Ñ É METAL, MAS RECOMENDO

Cowboy Junkies

“The Trinity Session”, Cowboy Junkies, 1988, RCA/BMG

sons: MINING FOR GOLD [traditional] / MISGUIDED ANGEL / BLUE MOON REVISITED (SONG FOR ELVIS) / I DON’T GET IT / I’M SO LONESOME I COULD CRY [Hank Williams] /TO LOVE IS TO BURY / 200 MORE MILES / DREAMING MY DREAMS WITH YOU [Waylor Jennings] / WORKING ON A BUILDING [traditional] / SWEET JANE [Velvet Underground] / POSTCARD BLUES / WALKING AFTER MIDNIGHT [Patsy Cline]

formação: Alan Anton (bass), Margo Timmins (vocal), Michael Timmins (guitar), Peter Timmins (drums)

participações especiais: Jeff Bird (fiddle, mandolim, harmonica on “200 More Miles”, “Misguided Angel”), Kim Deschamps (pedal steel guitar, dobro, bottleneck slide guitar), Jaro Czerwinec (accordion), Steve Shearer (harmonica on “I Don’t Get It”, “Postcard Blues”, “Walking After Midnight”)

Os alternativos, q ñ eram ainda os indies autistas, os hipsters invertebrados de mp3, nem os atuais roqueiros de micareta deslumbrados por vinis q freqüentam a Augusta, gostavam (de dizer q gostavam?) de Cowboy Junkies só por conhecerem a versão de “Sweet Jane”, enxertada na trilha do blockbuster noventista “Assassinos Por Natureza”.

Concordo ser uma boa versão – q a mim supera a original chatonilda – mas o álbum em q está contida, “The Trinity Session”, o 2º da banda canadense, passou batido em meio à hemiplégica badalação. Aparentemente, como toda a discografia da banda, ainda ativa e com mesmíssima formação (raridade), fora 23 discos e contando.

Em tempos atuais de Pro Tools e de discos gravados em casa, ñ deveria ser assim: lançado como álbum gravado em UM DIA (digitalmente), numa igreja em Toronto (Holy Trinity Church) e com UM microfone (Calrec Ambisonic Microphone), o mesmo exala melancolia sem afetações. Sons de matriz country e blues, sem estereótipos ou breguices, com a ótima vocalista Margo Timmins, de voz “pequena” e contida (ñ esperem mulher tacando vibrattos pra todo lado) pairando por sobre tudo.

No q cabe um reparo sobre o nome da banda: o “Junkies” pode sugerir, a desavisados de plantão, se tratar duma banda de roqueiros “muito loucos” e pró-legalização de drogas, coisa do tipo. Na verdade, parece referir-se ao efeito de suas músicas sobre quem as ouve: soam narcóticas, anestésicas, introspectivas, proporcionando viagens etéreas, quase como certas drogas, quase ainda como o Morphine, banda noventista de outra proposta, mas tb afim no “combo” nome + abordagem sonora.

“The Trinity Session” está tb citado naquele livro “1001 Discos Pra Ouvir Antes de Morrer”, mas poderia ser apreciado apenas pela beleza das canções e interpretações, das quais particularmente desconheço versões originais. E acho q nem quero.

“Mining For Gold”, na abertura, é a capella e arrepia. As de autoria própria, “Misguided Angel” (épica), “I Don’t Get It” (com um leve groove, quase animado) e “Postcard Blues” são minhas favoritas, embora o álbum tenha uma coesão q dificilmente ñ proporcione audições integrais.

Fuçando o Allmusic.com há pouco, pra pegar capinha e ler alguma resenha a respeito (onde capturei nomes de intérpretes originais de algumas releituras), li sobre um “Trinity Revisited”, cometido pelos próprios em 2007, auto-celebrativo e com convidados, mas tb reparador duma certa “inverdade” tornada “lenda” em 1988: a do álbum gravado “num take só”, uma vez q até o foi, mas com as participações especiais tendo sido gravadas posteriormente e daí acrescentadas à gravação como overdubs. Virou documentário, fizeram na mesma igreja e com as participações, algumas idênticas, nesta outra vez, ao vivo com a banda. Macula o mito saber disso, mas ñ a obra.

Álbum ideal pra dias de chuva ou de alguma depressão leve: o repertório aqui contido ñ puxa a pessoa mais pra baixo, muito pelo contrário. Tb presta-se a trilha sonora pra dias/noites de namoro enfurnados em edredon. Comprei o meu há ñ muito tempo a 7 reais num sebo aqui perto: dá vontade de voltar ao lugar e dar… mais uns 7 lá pro dono eheh

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CATA PIOLHO CCXXXVIII – “Metal Heart”: Accept ou Garbage? // “Art Groupie”: Grace Jones ou Voodoocult? // “Tora! Tora!”: Van Halen ou Raimundos?