ZAPPA POR ZAPPA
A dica documentarística (documental?) da vez é esta aqui:
Perfeito, me parece, como iniciação ao homem.
Pois tanto quanto os sons e maioria dos discos, o tanto de suas declarações e entrevistas era tb memorável. Quase uma outra forma de arte. Um frasista impecável, contumaz tirador de onda sem soberba, olhando no olho de quem o entrevistava. E parecia ser duro entrevistá-lo; pessoa tinha q ter gabarito.
Comentários ácidos dirigidos ao outro (qualquer “bola da vez”), lucidez ímpar em relação a si próprio e à obra, excentricidades, genialidade ñ admitida, confrontos com senadora na comissão do PMRC, entrevista debilitada em fim de vida e etc.
Tem quase duas horas, é um documentário formado por entrevistas e declarações dele mesmo a rádios, televisões, de participações televisivas (como a famigerada, nos 60’s, em q tocou bicicleta na televisão ao vivo), backstages de shows, ensaios de orquestra e onde mais ele ligava a metralhadora giratória verbal. Ñ há depoimentos alheios – de família, músicos, fãs, colegas, jornalistas: apenas Frank Zappa falando de Frank Zappa e das coisas. Da vida, dos dissabores.
Tentei postar algum link de You Tube por aqui, mas os q encontrei dão “erro” na hora em q tento ver. Vai ver é defeito do computador por aqui. Se ñ, vale ver no NOW, a R$ 11,90. Como eu fiz.
Perfeito tb a quem ficou sem Rede Tv! (SQN) por conta do sinal digital ahah
30 de março de 2017 @ 07:47
A versão que encontrou é legendada?
30 de março de 2017 @ 09:48
Pela dica. Vou ver a noite. E reitero a pergunta; a versão é legendada?
30 de março de 2017 @ 11:48
Sim, essa versão do NOW é legendada. Pq pra ouvir/entender Zappa em inglês tem q ser MUITO fluente na língua.
Detalhe outro: ñ precisa conhecer sequer uma música da obra dele pra curtir.
2 de abril de 2017 @ 20:20
Conferi agora. Que doc espetacular. Valeu mesmo pela dica, chefe.
Não tenho NOW, então tive que recorrer ao torresmo. A quem interessar, tem lá na baía dos piratas. Como hoje em dia tamanho não é problema (haha), recomendo a versão de 4 GB com a cópia íntegra do DVD – tem legendas em francês e inglês, inclusive nas letras das músicas, o que é sensacional… que letras!
Tópicos:
– “parecia ser duro entrevistá-lo; pessoa tinha q ter gabarito” – se o interlocutor não tivesse o mínimo de traquejo, Zappa engolia vivo. Teve um lá que certamente tinha outras expectativas, foi triturado e concluiu com um “eu sinto que há um profundo, permanente, irreversível cinismo em você”. heh
– ele contra-argumentando com a senadora Paula Hawkins na comissão do PMRC foi memorável. E virando o jogo convidando a mesma para visitar a sua casa… porra, jogada de mestre.
– a apresentação de bicicleta-noise (precursor do industrial?) no Steve Allen Show é acervo histórico. Legal também quanto foi o corte do diretor, saindo abruptamente do Zappa novo de terninho clean para o mesmo todo zoado, cabeludão e bigodudo uns 10 anos mais tarde.
– todas as cenas dele sozinho em processo de composição no piano lotado de anotações e partituras dão uma noção da psique do homem. Putz!
– curto muito ver alguns programas de entrevistas americanos dos anos 60, 70 e 80, no estilo “hard talk” com neurônios. Pena que no filme não são creditados nominalmente, mas há vários deles aqui, sempre com alto nível de conversação. Hoje Zappa teria sérios problemas em selecionar um veículo que seja na grande mídia. A cultura da ignorância/alienação impera absoluta.
– os músicos que tocaram com ele durante as décadas parecem tão insanos quanto.
– “Bobby Brown” #1 na Noruega. Com aquela letra. Caraio.
– Zappa gigante em Praga. Quem explica?
– tem uma candidata a groupie linda e doidinha pra fechar com o Zappa durante “Dinah-Moe Humm”…
2 de abril de 2017 @ 20:57
Deu um trampaço estilo Txuca, mas tive que copiar essas duas falas do Zappa pra posteridade:
“Let me quote to you from something that I prepare for Newsweek magazine, wich they have since rejected. I wrote this little article for the section in there that’s called ‘My Turn’ and the name of the article was “Say Cheese”. And the whole idea of the article is, we, as a nation, have chosen cheese as a way of life. Everything that we choose to do, we always have settle for something that’s cheesy, because of some economic expedient, and we’te too eager to believe when people tell us that budget-cutting is the way to salvation, that all we have to do is cut the budget of something, and everything will be okay. This is wrong. And we’re not concerned enough about the quality of our lives.”
“The thing that sets the Americans apart from the rest of the cultures in the world is we’re so fucking stupid. This country’s bee around for a couple hundred years, and we think we’re hot shit. And they don’t… We don’t even realize that other countries have thousands of years of history and culture, and they’re proud of it. And when we deal on an international level, you know, with foreign policy and stuff like that, and we try and go in as, you know, a big American strong country and all that stuff, they must laugh up their sleeves at us, because we are nothing. We are culturally nothing. We mean nothing. We’re only interested in the bottom line. You know, every other country has their own art, their own music, their own theater, their own drama, their folk dances, folk songs, folklore, and it means something to them, and they’re proud of it, and that’s their ethnic heritage. We have Levi’s, we have designers jeans, we have hamburgers, we have Coca-Cola, we have REO Speedwagon, we have Journey, we have this one, we have that one. And then we go out there and we say, ‘Yeah, but we also have neutron bombs and poison gas, so maybe that makes up for it.’ I mean, it’s really kind of sad when you evaluate it that way. And I think that a country that doesn’t do something to sustain its culture, whatever it is, doens’t invest in it, doesn’t keep it happening, isn’t proud of it, maybe they just shouldn’t exist, because it’s the culture and the beautiful things that a society produces, those are the things that should survive for thousands of years, not the designer jeans.”
3 de abril de 2017 @ 01:18
Vc se deu ao trabalho de tirar isso do doc? Tem no You Tube…
https://www.youtube.com/watch?v=88zvm7-fhKo
A parte em q ele retruca sobre o PMRC ser a porta de entrada pra uma Teocracia tb é memorável. Fora precursora de toda uma onda, sentida até por aqui, hum?
Tem essa versão aqui, em q ele musicou a questionário q os EUA impõem a quem quer entrar lá:
https://www.youtube.com/watch?v=qPPDrXHjJx8
3 de abril de 2017 @ 07:59
Nem olhei nada. Tinha acabado de ver. Que fique registrado nos autos então! rs
Muita coisa que ele fala sobre sociedade, política e música são absurdamente pertinentes. Ou ficaram, tempos depois de sua morte.
Ainda que, ao todo, me deu a impressão dele se “segurar” algumas vezes e preferir manter certa superficialidade, talvez pra não confundir demais a cabeça dos interlocutores. Fiquei boquiaberto.
E verei de novo outras vezes.
3 de abril de 2017 @ 22:52
Sabe “2001”, aquele monolito q ñ permitia a humanidade chegar a Júpiter, por ñ sermos ainda capazes?
Zappa foi esse monolito.
5 de abril de 2017 @ 15:59
Fato. Provavelmente discutirão o cara ainda por muito tempo sem chegar a um consenso…