RUSH

Meus preparativos pra este show foram: 1) faltando 1 mês, nada mais de ouvir Rush. Pra criar expectativas; 2) ñ, nunca, jamais olhar o set-list da turnê. Pq seria certamente o mesmo dos shows aqui, e pra ñ estragar surpresas.

Infelizmente com relação à 2ª medida, falhei um tanto: passando o link pra Patroa, pra q ela contasse o número de sons do show (foram 25, fora os 3 filmes), acabei vendo 1 (“The Spirit Of Radio” na abertura). Tb já havia desavisadamente lido q constariam “Time Stand Still” e “Presto” no repertório, assim como os 7 sons do sacrossanto “Moving Pictures”, a serem apresentados na íntegra e na ordem.

(e viva o Pink Floyd pela idéia gerada lá no “P.U.L.S.E.”!)

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A sexta-feira já seria um dia ingrato pra qualquer show, ainda mais lá na Bambineira – q fica longe pra cacete, fora de mão e sem metrô perto – quanto mais em véspera de feriado prolongado. Resultado: uma preliminar nada animadora de duas horas e meia de trânsito (com escala no trampo da Patroa) até chegar ao Panetone, fora a caminhada de meia hora de onde deixamos o carro (livre de flanelinhas) até o estádio.

Em lá chegando e entrando, ia entrando no clima adquirindo o Tour Book da banda, pro q já estava prevenido: 50 conto num livro de fotos (da turnê anterior, “Snakes & Arrows”) caprichadas, com direito a texto do próprio Neil Peart antecipatório do “Clockwork Angels” a sair ano q vem. Com direito a idéias, conceitos e prerrogativas.

Lojinha mercenária de merchan oficial com direito a camisetas a 70 contos (!! – esperei a saída pra pegar a minha na rua, a 25) e até a calcinhas com logo da banda.

Frustração preliminar final: chegar na tal Pista Premium, com direito a pulserinhas, e q custou caro pra caralho e Ñ HAVER CADEIRAS. Monte de gente q pagou caro amontoada em pé. Pior pra Patroa, q é baixinha. Enfim.

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E falar de show da banda preferida é foda. Recorro ao mesmo expediente clichê da resenha q fiz do Therion: ñ haveria como haver show ruim do Rush. Nem q quisessem, os caras ñ conseguiriam.

Pq fui pra gostar, obviamente, mas o contexto e as situações deste 2010 me deixaram diferente em relação ao show de 2002, da turnê “Vapor Trails”, gerador do cd/dvd “Rush In Rio”. Ñ tive, como lá, um embasbacamento em relação ao Alex Lifeson (quando descobri q, sim, toca pra cacete) ou encantamento pra cima do God Lee e sua técnica pessoal de tocar baixo, coçando-o.

Ou pra cima de Neil Peart, de quem já gastei anos e seguidas audições decompondo, analisando, entendendo (mas jamais conseguindo fazer) e etc. O ESPANTO desta vez foi com a PRODUÇÃO do show: os caras ñ economizam num palco, em luzes, em som, em filmes, em vídeos e em pirotecnias.

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Nego fala q show da Banda Beijo gera lágrimas por conta dos fogos de artifício… Bah! Disneylândia isso. Produção de show do Iron Maiden tb é de responsa, mas trata-se duns panões gigantes arrastados pelos roadies pra lá e pra cá. E uns foguinhos em momentos ensaiadinhos estourando.

Produção dessa “Time Machine Tour” rushiana é dum outro patamar.Telão absurdo, em q mesmo as molduras eram projeções; amplis de guitarra meticulosamente cunhados pela Hughes & Kettner pra parecem rádios antigos; fumaças e fogos em momentos estratégicos (na nova, fodida, “BU2B”, davam impressão dum PALCO VIVO); piada interna de máquina de fazer salsicha no lugar dos amplis do God Lee; bateria toda desenhada pra parecer a um só tempo moderna e vintage, em q mesmo os pratos têm relógios desenhados. Uf!…

Peart em foto da turnê, ñ do show de sexta
Peart em foto da turnê, ñ do show de sexta

Mas nada disso seria porra nenhuma ñ fosse o SOM, q achei muitíssimo melhor ajeitado q em 2002: até os aros de caixa – como em “Stick It Out” – pareciam bater no peito; guitarras altas (embora em “Tom Sawyer” eu ñ tenha ouvido bem o Lifeson), baixo e vocais e teclados idem. E se ñ fossem os SONS.

“Time Stand Still” foi grata surpresa, assim como vibrar com o refrão “Sigourney Weaver and the places that surround me now” ahah; na seqüência, enquanto tocavam a ñ tão bem recebida “Presto” (fãs de Rush adoram odiar “Presto”, álbum, ainda), fiquei pensando no quanto esse álbum, q acho tão melhor – em sons e em som – q o incensado “Counterparts”, mereceria uma redescoberta geral… sobretudo pela faixa-título praticamente ter o mesmo molde mid-tempo das do “Snakes & Arrows” executadas e melhor recebidas, como a “Workin’ Them Angels”, chatinha, seguinte.

