Ô SE VALE 10 CONTOS

“Baby Animals”, Baby Animals, 1991, Imago/BMG-Ariola

sons: RUSH YOU / EARLY WARNING / PAINLESS / MAKE IT END / BIG TIME FRIENDS / WORKING FOR THE ENEMY / ONE WORD / BREAK MY HEART / WASTE OF TIME / ONE TOO MANY / AIN’T GONNA GET

formação: Suze DeMarchi (vocals), Dave Leslie (guitar & vocals), Eddie Parise (bass guitar & vocals – embora creditado no encarte como “guitar & vocals”), Frank Celenza (drums)

Baby Animals foi uma banda legal na hora errada. E vinda dum canto do mundo errado.

Tvz “errado” soe um pouco forte: surgiram antes da hora e ñ foram assimilados a contento. No q eu acho q deveriam, tivessem surgido 1 ou 2 anos mais tarde, no embalo das bandas q a indústria fonográfica foi desovando no rastro do grunge, como Stone Temple Pilots, Candlebox (quem se lembra?), Sugar Ray, Creed e mesmo o Silverchair, australianos como estes. E mesmo tendo nada a ver com grunge.

Tvz ñ tivessem acontecido mesmo assim: bandas de mulheres, vendidas tb pouco depois, como L7, Hole e Babies In Toyland, NADA tinham a ver com eles/ela. Pq tinham mulherada obtusa e destrambelhada, maloqueiras mesmo, nas formações. Muito menos os fronteiriços/fronteiriça do Garbage, de barulho, eletronices, alternativices e popices dignas de tese de mestrado. Baby Animals tinha Suze DeMarchi, ex-modelo e ñ só um rostinho bonito e uma gostosa de plantão.

Rostinho bonito, gostosa de plantão e uma vocalista/letrista peculiar. Cantava bem a moça, e com versatilidade. Baladas radiofônicas e sons pesados q compõem “Baby Animals”, álbum pra lá de agradável e pouco enjoativo. Q comparações q sites como o Allmusic.com fizeram dela com Chryssie Hynde, dos Pretenders, a mim ñ procedem, apenas atestando pobreza de referências. Como em tempos em q a Folha De S. Paulo encontrou influências de Cocteau Twins em Evanescense

DeMarchi tinha um voz mais soul, por vezes aveludada e levemente rouca, nada a ver com cantoras feministas de TPM de plantão tb surgidas à época, como Alanis Morrichata e as imitadoras q vieram na linha de montagem. Tb tem pouquíssimo a ver com vocalistas de metal q surgiriam mais tarde (bandas pó pó pó nórdicas, de vocalistas fadinhas) ou anteriormente conhecidas (Lita Ford, Doro Peste e Wendy O Williams); o q ñ desabona alguma influência de Joan Jett em “Ain’t Gonna Get”.

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A banda fez bem e mal (mais mal…) em ñ valorizá-la tanto no encarte: afinal eram uma banda – uma boa banda – e ñ Suze & músicos contratados. Músicos q conheciam bem do riscado: guitarrista com fraseados grudentos (“One Word” tem um tique meio Van Halen), backing vocals invulgares, um baixista seguro (vide “Big Time Friends”) e um baterista q, fora sentar a mão, volta e meia soltava algum pedal duplo (em “Rush You”, música de trabalho-mor, em trechos de “Waste Of Time” e em “One Too Many”, a la Motörhead). Denota-se bagagem e conhecimento de causa de todos os envolvidos: aquela banda de bar digna e decente. Ñ era pra estádio.

Estamos, entretanto, em 2013, e recomendar álbum soa inútil. Nego q se interessa ou lembra – fora eu e Colli, alguém mais? – vai querer indicações de sons, daí eu listar meus preferidos: “Rush You” e “Early Warning” (os mais radiofônicos, ñ no sentido baba pejorativo), “Working For the Enemy” e “One Word” (mezzo acessíveis, mezzo pesados, de rifferama peculiar e diferenciada) e as derradeiras “Waste Of Time”, “One Too Many” (DeMarchi toda lânguida, sexy – uh!) e “Ain’t Gonna Get”, a mais hardona e culhuda do álbum.

“Painless”, “Make It End” e “Break My Heart” funcionam em companhia feminina. Caso o rolo, a namorada, noiva ou esposa estranhe vc, tão true, ouvindo algo ñ tão pesado. Mas ñ propriamente light, como as bandas citadas no 2º parágrafo acima. HÁ PESO AQUI, embora pouco se vc for demasiado acostumado a thrash, death metal e grindcore.

Curiosidade adicional, a ver com heavy metal: responsável pela mixagem (ótima) do trabalho, um certo Kevin “Caveman” Shirley, q de “Shirley” só teve quando um dia produziu o Dream Theater. No mais, uma banda hard sem farofa e singular q ñ durou muito, a despeito dum álbum de retorno, sem alarde, “Il Grande Silenzio” (de 2008) – no You Tube há trechos de shows em festivais em 2011 – e q na seqüência deste lançou apenas “Shaved And Dangerous” (1993), q nunca ouvi mais gordo. Ou gorda. Ou magra, alta e sexy posando tocando guitarra no encarte e no videoclipe de “Rush You”.

Curiosidade desnecessária, provavelmente a ver com a efemeridade da banda, foi Suze ter se casado com o paspalho do Nuno Bettencourt em 1994, com quem parece estar ainda hoje, mais os 2 filhos tidos no relacionamento. Uma lástima.

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CATA PIOLHO CCXX – quase 2 anos atrás (out/11), apontei no C.P. da vez um chupim q The Exploited cometeu do Metallica velho, salutar influência pros caras por sinal. Desta vez é o momento de apontar a salutar influência deles a outras bandas: “Blown Out Of the Sky”, de 1990, parece razoavelmente chupinhada pelos irlandeses do Therapy? no hit “Trigger Inside”, cometido em 1994.