Mediator…” – que não é ruim, mas mal produzido/mixado – “Machine Messiah” e, agora, “Quadra”. Esqueçam o resto. Ou coloquem outro nome de banda na capa.
Saldo final: melhor da fase Derrick (mesmo) e o baterista toca pra caralho (mesmo).