THRASH COM H CLASSICS

Pra arrematar a involuntária “semana Carcass” do blog.
Publicada originalmente em 23 de Julho de 2004.

.

blackstar-1870

SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA THRASH COM H

“Barbed Wire Soul”, Blackstar, 1997, Peaceville/Music For Nations

sons: GAME OVER* / SMILE / SOUND OF SILENCE** / ROCK’N’ROLL CIRCUS / NEW SONG** / GIVE UP THE GHOST* / REVOLUTION OF THE HEART* / WASTE OF SPACE / DEEP WOUND / BETTER THE DEVIL / INSTRUMENTAL*

**duplo asterisco: destaques absolutos

the cast of characters: Ken (drums), Carlo (lead guitar), Griff (guitar), Jeff (bass and vocals)

Saxophone on “Rock’n’Roll Circus” & “Waste Of Space” by Jenny Lamb
Brass on “Waste Of Space” by Martin Smith for Blasted-Horns
Tambourine and cowbell by Dave Buchanan
Additional laughter on “Smile” by Colin Richardson

.

FATO: ñ fosse o Carcass, ñ existiria o tal death metal melódico (aliás, queria saber qual o gênio do marketing q cunhou o termo, esdrúxulo e surreal – pra lhe acertar um belo chute no saco…), ou o som dos noventistas In Flames, Soilwork e, obviamente, Arch Enemy, ñ teriam as mesmas formatações tais como as conhecemos. “Necroticism: Descanting the Insalubrious”, um clássico de “death progressivo” (ah, tb arrisco cunhar rótulos!) e sobretudo o “Heartwork”, mais conciso mas nunca, jamais, menos violento e impactante, plantaram essas seeds of hate.

Quando o q se tinha era tosqueira, e bandas from hell tocando bem, por q ñ experimentar umas harmonias, terças, solos furiosos, músicas com várias partes? Fora a temática gore, bem mais sutil e “científica” (mas nem por isso pior q a mais caricata e doentia dum Cannibal Corpse). Quem ainda ñ conhece, é imperativo q o faça!

Corta pro Backstage de 2 domingos atrás. Em certa hora, o Vitão comenta: “ah, pessoas têm me mandado email pedindo, e perguntando sobre o Blackstar, e vou aqui tocar um som dos caras”. Pô, demorou pra me cair a ficha: o Blackstar era aquela banda de ex-Carcass, da qual eu tenho o único disco. Legal!… E aí, sem maiores informações nem enrolações – coisa rara no programa, ahah – rolou “Sound Of Silence”.

Uma das 3 melhores músicas de “Barbed Wire Soul”, junto a “New Song” (q, assim como a “Game Over”, Ñ SÃO covers de Nuclear Assault) e “Give Up the Ghost”. Daquelas de rolar e botar o repeat.

Pra fins didáticos: se por 1 lado podemos afirmar q o Arch Enemy funcionava até recentemente como a continuidade do Carcass “Heartwork” – e ñ à tôa, já q o Michael Amott tocou nos 2 clássicos supracitados – o Blackstar (contando com Jeff Walker e Ken Owen, mais o substituto do Amott, Carlo Regadas) apresentou neste seu único trampo a continuidade do Carcass “Swan Song” (afinal, só o tal Griff, do qual ñ sei prenome ou sobrenome, e q era do Cathedral, ñ o gravou – os outros ¾ se fazem presentes). Frise-se ainda a continuidade evidente no nome da banda, 3º som desse mesmo ‘canto de cisne’, e produção de Colin “ñ se mexe em time q está ganhando” Richardson. Nada assim digno dos maiores entusiasmos, mas tb ñ de maiores eufemismos.

***

Afinal, à exceção da fraca “Smile” – tentativa tosca e fosca dum hard blues setentista – e da comum (passa batido) “Better the Devil”, “Barbed Wire Soul” é um disco bem homogêneo, apresentando distorções mais contidas e um trampo de bateria bem comedido (só “Instrumental” tem 2 bumbos, e bem ‘sossegados’, em colcheias; tb são raras as viradas), exatamente como no Carcass da última encarnação. Minha conclusão é a de q se tratava dum promissor trabalho de estréia, no sentido de apostar q futuros lançamentos mostrariam aprimoramentos dos padrões por aqui decantados (vai saber tb se um som ou outro ñ era sobra da ex-banda…).

“Rock’n’Roll Circus” e “Waste Of Space” poderiam se caracterizar como quase experimentais, no sentido dos caras arriscarem sutilmente diferentes rumos e elementos. Ñ são ruins, mas contêm solos de saxofone e naipe de metais (na 2ª). (Bateu um déja vù do Helloween no “Chameleon”, mas logo passa)!… Mesmo assim, como nos melhores sons, sempre rola um riff agradável, um puta solo q se estivesse mais distorcido soaria melhor e mais destacado, licks, intros e variações interessantes (“Revolution Of the Heart” é outro exemplo), mesmo ñ sendo este um disco prodigioso em harmonias guitarrísticas (ñ recordo nenhuma), ou daquele vocal jeffwalkeriano típico, ocasionalmente fora de tempo e escarrado – até ele soa mais adequado e na manha.

Ñ há letras no encarte, o q é uma pena; mas dá pra sacar ñ haver nada gore (a própria matriz já havia abandonado a temática). O trampo gráfico é interessante, dum tal Dirk Rudolph, q fez os melhores encartes do Kreator (“Cause For Conflict” e “Outcast” – e fazia Coroner tb, salvo engano), e é muito baseado em Hyeronimous Bosch, da hora.

E o dado triste e ironicamente CLÍNICO é o de a banda haver parado em função dum avc sofrido pelo Ken Owen. Quem me contou – e depois fui confirmando em outras fontes – a respeito foi a Estela (Infect), q trocava uns emails com o gringo. Q eu saiba, o fulano ainda faz fisioterapia, foi estudar outras coisas e encontra-se impossibilitado de tocar. Se é por isso (motivo suficiente, aliás) q o Blackstar ñ seguiu adiante, resta torcer pela recuperação do fulano (baterista muitíssimo criativo), pra ver o q eles podem render num 2º disco…

Em tempo: “Instrumental” ñ é instrumental. No entanto, “Deep Wound” o é. E o final de “Game Over” (CATA PIOLHO inesperado) é bastante “Ace Of Spades”.

E consta a versão japonesa conter, fora as demos sortidas de sempre, versões da banda pra “Peace Dog” (The Cult), “The Girl Who Live On Heaven Hill” (Hüsker Dü) e “Running Back” (Thin Lizzy)…