MELHOR Q NETFLIX
A Galeria do Rock é um vórtex temporal, local alheio ao tempo e ao espaço, e eu posso provar.
Historinhas compartilhadas (presencialmente) com o Leo e (remotamente) com o märZ:
1. saído da SoWhat, onde passei pelo menos 40 minutos ouvindo histórias e dando risadas, trombei o Leo e fomos a uma loja no andar debaixo, a Rock Machine – q nem nome na porta tem mais, é a loja do tiozão grisalho q lê os preços nos cd’s com lupa – onde já tinha comprado os Amorphis e Soulfly novos.
Motivo da revisita: comprar o Rammstein piratex gourmet novo (citado aqui anteontem) e pegar um piratex de Osasco do Ramones (“Halfway to Sanity”, importado a 30 real) pro märZ. Q esperava no WhatsApp eu mandar coordenadas.
Mandei foto. Lacrado. Versão “importada”. E o amigo tinha me falado: “pede pro cara da loja passar o Pix q eu pago na hora”. Eu: aham. E ainda retornei a ele: “acho muito legal vc estar otimista com isso, duvido q o cara tenha Pix”. O amigo: “mas como? Aí é São Paulo”. Eu: aham. Galeria do Rock, parceiro.
Dito e feito: peguntei de Pix, loja ñ tem. Aliás, se alguma loja ali trabalha com Pix, chuto no máximo Die Hard e Baratos Afins. Resolvido: märZ me fez o Pix e eu paguei.
Adendo: o Leo resolveu pegar o Rammstein novo tb, filho único na vitrine q eu já tinha pegado. Vendedor tiozão: “volta daqui uns 10 minutos, q vai ter”.
Oi?
Voltamos dali 10 minutos e tinha outros tiozões roqueiros batendo papo com o dono, num quadrado de loja tipo 1,5 x 1,5. Podcast vintage veterano. Leo ficou puto, ñ levou nada ahah
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2. Fomos à Galeria vizinha, Galeria Presidente. Pq queria pegar um cd indie (Belle & Sebastian – mal ae) numa loja indie, a Velvet, dum careca cabeludo q já foi crítico da Bizz. André Fiori, acho.
Achei, perguntei. 20 conto. Vou pagar no débito, sujeito: “ó, essa semana minha maquininha de cartão falhou, então só tô aceitando em $$ ou vc indo à loja vizinha passar o cartão lá”. Nenhuma menção a Pix. Migué pra ver se eu pagava bolsoiolamente. Ñ.
Decidiu q iríamos à Zoyd, loja vizinha (já citada aqui uma vez), passar o cartão. E fomos os três, com Fiori deixando a loja aberta com 2 ou 3 clientes dentro. Chegando na Zoyd, dono ñ tinha ligado a maquininha ainda – entendam: ñ tinha vendido nada ainda às 14h no sábado.
Ligou maquininha, deixou iniciar, ficou de papinho furado com o dono da Zoyd, passei vintão no débito e fomos embora.
Falei pro Leo: “há 3 meses vim aqui e o cara estava com o mesmo papo – ‘máquina pifou, essa semana chega a nova’ – então ou seja: ele está vivendo de passar cartão na máquina do colega. A hora em q a máquina do colega bugar, ambos deixam de vender”.
A ñ ser q pague-se em dinheiro vivo. Inacreditável?
PS – na Rock Machine anterior, por reflexo e impulso o vendedor tiozão já punha o Rammstein na sacolinha da loja. Falei q ñ precisava, já estava com sacolinha – da própria loja – da compra anterior.
Aproveitei e perguntei se interessava a ele eu devolver algumas das sacolinhas, sem pretensão de pedir desconto. Sujeito se entusiasmou e topou. Uau. Faço isso vez ou outra na SoWhat. Com idêntica e satisfatória recepção.
André
3 de setembro de 2022 @ 15:20
Isso daria um quadro no Porta dos Fundos. Ou no Zorra Total kkk Ri demais.
Leo
3 de setembro de 2022 @ 16:37
GENIAL!
Esse relato é antológico!
Eu confesso que fiquei BEM impaciente com os tiozões que me falaram pra contar 10 minutos depois e, quando eu cheguei, estavam OS DOIS trocando ideia com um sujeito e “não arrumaram tempo” pra me atender.
Mas eu deveria ficar feliz por saber que existem pessoas que são anti-capitalistas nesse nível. Rs
Jessiê
3 de setembro de 2022 @ 17:23
Dá vontade de repostar… Mas deixa pra lá.
Meses atrás fui num sebo em Porto Alegre com milhares de cds. Tudo sem preço e misturado sem nenhum tipo de ordem ou estilo. Pra saber o preço só perguntando pro dono que responde por cima do óculos valores aleatórios. Pagamento exclusivamente em dinheiro.
Tem gente que acha charmosa esse tipo de aberração anacrônica.
Marco Txuca
4 de setembro de 2022 @ 21:27
Jessiê: tvz essa seja uma abordagem hipster do empreendimento. Gente q foca em colecionadores ricos e modistas. Tem uns sebos por aqui idênticos. Um na Teodoro Sampaio em q a dona, antipática ao extremo (nem dá boa tarde ou olha na cara do cliente), só põe preço nos cds baratos. Nos caros, zero.
