QUANDO AS LUZES SE APAGAM

por Jessiê Machado

Quando as luzes se apagam, fico pensando: “além da música, o que me move como passatempo (que sequer disponho para ser passado), são os filmes e os quadrinhos”.

(alguém fala assim ainda? A tal 9ª arte me soa esnobe e uma criança jamais falaria isso)

Pra mim, os quadrinhos certamente vieram primeiro do que a música (metal, melhor dizendo) e filmes (de uma maneira ampla), com meu pai e meu irmão. Meu pai era 30 anos mais velho do que eu, e meu irmão 8.

Lembro de ter começado com a turma da Mônica, e gostava do Cebolinha e seus planos infalíveis e me identificava com o Chico Bento, pelas minhas ligações com o campo. Isso eu devia ter uns 5 ou 6 anos de idade, aprendendo a ler mesmo, lá em 1980/81. Coisa boa a turminha nesta época. Clássico em cima de clássico.

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Lembro-me de um dia específico quando meu pai apareceu (ou já tinha lá em casa, não sei) com dezenas de quadrinhos que ele gostava, principalmente Zagor, Tex (era o que ele mais gostava) e Conan. O bárbaro foi meu Black Sabbath e me apresentou a um mundo espetacular e maravilhoso. Foi um pulo para outras centenas de personagens ali nos 80’s, quando a Marvel reinava na Abril com seus primeiros passos, e ainda uma coisa ou outra da Ebal, e todo mês me fazia procurar um erro pra ganhar o cata-piolho, que nunca escrevi, só não conseguiu fazer a ponte com o Manowar. Ufa!

Interessante que no meu caso específico sempre gostei dos personagens sem poderes, principalmente Demolidor (meu preferido), Batman e, futuramente, Constantine (mais pra charlatão). Tinha pavor de Capitão América, Super Homem e afins, apesar de devorar tudo, mesmo que fossem em tiras de jornais. Mas curti muito a complexidade dos X-Men (quando era “xis-men” e não “ecsis-men”).

Além dos heróis, sempre admirei a riqueza dos vilões, inclusive um grande herói precisava de um grande vilão, e nesse ponto ninguém ganhava do Batman: Coringa, Charada, Duas-Caras, Pingüim, Espantalho… uma infinidade. No caso do Demolidor, o Mercenário e o Rei. Sem falar da riqueza do Justiceiro e da Elektra. Todos personagens densos e que vão muito além de dominar o mundo, alguns até verossímeis dentro de suas inverossimilhanças.

E o que dizer do Conan? Um herói, um vilão ou um anti-herói? Se perguntado, diria: “sou um cimério, por Crom!”

O cimério me faz lembrar o Arnold. Grande filme, o primeiro. Imortal. Ao que me parece, a Ciméria poderia ter sido a Áustria, dada a atuação. Pena q Roliúdi não curte muito esse tipo de bárbaro do norte e só fez lambança posteriormente. Amaldiçoados sejam!

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Em compensação, perdoado todo o marketing, zilhões arrecadados a cada jornada, imprecisões, absurdos, ver vários personagens que li, reli, curti, odiei, tomarem forma com vigor e robustez diante dos meus olhos no cinema é algo que achei não ser possível, haja visto as tentativas patéticas desde que nasci, excetuando alguns acertos como o filme do Coringa (aquele primeiro, com o Jack Nicholson) e a trilogia do Morcego, pra citar uns poucos.

Vejam só: a D.C. abriu a porta e perdeu o fio da meada.

As luzes se acendem e penso comigo: “cara, esse filme do Thanos é bom mesmo. Pena que certamente vão chamar o Shenlong (se errei a grafia, perdoem: não é minha área, mas no pensamento a pronúncia estava certa. Garanto) “no Thanos II e fazer um final feliz, claro”. É igual achar que continuar “Matrix” seria uma boa idéia.

Não foi spoiler (acho).

 

PS: se até o Hulk tem problema de ereção, tá tudo certo.