DORSAL ATLÂNTICA

Sesc Santo André, 17.02.24

Show da (sim) Dorsal Atlântica envolve show e discurso embutido no evento. “Palestra com canja”, diria o amigo märZ.

O palestrante é Carlos Lopes (q eu prefiro tratar por Carlos Vândalo mesmo e ainda) e só quem nunca viu ou é metaleiro obtuso vai achar ruim.

***

Mas o engraçado é q, contando ao märZ domingo sobre o show, eu só lembrava do “comício” ahahah

Mentira: lembrei ainda q tocaram “Straight”, “música moderna, pq tem dissonâncias” (sic), pra não dizerem q não tocaram nada dos 90’s.

Vou ao ponto: Vândalo muito à vontade, nos tratando a todos como amigos próximos, num teatro repleto de assentos, mas não lotado. E isso não é defeito ou vergonha. Entrávamos quando estavam prestes a começar, e o sujeito falava alguma coisa sobre o Tim Maia.

Tirou onda com a “demagogia” dos shows: “vcs querem ouvir ‘vcs são do caralho?'”. Falou mal do Kiss, desancando “Dinasty” e “Unmasked“, chamando-os de discos bosta, pra quem era adolescente em 1979 e vinha do “Alive 2“. E disse q a Dorsal já tocara o lado B dele inteiro num show, certa vez.

Enalteceu Jeff Beck e citou “Wired” como disco icônico (como discordar?) num momento em q se confessou como um “sujeito sincopado” com dificuldade de tocar e cantar “Pobre de Direita”, q não rolou. Por ali tb entregou não conseguir mais tocar nada de “Musical Guide From Stellium” e “Alea Jacta Est“, feitos quando estudou guitarra demais pra fazer solos difíceis. Tb falou coisa desnecessária, metonímica ao assunto: q o pau dele não sobe mais.

Putz.

E música? Rolou tb. Uma primeira parte com sons mais recentes de “2012“, “Canudos” e “Pandemia” (não sei se tb de “Imperium“, não havia setlist), daí os sons mais antigos – entregou q não esperassemos nunca mais tocar “Álcool” e “Tortura”, por questões religioso-místicas – adiante, com “Armagedon” dedicada ao irmão Claudio, recém-falecido.

O ápice na “parte comício” do show foi quando entregou terem sido convidados pra abrir pro Exciter, no q o produtor teria imposto condição de músicas só de “Antes do Fim“. Ante a recusa de Vândalo em fazer assim, o tal produtor teria retrucado q “a cena é assim”.

Ponto épico: Vândalo teria treplicado um “tua cena é assim, a minha não”, declinando do “convite”. Frase pra fazer camiseta, como bem apontou o Leo.

E se alguém o fizer, quero duas.

***

O som estava muito bom, salvo os momentos da guitarra baiana de Vândalo dando umas travadas, às vezes no meio dos sons. Só q o baixista Alexandre Castellan e o baterista Braulio Drumond – discretos no todo – são realmente muito bons, demonstrando entrosamento fruto de ensaios e segurando a onda. Castellan fazendo backing e até vocais principais poucas horas.

Ponho cá uma crítica ao sujeito, crendo q ele possa ler e entender como meu único senão ao show todo: tvz em horas de não se ouvir bem no palco seja melhor pedir mais retorno à mesa do q mexer direto no amplificador, hum?

(ahahah)

Outro momento na fala, achei o q apontou antes de “Canudos”, do momento histórico inédito q estamos vivendo, com prisão recente de militares, já q “desde a Guerra do Paraguai estamos sendo tutelados por militares”, e isso seria um puta avanço pro Brasil. E isso eu não poderia concordar mais.

Enfim: hora e meia (durasse mais, ninguém cansaria) dum puta show de banda afiada e zero refém do passado, q trata o público como convidado/parceiro e q vai trilhando não tão mais sozinha um caminho ainda grávido e prodigioso de palcos e atitude.

[Divagação: me senti saindo do Sesc maior do q quando entrei]

Dorsal, Black Pantera, Surra (cadê esses caras?) e Ratos de Porão juntos num mesmo palco seria muito foda, sei lá.