Aí se vc pergunta de algum desses, vira amigona, começa a oferecer promoções etc.
Lugar é bastante conhecido pelos Colecionadores de Facebook. Já essa tosquice da Galeria já é mais a falta de atualização mesmo. Gente parada no tempo.
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Leo: anticapitalistas eram uns lojistas por ali nas épocas de “Load” e “Reload”. Lembro de ouvir gente me contando q quando alguém ia lá comprar algum desses, vendedores contra-recomendavam: “ñ leva, ñ. Pq é uma bosta” ahahah
Também na época em q saiu o black album apareceu lp de monte na Galeria. Metaleirada desistiu do Metallica e passou (doou tb) pra frente tudo por ali. O mesmo quando o Kreator lançou “Renewal”.
Anticapitalismo headbanger: ñ curti o novo, parei com os velhos também.
Marco Txuca
4 de setembro de 2022 @ 21:28
Adendo: acrescentei foto (puta foto) do local feita pelo Leo, q gentilmente nos cedeu.
Leo
5 de setembro de 2022 @ 09:58
Hahaha
Genial!
Mas é exatamente isso: quando brinquei com anticapitalista, o correto seria dizer pré-capitalista! Pq os caras são tão ruins de negócio que parece que não querem vender mesmo.
Aliás, anedota dessa manhã: passei com a Dani num boteco perto de casa para comer um pão na chapa e um pingado. “Bar e lanche Presidente”.
Sr. Francisco, com sotaque português, na casa de seus 80 anos, que trabalha lá com a mulher e uma funcionária disse estar lá há 35 anos, embora os ladrilhos, quadros, balcão, propagandas, indiquem que seja mais.
Na geladeira, estava colado um sulfite escrito à mão: “Não aceitamos cartão de crédito. Aceitamos PIX, dinheiro, cartão de débito. Obrigado.”
Curiosidade: em mais de um quadro, foto dele com Alckmin. Certamente, sr. Francisco não estará feliz por isso, mas, ano que vem provavelmente será o ano em que o Geraldo chegará mais perto do nome do boteco. Rs
Leo
5 de setembro de 2022 @ 10:23
Quanto à foto, é uma honra tê-la aqui!
André
5 de setembro de 2022 @ 11:50
Não sei o motivo, mas essa foto me lembrou filmes do Cinema Novo. Imagine o Glauber Rocha fazendo um filme sobre a Galeria do Rock kkk
FC
5 de setembro de 2022 @ 12:50
Acho que já comentei por aqui num post parecido, sem querer ser fanboy de loja, mas teve uma época em 2000, 2001, que eu só comprava na Die Hard e Hellion porque eram as ÚNICAS que aceitavam cartão.
Outra vez tentei passar uma compra no débito em uma loja que não existe mais e o valor do CD era apenas para pagamento em dinheiro. Deve rolar isso até hoje.
märZ
5 de setembro de 2022 @ 17:09
Galeria do Rock é um troço meio mambembe, né? Meio feira livre do interior, meio pastel de feira, pamonha de beira de estrada.
Leo
5 de setembro de 2022 @ 20:47
Acho que todos esses lugares aceitam pix, märZ. Rs
Aliás, até morador de rua aqui em SP, ao pedir ajuda, entendendo que a galera não anda mais com dinheiro, passa uma chave pix.
O povo da galeria é outra parada.
(e, no meu caso, não tem nada de elogioso ou saudosista na frase. é pura crítica mesmo!)
Marco Txuca
5 de setembro de 2022 @ 21:06
Melhor definição a do marZ. Mambembe. Mulamba. E sobrevivendo a Bostonaro e pandemia. Ainda é referência e ponto turístico: fds de show gringo aqui rola muita gente de fora passeando lá.
Falei por aqui uma vez (acho): comprei cds ali na pandemia em esquema “drive tr00”: avisava antes o Pedrão da SoWhat (q só começou a aceitar cartão de débito há uns 11 ou 12 anos), daí ia de carro até a São João (rua atrás) com $$ contado, ele me trazia no carro, eu pegava, pagava e zarpava.
Meio vibe traficante ahahah
Os caras me são muito gratos até hoje. Mas isso do Pix eu tb não posso falar muito, pq não sei fazer. Recebo, mas não aprendi (ainda) ahah
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FC: esse tipo de coisa acho q ainda rola. Na Rock Machine cds a 10, 15, 20 reais só costumavam rolar em grana viva.
Acho q o povo é tão precário e dependendo de trocado, q não faz débito às vezes pra não ter q esperar 2 dias cair em conta…
Leo
6 de setembro de 2022 @ 10:02
Eis o contrassenso, Marcão: é precário a ponto de não querer esperar, mas, se tivesse PIX, eliminaria o custo da transação do cartão e receberia na hora.
Sem querer parecer um amoedista de plantão, o problema desses caras não é a precariedade. É a tecnofobia.
Qualquer hora, vou lá oferecer ajuda a esses lojistas pra implantar o PIX em suas lojas em troca de CDs.
Na base do escambo, talvez funcione.