A 1ª parte do show, de 11 sons iniciais, ainda me agradou com a “Leave That Thing Alone” (no q valeu o torpedo do amigo Pagé!), executada sem brechas pra solo baterístico como da outra vez, “Stick It Out” (mesmo um tantinho arrastada em andamento, característica ao vivo do virginiano Peart, q puxa os sons um pouco ‘pra trás’ pra q, se acelerarem na empolgação, ainda assim fique no andamento original) e “Marathon”, única da fase tecladeira ostensiva tocada no show.

E despida daquele paredão tecladístico, q a deixou com uma cara mais visceral. No q percebi nos caras uma tendência a fugir, ainda q de leve, da rigidez de execução de outros tempos. Pois a mesma “Marathon” teve trechinho de volta ao vocal levemente estendido, assim como a “Presto”, em q Lifeson parece ter escolhido tocar uns riffs e ñ outros, deixando os sons com jeito quase espontâneo.

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foto por Helvio Almeida Rocha (orkut)

Aí veio o 2º filminho dos caras se zoando – interpretando o próprio empresário, p.ex – e dando o conceito da “máquina do tempo” da turnê. Q ñ foi o duma turnê nostálgica, de só tocarem sons das antigas, mas tb o de tocar músicas do presente e do futuro álbum. Ponto pra eles pela sacação. E daí veio o “Moving Pictures”, momento de maior comoção.

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Q nem foi de tanta novidade: 3 dos 7 sons já tinham sido tocados em 2002, e praticamente 2 é q soavam novidade (embora “Vital Signs” tenha sido tocada na turnê VT). “The Camera Eye”, jamais executada pelo trio ao vivo, é q foi o bicho. Era a q eu mais esperava tb.

E veio a contento, com telão complementando imagens e clima de fãs completamente entregues. Por outro lado, foi momento de eu perceber (ñ só eu, né, Cotô?) OS CARAS ERRANDO!

Na volta pro tema principal da música, lá pelas tantas, Peart voltou e sei lá qual dos outros 2 ñ voltou exatamente junto, ficando aquele átimo de 1 a 2 SEGUNDOS em q tiveram q se ajeitar, se encaixar.

Mesmo q tenha sido ensaiado isso (eheheh), achei do caralho. Pq derruba um pouco o mito da técnica e execução über alles. Peart tb se mostrou HUMANO em 2 instantes característicos de jogar baqueta pro alto, em q a mesma ñ voltou, ou caiu longe, e ele teve q catar outra!

Detalhes bestas de nerd fã.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8PhPO6rYYvE[/youtube]

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Passado o “Moving Pictures” executaram “Caravan”, nova, q ainda ñ consegui prestar a devida atenção (e q pra mim perde pra outra), e fecharam com “Far Cry”, desdizendo impressão sobre despojamento em “Marathon”, acima, já q munida de pedal harmonizador de vocal pra estrofe (dava pra ver God Lee o acionando e desapertando) e duma guitarra base misteriosa – ou seria o baixo assaz distorcido? – acompanhando o solo esquisito. Puta som, em q minha crítica vai a ñ terem tocado “The Main Monkey Business” ou “Spindrift” do mesmo álbum, ficando “Workin’ Them Angels” e a mais ou menos “Faithless” representando S&A.

O bis veio com “La Villa Strangiato” executada primorosamente inteira, e com uma introdução forçosamente datada, em tecladinho abafado (a la Men At Work) e batida claramente oitentista. Denotando humor dos caras em ñ ficarem reféns mesmo dos sons mais arrojados; e tb ñ incorrendo em erros de “piorar” as músicas cometendo medleys com as mesmas.

“Working Man” no final, é pra eles emblemática, e fechou o ciclo da máquina do tempo, por ser o som mais antigo do set. (Aliás, de sons setentistas, foram 4 só. Muita gente deve ter dado pela falta, mas eu achei legal). Contando com uma execução reggae até sua metade.

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No fim, foram 3 HORAS dum puta show, em q me desapontei apenas com a insistência duns sons q acho q poderia nem mais ter (“2112 Overture/The Temples Of Syrinx” – apesar da brincadeira caracterísitca, duns seres aparecendo com escada pra jogarem galinhas e gatos na máquina de fazer salsicha) ou q já dei meio uma enjoada (“Freewill” e “Closer to the Heart”, apesar da intro violonística belíssima nesta, q veio na seqüência do solo baterístico), e tb com o clima ali onde estávamos, repleto de gente ñ tão entusiasmada, gente perdida (muito filhinho/filhinha de papai ali só pq tinham grana pra tal, alguns mais entretidos em pegar cerveja a 5 conto dos isopores pentelhos de vendedores idem) e fãs de site nerd (o t4e) q pareciam mais entretidos em se verem por ali q com o próprio show.

Agora, é esperar o dvd. E torcer pra q venha com o impacto visual minimamente condizente com a EXPERIÊNCIA ao vivo deste show.