GANGRENA GASOSA
Centro Cultural Vergueiro – 31.03.18
43 anos nesta carcaça carcomida q ñ me permitem exagero: o show mais insano q já vi.
E o tempo todo da apresentação, duas idéias me ocorriam em loop:
- Brujeria (sobretudo ao vivo) é o caralho
- é o q o Sepultura poderia ter virado. E ñ virou
Sobre a segunda, comentava com o amigo märZ ainda na noite de sábado: o Gangrena Gasosa, pelo q apresentou, fez o Sepultura “Roots”/“Against”/“Nation” e o Soulfly parecerem – ainda mais – macumba pra turista. A sensação de q falta a Max Cavalera incorporar – ops – mais a coisa. E ñ só ter ficado no berimbau e no “porrada, mulambo, mané garrincha, zé do caixão, zumbi e lampião”.
Assim: aquela fuleiragem DESAGRADÁVEL do Gangrena já era. Banda reformulada, músicos tocando de verdade. Venda de merchan, fotógrafos e câmeras registrando tudo, disco novo lançado por crowdfunding (e ñ “crowdfucking”, FC!). Sobrou nenhum integrante original daqueles discos noventistas, “Welcome to Terreiro” e “Smells Like a Tenda Espírita”. Sobrou Ângelo Arede, ex-Dorsal Atlântica e carismático pra caralho, comandando a coisa.
Com receita até óbvia, de simples, q o Sepultura lá atrás poderia ter adotado: puseram percussionista na banda e o vocal cantava e tocava tb tamborim, pandeiro e ganzá. Tinha hora q a parte percussiva ficava impressionante. Metal.
Tudo ensaiado e roteirizado, incluídas as “vinhetas” de pontos de umbanda. Bradadas tb pela galera. Incluídos cosplays de entidades, com direito ao baterista (ex-D.F.C.) de diabo e cuecão vermelho. Tudo no limite do mau gosto, da zoeira e da provocação. Aquilo q algum metal brasileiro mais radical deveria fazer, representado fidedignamente. Ao invés de corpsepaint importado. Acharam o ponto!
(ops)
A seqüência de fotos (ñ minhas – da amiga dum amigo q foi junto) pretende demonstrar uma outra coisa: desde o 1º som, a galera foi invadindo o palco, sem volta. (Cliquem nelas, q aumenta). Mas sem treta e tb sem pisar na pedaleira do guitarrista-caveira. Gente inconveniente? Sim, pouca. Mas Arede lidou de modo genial com a situação: conforme cantava, ia pra cima dos caras e os empurrava de volta.
Sem muito sucesso, virou brincadeira, o pessoal voltava.
Detalhes outros: muita mulher, inclusive subindo ao palco. Crianças presentes tb, a ponto do baterista-diabo ter chamado 2 molequinhos ao palco – durante um som – pra dar baquetas a eles. Gente bangeando, mas tb agitando como nem os pastores da IURD conseguem imitar em seus tele-exorcismos. Gente possuída mesmo ahah
Gente carente de banda DE VERDADE, sem frescuras. Comentava com os amigos ali: o monte de banda de “metal nacional” daria chilique caso alguém cogitasse pisar no palco. Todo mundo sabendo todos os sons e cantando inclusive os do disco novo, “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta”, lançado em janeiro!
Arede terminou a apresentação sendo carregado pelo pessoal. Ñ dava pra ser melhor q isso. Ou, mesmo querendo, ñ daria pra continuar o show. Levantaram o Omolu novo tb. A percussionista tentava fotografar no meio da zona toda, rachando o bico. Arede subiu as escadas (o palco no Centro Cultural Vergueiro é no subsolo) e terminou tudo tirando selfies e misturado com o público acima. Parecendo aqueles vídeos antigos de Black Flag e Agnostic Front.
Tocaram “Benzer Até Morrer”? Tocaram. E foi foda. Fecharam com “Centro do Pica-Pau Amarelo”, mas eu na verdade nem atentava às músicas q conhecia ou ñ. Meio entrei no clima: me foi o primeiro show em muito tempo em q sequer bocejei ou olhei relógio pra ver tempo decorrido. Q foi de uma hora e 10, parecendo mais. O primeiro show em muito tempo em q ñ consegui achar defeito, a ñ ser o baterista precisar arrumar uma bateria maior, nem q ñ use toda, pra fazer vulto.
O Gangrena Gasosa achou a fórmula de seu crossover, com o adendo de ter um clima de show PUNK. Banda e público eram uma mesma entidade.
(ops de novo)
Trocamos idéia no fim com o guitarrista e o omolu, q estavam surpresos. E satisfeitos. Ninguém com cuzice e ñ-me-toque. Tirei foto junto até. Outra idéia em loop ocorrida: se os caras forem pra Europa (de novo) no ponto – ops! – em q estão, vão arrebentar. Gringo vai pirar.
Set-list:
No mais, comprei o cd. Legal, mas sem reproduzir a ENERGIA ali dispendida. Virando banda de verdade, como parece ter rolado, parece questão de tempo prum disco legal e verossímil sair.
märZ
3 de abril de 2018 @ 01:30
Eu não curto mas consigo ver o show disso levando europeu à catarse.
Jessiê
3 de abril de 2018 @ 21:03
Via de regra não curto bat-macumba. Não curti a banda lá em mil novecentos e farofa quando lançaram o 1.º, na verdade na época da demo, e nunca dei importância depois.
Já ouvi dizer que se trata de outra banda, pela resenha me pareceu promissor… Mas não sei se a ponto de tentar de novo.
Jessiê
3 de abril de 2018 @ 21:06
Fico pensando qual o perfil desse público para o show ter rolado da forma narrada? Ou se tratou tão somente de jogo de cintura da banda, ou será que é sempre assim? Geralmente isso funciona em show de punk, HC… Mas vez ou outra dá treta de algum tipo (principalmente tomar o microfone, empurrar, chutar pedal…)
Marco Txuca
3 de abril de 2018 @ 21:43
Banda de crossover, atitude punk. Anos-luz do “metal nacional”.
FC
4 de abril de 2018 @ 10:07
A impressão que eu tinha era de um precursor do Massacration, meio humorístico, mas vejo que mudaram o enfoque.
Marco Txuca
5 de abril de 2018 @ 00:48
Era zoneado, esculhambado, fuleiro. Continua uma zoeira, mas num patamar meio Garotos Podres. Falam sério e zoam.