LOST IN THE OZONE
E quando o camarada da banda parceira da tua quase ferra (ou ferra de fato) todo o esquema por causa de leseira?
3 historinhas envolvendo o Maurício, ex-amigo (adivinhem) e ainda vocalista no Ministério Da Discórdia, banda autoral q foi muito parceira do No Class aí pelas presepadas (alguma delas, por ele causadas) na estrada. Coincidentemente, as 3 tendo Indaiatuba como cenário.
- World Tour Indaiatuba. SQN
Ñ lembro o ano, mas lembro q era época de Carnaval. Indaiatuba é uma baita cidade do interior (se bem q nunca fui q ñ pra tocar, e de dia), a 100 km daqui, daquelas com qualidade de vida enaltecida, vez ou outra constando de rankings de ‘melhor lugar pra viver’ etc.
Tinha 2 bares de metal onde No Class e Ministério da Discórdia conseguiam tocar, o Pirata’s e o Plebe. E certa vez, o Maurício encanou de marcar show das duas bandas no fds carnavalesco: num dos bares no sábado, no outro no domingo.
Leo conhece o sujeito, leia imaginando a voz: “vai ser do caralho, Txuca, vou marcar. Aí a gente já vai pra lá na sexta, fica no sítio do meu avô e faz os 2 shows”. Por ser cidade pequena (200 mil habitantes) e ter algum pé no chão, retruquei q ñ rolaria. O público ñ pagaria pra ver 2 shows iguais em 2 dias, e os donos dos bares ficariam sabendo um do outro e cancelariam. Resposta do cara: “ah, pára de gorar o esquema, Txuca, caralho. Vou marcar”.
No mesmo dia da conversa, me mandou mensagem q marcou. 2 dias depois, os 2 botecos cancelaram.
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2. cuidado pra ñ falir o bar
Na q foi nossa última vez no Plebe (depois acho a data precisa e posto aqui), na vez seguinte da vez em q tocamos com a banda “rock in rio” (post “Over the Top” aqui na pauta), Maurício estava marcando o evento e todo preocupado em pedir o cachê.
Eu falava pra ele q dava para pedir R$ 400 pro dono, 200 pra cada banda. Mas encanou q pedir 400 ia “falir o bar” (sic). Insisti, o mano ñ aceitou. Ficou de marcar, marcou. Fechou em R$ 300 as duas bandas. 150 cada.
Fizemos a noite, foi do caralho, muita gente, muita gente bebendo e no final, quando eu e Maurício fomos pegar o cachê com o dono, o mesmo, exultante, nos fala algo como: “pô, gente, foi muito foda hoje. Lotou, vendi bastante cerveja, vcs foram muito foda. Tanto q vou pagar 400 em vez de 300. Tudo bem pra vcs?”
Queria ter podido ver a minha cara olhando pra cara do Maurício.
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3. acertar as contas e deixar as calças
Numa das vezes em q tocamos no Plebe, acho q a 2ª vez No Class e Ministério da Discórdia lá, num dia em q aqui em SP o Judas Priest fazia show com Whitesnake no Anhembi (e um amigo, Eric, estava lá e ficava me mandando sms o tempo todo – “pô, tão tocando ‘Turbo Lover'” e etc.), os caras do Ministério estavam bebendo e comendo pastel (o quitute disponível) descontando da grana do cachê. Vai vendo. Imagina na Copa.
Ñ sabiam eles q nós, desde muito, combinávamos entre a gente o seguinte: gastar com bebida ou lanche onde tocávamos, sai do bolso de cada um. Nada de gastar da grana do cachê.
Pq toda verba de cachê era guardada por mim – pão duro juramentado – pra usarmos em ensaios, gasolina e pedágios.
Era a formação clássica do Ministério, 3 bêbados de mão cheia: Maurício, Inácio (baterista) e Cotô (baixista). Os caras bebendo, daí tocaram, daí tocamos enquanto bebiam. Beleza.
No q acabava a noite e estava já guardando as ferragens no meu carro, chega o Cotô no maior migué: “Txuca, o dono lá tá pedindo pra vcs do No Class irem acertar as comandas de vcs”. No q respondi sem piscar nem virar pra ele: “não temos pendência nem comanda, tamos de boa”. Cada pastel, cada bebida, quitados.
Dia seguinte, já voltados todos a SP, fiquei sabendo q fora gastar todo o cachê em goró e pastel, o Ministério da Discórdia tinha ainda gastado mais dos próprios bolsos em goró e pastéis.
Viajaram 200 km em 2 ou 3 carros pra literalmente PAGAR pra tocar. Mas tocar metal autoral no Brasil ñ dá certo pq aqui é o país do axé e do samba. E pq as bandas cover roubam espaço.